Um jovem de 26 anos, identificado como José William Santos Barros, morreu durante uma ação da Polícia Militar (PM) na comunidade quilombola de Alagadiço, Zona Rural de Juazeiro (BA), na noite de ontem (27). A comunidade local e entidades ligadas aos direitos humanos acusam a PM de ter executado o rapaz.
“Não houve qualquer possibilidade de diálogo, defesa ou anúncio de prisão. Ainda segundo os moradores, o corpo sumiu por uma hora, sem que fosse dada nenhuma satisfação para os moradores, que o encontraram no Hospital Regional da cidade”, diz trecho de uma nota de repúdio assinada pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro, pela Articulação Quilombola, Frente Negra do Velho Chico, Pérola Negra e Coletivo Enxame.
“Os moradores relatam que ele estava em pé em uma moto, na estrada em frente ao Alagadiço, junto com várias outras pessoas da comunidade, quando foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora”, reforça a nota das entidades.
O sepultamento de José William será às 16h30 de hoje (28), na comunidade de Alagadiço. O Blog procurou a Polícia Militar da Bahia (PMBA) e está aguardando um posicionamento sobre o assunto.
Veja, abaixo, a nota na íntegra:
NOTA DE DOR, LUTO E REVOLTA PELA MORTE DE MAIS UM JOVEM NEGRO QUILOMBOLA
O jovem José William Santos Barros, de 26 anos, foi assassinado ontem (27/08/23) na Comunidade Quilombola do Alagadiço, pela Polícia Militar. Esta é a primeira comunidade a ser certificada na cidade de Juazeiro, Bahia. Os moradores relatam que ele estava em pé em uma moto, na estrada em frente ao Alagadiço, junto com várias outras pessoas da comunidade, quando foi alvejado nas costas pela Polícia Militar, morrendo na hora. Não houve qualquer possibilidade de diálogo, defesa ou anúncio de prisão. Ainda segundo os moradores, o corpo sumiu por uma hora, sem que fosse dada nenhuma satisfação para os moradores, que o encontraram no Hospital Regional da Cidade. O sepultamento será às 16h30, na comunidade.
Esse assassinato acontece no mesmo mês em que foi brutalmente executada, com 12 tiros, a líder quilombola Bernadete Pacífico. A dor, o luto e a revolta tomam conta da população negra de todo país!
A população negra da Bahia tem enfrentado dias difíceis, em que a morte ronda as periferias, nossos jovens, nossas lideranças com muito mais contundência. O Estado vem registrando o índice macabro de campeão de mortes por ações policiais, chegando a quase 1.500, em 2022, superando o Rio de Janeiro, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos últimos 7 anos o número dessas ocorrências cresceu mais do que quatro vezes.
Exigimos a mudança da política de Segurança Pública no Estado! Nossos corpos não podem mais ser sempre o alvo. Ao ouvir críticas à ação da Polícia Militar, o Governador Jerônimo declarou, em um programa da TV aberta, todo apoio à forma de atuação das polícias locais. Não pode ser assim, governador! Essa herança de Rui Costa tem que ser rompida! Essa será a principal política pública para as populações negras da Bahia?
Compir – Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro (BA)
Articulação Quilombola
Frente Negra do Velho Chico
Pérola Negra
Coletivo Enxame
A polícia militar no Brasil. quando atua nas zonas rurais, o faz para defender os interesses dos grandes fazendeiros. Estes ataques contínuos à membros de comunidades quilombolas evidencia esta situação. è inconcebível que os governadores do PT, eleitos principalmente com votos das populações rurais e da maioria da população negra da Bahia, sejam coniventes com esses massacres.
Há fatos que entristece a toda sociedade.