IF Sertão-PE se pronuncia oficialmente sobre morte de aluno e explica que luto ocorreria apenas no curso

por Carlos Britto // 20 de setembro de 2013 às 06:20

A assessoria de comunicação do IF Sertão-PE se pronunciou oficialmente sobre a morte do estudante de Computação, Marcelo Vasconcelos Rodrigues, vítima de leucemia. A resposta refere-se ao fato de a instituição não ter decretado luto oficial pelo falecimento do aluno. De acordo com o instituto, a paralisação das aulas deveria acontecer apenas no curso ou na turma, conforme foi feito em outros casos.

Através da diretora de Ensino do campus Petrolina, Maria Leopoldina Veras Camelo, o diretor-geral do IF Sertão-PE, Artidônio Filho, lembra dos esforços que a instituição empreendeu para ajudar no tratamento de Marcelo, inclusive com campanhas para a doação de sangue. De acordo com ela, em nenhum momento o instituto negou apoio ou faltou com respeito aos familiares e ao próprio estudante.

Vejam:

Nota de esclarecimento

Prezados alunos, servidores e familiares de Marcelo Vasconcelos Rodrigues.

Sentimos bastante a morte de Marcelo, aluno dedicado, pessoa alegre, amiga, que contagiou a todos, mesmo com uma doença grave que lutava há mais de 10 anos e não demonstrava qualquer sentimento de raiva, rancor, mágoa, desespero, para quem vivia constantemente com a probabilidade da morte tão perto.

Peço a Deus que conforte sua família, amigos e namorada, neste momento de dor, pela perda de ente tão querido, carinhoso e companheiro em todos os momentos da sua vida, que possa descansar em paz e que na certeza que deixou muitos amigos e um exemplo de luta e lealdade aos princípios da boa convivência e superação. Que sirva para todos nós a sua lição e possamos viver em paz, harmonia e equipe, buscando o bem do próximo e de nossa instituição, que não nos esqueçamos de orar por Marcelo e aplicar esta maneira simples de viver, mesmo com o contrário, pois ele é necessário, porém devemos ser justos e coerentes nas ações e atitudes.

Queríamos que Marcelo ficasse conosco por muito tempo, mas Deus sabe o que é melhor, o levou para seu lado e temos agora que conviver com sua falta.

Como diretor-geral e sabedor da leucemia que o corroía, nos solidarizamos com a família, os amigos, os servidores e os alunos, nos mobilizando com o apoio das servidoras que ficaram na linha de frente – Anna Wanessa, Ana Tereza, Sueli, Leopoldina, Tássia, Adriana, Marcio e Daniella Juliana, que não mediram esforços para amenizar o sofrimento de Marcelo e mobilizaram alunos e servidores para doação de sangue, que nosso motorista levava para o Hemope. Agradeço a todos que participaram deste ato de coragem, solidariedade e fé.

Recebi a ligação de Lucas Emanuel no meio da tarde do dia da morte de Marcelo, cobrando da direção geral uma nota de pesar, o fechamento da instituição e um ônibus para levar os colegas para o enterro em Recife, que estava marcado para as 17h deste mesmo dia. Argumentei que o ônibus não seria possível, por estar em viagem com os dois motoristas, que a nota de pesar já tinha enviado para a servidora Nalba publicar, porém, devido ao fato de estarmos sem acesso à internet, durante grande parte do dia ficamos assim impossibilitados. Contudo, no início da manhã, a servidora Anna Wannessa o fez por iniciativa própria, já que é servidora e desempenha o papel de coordenadora da SAE. Não poderíamos fechar a escola por entraves legais, pois existem as normas que determinam em que situação isso pode ocorrer, mas se o sepultamento fosse em Petrolina, certamente iríamos disponibilizar a van para levá-los e não haveria as aulas. Informei também que a turma da sala de Marcelo poderia pedir para não ter aulas e seria acatado pelos professores e por nós, da Direção Geral e Diretoria de Ensino.

O argumento que o estudante usa de que na reitoria morreu um parente de servidora e esta fechou, realmente foi dada ao servidor a liberdade de poder comparecer ao sepultamento e, portanto, não teria expediente à tarde deste dia, que faríamos o mesmo se o enterro de Marcelo (ou qualquer outra pessoa da comunidade do campus) fosse aqui em Petrolina.

Durante esta luta de Marcelo contra a morte, oferecemos através da servidora Ana Tereza os nossos préstimos no que fosse possível e conseguimos, inclusive, com o vereador Zenilton que o corpo fosse transportado para Petrolina, mas a família agradeceu a nossa atenção e achou melhor sepultá-lo em Recife.

