Jornalista mostra indignação com caso de médica que teria se recusado a atender menina em Curaçá

por Carlos Britto // 11 de outubro de 2017 às 15:00

Num desabafo publicado nas redes sociais, a jornalista Kátia Gonçalves mostrou indignação com o caso de uma médica que teria se recusado a atender uma menina na localidade de Poço de Fora, zona rural de Curaçá, no norte da Bahia, sua terra-natal.

De acordo com os moradores e a própria mãe, a menina estava muito, muito debilitada. Colocaram ela dentro de um veículo e levaram até a residência da médica que, ‘humildemente’, disse que não ia atender porque tinha assinado um documento que proibia a profissional fazer atendimento fora do horário de trabalho”, relata a jornalista.

O fato teria acontecido no final da tarde do último dia 6. Após a suposta recusa da profissional, a menina foi atendida por um enfermeiro e levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Juazeiro.

Acompanhem o desabafo, na íntegra:

Atenção amigos jornalistas de Juazeiro, Petrolina, Curaçá e aos amigos também do Facebook. O caso com a saúde pública está precária em nosso país. Além da ausência de hospitais, os profissionais são poucos para o número crescente de pacientes. Hoje, ao abrir o Facebook vi uma postagem de Ramón Santana, garoto de 14 anos, acho que é essa idade, que me deixou um pouco incomodada, preocupada com alguns profissionais contratados pela Prefeitura de Curaçá para trabalhar no Posto de Saúde de Poço de Fora (terra de gente humilde, mas inteligente). Tenho certeza que o prefeito não sabe, até porque não deve ser ele que faz a seleção. Mas peço humildemente aos responsáveis pela contratação que não aceitamos “médicos” sem amor a profissão. Nosso lugar é pequeno, mas somos grandes em defender nossas raízes, nossa gente e, principalmente, nossas crianças.

Ontem, segundo informações escritas pelo próprio Ramón, a “médica” que atende em Poço de Fora se negou atender essa criança, Maria Clara, que está ao lado da mãe, Patrícia Santana. De acordo com os moradores e a própria mãe, a menina estava muito, muito debilitada e colocaram ela dentro de um veículo e levaram até a residência da médica que, humildemente, disse que não ia atender porque tinha assinado um documento que proibia a profissional fazer atendimento fora do horário de trabalho. Tudo bem senhora médica, mas a senhora já ouvir falar que omissão de socorro é crime e que está em nossa Constituição?

A senhora, que me parece ter feito um juramento para salvar vidas, ontem matou o carinho que alguns dos meus familiares (familiares porque somos todos família) tinham por você. Matou o sonho de acreditar em você enquanto profissional. Você fez uma mãe se desesperar dentro de um carro que estava a 1 metro perto de você. Quero acreditar que, ao sacudir as mãos e dizer tranquilamente que “não posso fazer nada ou não vou atender”, tenha deixado você, mulher, médica, dormir tranquila…

Se você não sabe, agora vai saber…meu amor, esse pedaço de chão que você está pisando tem gente de vergonha. Somos carismáticos, mas não somos otários. Aliás, acho que você não deveria estar em Poço de Fora. Você poderia estar trabalhando num lugar maior, cheio de gente saudável, que você só precisasse receber o dinheiro no final do mês e sair cantarolando. Meu bem, respeite meu lugar e as crianças que moram aí. Saiba que são essas pessoas que pagam seu salário. Se você não queria atender, fosse mais gentil, humilde. Nossa gente já sofreu muito para conseguir sorrir, e não vai ser você quem vai provocar raiva e lágrimas nas pessoas.

Como somos família, a menina foi levada ao hospital de Juazeiro. Foi atendida e, segundo a médica que lhe atendeu, ela poderia ter tido uma parada cardíaca. Mas os deuses ajudaram que ela voltou pra casa viva, ainda doente. Também lhe ajudou, senhora médica. Porque se acontecesse o pior, melhor seria te perdoar. Como te perdoo. Não sei o que lhe faz ser tão “gentil” assim, por isso lhe perdoo.

Chega desses absurdos! Chega dessa gente ir morar em lugares pequenos e se achar melhor que a própria população.

Agradeço ao enfermeiro, que chegou cansado de uma viagem e prestou os primeiros socorros, inclusive acompanhando a menina até Juazeiro.

Agradeço aos profissionais de Juazeiro, que cuidaram dessa criança e agradeço aos amigos jornalistas que puderem ajudar a nossa gente, a essa mãe que está indignada. A população está muito triste com isso. Força, Maria Clara…te amamos!!

Katia Gonçalves/Jornalista

Jornalista mostra indignação com caso de médica que teria se recusado a atender menina em Curaçá

  1. Marcos de Lima disse:

    A culpa é da Prefeitura que deveria PAGAR um plantonista.
    A inversão de culpa é uma vergonha, Kátia.
    O dever de dar atendimento médico é do estado.
    Não vi nenhum jornalista aqui dizer que era um absurdo não ter um médico no hospital!!!

  2. Luiz disse:

    O que se esperava da médica em questão? Não sei quem é, mas imagino que a casa onde ela mora não seja um hospital e disponha de equipamentos, insumos, medicamentos e uma equipe completa para assistência de urgência. Também imagino que a profissional não seja curandeira, rezadeira ou praticante de magia, que resolveria alguma coisa somente falando, olhando ou tocando na menina.
    O lugar correto para encaminhar um caso como esse seria algum pronto-socorro municipal.Pela falta de profissionais ou infra-estrutura e suprimentos necessários para o atendimento, muitas prefeituras infelizmente acabam recorrendo a “ambulancioterapia”.

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