“Inah Torres: à frente de seu tempo, jornalista de nascença, paixão por viver e alma pura doçura”

por Carlos Britto // 03 de janeiro de 2025 às 08:40

A jornalista e escritora Jaquelyne Costa lembra, com muita saudade, dos momentos em que conviveu com a colunista social e radialista Dona Inah Torres.

Confiram:

Há casas que se tornam porto, um lugar onde a alma se aquece ao atravessar a soleira. Assim era o lar de Inah Torres Moura, na Avenida Dr. Fernando Góes, um refúgio envolto na sombra das árvores floridas, onde a hospitalidade era mais que hábito, era extensão de sua essência. A quem ali chegava, ela ofertava os bens mais preciosos que possuía: sua presença, bondade e um coração sorridente, como quem carrega nas mãos um pedaço do céu.

Inah não era só jornalista: era uma narradora da vida, uma cronista da fé e da delicadeza. Cada palavra sua parecia costurada com o fio de ouro da compaixão e do amor pela humanidade. Jornalista em Petrolina, ela abriu caminhos para tantas mulheres no Interior pernambucano, mostrando que a força feminina pode ressoar tão forte quanto os ecos das grandes metrópoles. No sertão, seu sorriso era mais do que uma assinatura, era a manchete que dizia: “Aqui há espaço para sonhar e realizar.”

Sua trajetória começou com o fascínio pelo jornalismo, inspirado pelo irmão e pelas histórias que ele trazia do mundo afora. Ao lado do esposo Nelson, desbravou cidades e nações, mas sempre trazia no coração a humildade de quem sabe que a grandeza está nos pequenos gestos. Petrolina, com suas ruas de barro e o Velho Chico como testemunha, tornou-se palco da sua doçura e sede de seus sonhos.

Os que a conheciam ouviam dela não apenas palavras, mas bênçãos. Quando eu a visitava e a despedida chegava, ela dizia, com o olhar de quem acredita no poder da bondade: “Deus te abençoe, Deus te leve, Deus te ame, menininha!” Essa frase ecoará para sempre como um sopro de vida, tão simples e tão grandiosa, carregando a pureza de quem compreendia que a gentileza é revolucionária. Seu portão estava sempre aberto, tal como sua alma, acolhendo amigos, conhecidos e até estranhos que precisassem de um pouco de calor humano.

A casa de Inah era um microcosmo de sua generosidade: cadeiras de balanço na varanda, copos d’água sempre à mão, histórias fluindo como o rio São Francisco que tanto admirava. Ali, o tempo parecia desacelerar, e as pessoas, ao partir, levavam consigo um pouco daquela paz que ela tão naturalmente emanava.

Mais do que uma jornalista, Inah foi uma guardiã da memória e da cultura sertaneja, um farol para quem precisava acreditar que a vida pode ser bela, mesmo em meio às durezas do interior. Hoje, sua história permanece viva, atravessando gerações e inspirando mulheres a seguirem seus passos. Sim, ela foi uma mulher do bem, uma alma da paz. E a cada nova geração de meninas que ousam sonhar e narrar suas histórias, Inah Torres Moura continuará a ser o símbolo de que gentileza e fé são poderosos alicerces para a construção de um mundo melhor.

Agora sou eu quem vai pedir a licença poética de usar sua carinhosa frase de despedida: “Deus te abençoe, Deus te leve, Deus te ame, menininha!”. De cá eu mando meu beijo e abraço bem apertado, daqueles que a gente sempre se dava com tanto bem-querer. Te amo, minha madrinha.

De sua filha adoc, como a senhora costumava me chamar, Jaquelyne.

Jaquelyne Costa/Jornalista e escritora

“Inah Torres: à frente de seu tempo, jornalista de nascença, paixão por viver e alma pura doçura”

  1. tive o privilégio de ser amigo e operador de áudio do programa dela na grande rio am em 1986 dorgival luiz salgueiro-PE

  2. Joselito disse:

    Conhecí e a ví poucas vezes, pessoal dócil, atenciosa e, realmente, à frente do seu tempo. Que Deus a receba de braços abertos. Valeu d. Inah!

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