Portanto, Lucas Emanuel, peço desculpas, sei que posso ter cometido alguma falha nesta situação. Se você achou que sou frio, insensível e nada fiz, digo-lhe que como gestores fizemos o que estava ao nosso alcance, porém existem burocracias no serviço público que impedem atitudes sem amparo legal e de forma intempestiva (por gentileza verificar o Decreto no 70.274, de 9 de março de 1972). Contudo fiz algo que todos deveriam fazer: pedir para Deus confortar a todos, em especial a família, e seguir o exemplo de Marcelo, construindo e não destruindo.

Peço que use sua inteligência para ser equipe, criticar, participar, interagir, opinar, mas em especial construir juntos, buscando o melhor para todos, ou para o coletivo.

Estou à disposição para qualquer esclarecimento que possa ter, mas vamos ser proativos e não destrutivos. Precisamos pensar muito e agir com coerência, com razão, mas movidos para o bem coletivo, e não pelo individual, buscando sempre a legalidade.

Reconhecendo onde falhei, venho decretar 3 (três) dias úteis de luto oficial a contar desta sexta-feira 20 de setembro de 2013, ressaltando que o luto é em sinal de respeito ao estudante falecido. Logo, não recomenda atividades festivas, poderá ter bandeira hasteada a meio palmo, tarja preta na entrada da instituição e para as pessoas que voluntariamente quiserem usar, mas conforme legislação, não poderemos suspender as atividades regulares institucionais.

Petrolina, 19 de setembro de 2013.

Artidônio Araújo Filho/Diretor Geral (IF Setão-PE)

IF Sertão-PE se pronuncia oficialmente sobre morte de aluno e explica que luto ocorreria apenas no curso

  1. Desculpa esfarrapada disse:

    Essa nota não diz muita coisa para os familiares do aluno, nem tampouco para os familiares. O que mais me chamou a atenção nela, foi o fato do diretor ter que apelar para um vereador da cidade a fim de poder trazer o corpo do aluno para sua terra natal. Isso é vergonhoso, senhor diretor!
    Será que essa instituição, os amigos, os docentes não poderiam trazer o rapaz sem ter que mendigar apoio de vereador? Afinal, quem estava se mobilizando a instituição ou o político? É lamentável essa desculpa.

  2. Professora Maria disse:

    Eu sou professora e trabalho em instituições públicas e privadas. Em diversas ocasiões em que veio a óbito um aluno da escola ou funcionário, sempre sabia que seria passível de passarmos por três tipos de situação: a da instituição liberar os funcionários e alunos, a da instituição liberar apenas a turma cujo aluno era matriculado e a da instituição seguir com as atividades normalmente alegando a questão burocrática. A meu ver, quando algum integrante de uma instituição social vem a óbito, as pessoas que também compartilham aquele espaço sentem-se fragilizadas, comovidas, independente inclusive de ter relações estreitas com a pessoa ou não. Por esse motivo, vejo na ocasião da morte dentro desse contexto como um momento de PARAR! Frear com os compromissos, com a agenda, com a pressa, porque a morte é um momento instigante para a reflexão, para a solidariedade, para o pensar no valor da vida, das pessoas, da família, enfim, é um momento de introspeção e de compartilhamento de dor para nos tornarmos melhores no dia-a-dia conosco e com o outro… Acredito que muitos que estejam lendo esse texto também sintam-se assim diante da morte,quando esta de alguma forma ocorre no entorno das nossas relações, vivências, rotinas… Mas o mundo não pode parar quando alguém morre, não pode parar o progresso, não pode parar a tecnologia, a ciência, o comércio, as instituições… possuem seus compromissos, suas leis, como bem enfatizou o diretor citando até o decreto tal e tal. Então, como devemos nos portar diante disso? É simples: que o Diretor cumpra o decreto, e que nós nos permitamos ser livres para os decretos de nossa alma…Sempre que passo por essa triste circunstância de morte de algum integrante das escolas em que trabalho, independente da decisão que a instituição determinar, EU PARO! Muitos também param comigo! Nos despimos do decreto, nos dispomos às punições (corte de ponto, indagação, falta) não importa…antes de termos o compromisso em sermos alunos ou trabalhadores, temos o nosso compromisso de nos permitir repensar sempre a morte e a vida!!

    1. Joana disse:

      concordo plenamente com você professora Maria, sim professora, não entendi por que o sepultamento deste rapaz foi em recife e não em petrolina, acaso ele era natural de lá, não entendi de fato, o que realmente aconteceu?!

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