Juazeiro: Sanatório Nossa Senhora de Fátima continua luta para evitar fechamento

por Carlos Britto // 23 de maio de 2016 às 07:50

O Sanatório Nossa Senhora de Fátima, localizado no bairro Santo Antonio, em Juazeiro (BA), está novamente numa campanha para o não fechamento da clínica, que há mais de 60 anos atua na cidade. A campanha é liderada pelo psicopedagogo, ator e palhaço Nilton Miranda (O Palhaço ‘Morróia’), que trabalha no sanatório e é contra a Luta Antimanicomial. Ele propõe discutir ideias de como levantar essa bandeira para dizer ‘não’ à ação, que pode colocar em risco a integridade e dignidade daqueles que precisam e dos que já usufruem dos serviços prestados pela instituição.

Em contato com este Blog, Nilton destacou sua luta e detalhou porquê o espaço não pode fechar:

#‎sanatóriopermanecedepé‬. Eu, sou contra a luta antimanicomial, o sanatório não pode fechar, tem condições na melhoria dos pacientes e avanços positivos, pois na prática existem:

– Registros adequados dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos;

– Pacientes conhecendo pelos nomes os profissionais;

– Atividades de ressocialização;

– Atividades fora do sanatório;

– Reuniões com familiares, orientando sobre diagnóstico, tratamento, alta hospitalar e continuidade do tratamento;

– Atendimento individual e em grupo;

– Avaliações médico, psicológica e social;

– Visitas diárias;

– Cardápio diferenciado para hipertensos e diabéticos;

– Pacientes bem cuidados, limpos e vestidos;

– Registro de evolução diária pelos técnicos de enfermagem e equipe multidisciplinar;

– Prontuário único pra cada Paciente com anamnese;

– Capacitação saúde mental para funcionários e toda comunidade;

– Amor na família Sanatório Nossa Senhora de Fátima.

(foto/divulgação)

Juazeiro: Sanatório Nossa Senhora de Fátima continua luta para evitar fechamento

  1. Ana Patrícia disse:

    Muito legal incentivar os pacientes com a música. Já vi essa moça até tocando na noite. É uma prova que a terapia deu certo.

  2. Isadora disse:

    Sr. Palhaço “Morróia”, com todo respeito: quanta palhaçada!
    Trancar o paciente com transtorno mental em um prédio precário e escuro não é cuidar!
    É aprisionar, é dar justificativa aos familiares do paciente se eximirem da responsabilidade de cuidado e proteção, é desamor, é retirar o direito da dignidade e da liberdade da pessoa com transtorno mental, ou seja, trancar com a desculpa de estar cuidando pode ser tudo, menos tratamento correto, digno e respeitoso!!!

    1. Nilton Miranda disse:

      Sra Iadora, de todas as minhas profissões, dentre elas Professor, Psicopedagogo, Ator, Diretor da Cia. do Riso, pode ter certeza, a que mais amo é do Palhaço, como citou “quanta palhaçada!” E são com essas “palhaçadas” que tenho uma das maiores virtudes: fazer seres humanos felizes, desde a minha família, em especial meus pais, filhas, ex esposa, alunos, pacientes, etc E nós não “trancamos” e sim, temos o cuidado, pra que o paciente com transtorno mental severo, não saia pelas ruas correndo e aconteça algo trágico com o mesmo ou ele faça com alguém, o qual foi confiado à nossa responsabilidade. Quanto ao “prédio” com 59 anos de existência, desafio qualquer arquiteto, a mudar sua arquitetura básica, sem derrubar e com o mínimo de recurso para erguer e cuidamos muito bem do “prédio” desde a competência do SG à manutenção, diante pouco recurso financeiro repassado. “Familiares se eximirem da responsabilidade” peça a Deus, pra que em sua família, um ente querido, não seja capaz de ser cuidado pela família, pois temos pacientes que matou e comeu cachorro, matou e mutilou esposo, extraiu os próprios dentes, tocou fogo na residência, espancou os pais, matou filho recém nascido etc. “Desamor” nunca, pois tenha certeza quem mais ama e sofre é a família. “Menos tratamento correto, digno, respeitoso” Engana-se, tratamos nossos pacientes seguindo todos critérios, dentro da saúde mental, somos e tornamos dignos no que diz ao bem estar e humanização do paciente, respeitamos e somos respeitados por aqueles que conhecem a nossa realidade, como testemunha que nos esforçamos pra fazer o melhor e aceitamos as mudanças da psiquiatria dentro do Sanatório, nós temos: Central de regulação da Secretaria de Saúde, SAMU, Polícia Militar, Margarida Benevides, Ramos Filho, Grupo da Melhor Idade e todos aqueles que só sabe quando tem na familia um parente ou vizinho com transtorno mental grave. Isadora, saia da teoria, nos faça uma visita e conhecerá nossa prática.
      Nilton Miranda – Palhaço Morroia – Psicopedagogo.

      1. Ricardo Nogueira disse:

        Concordo com Nilton. Pacientes graves necessitam de internamento, geralmente as indicações variam entre risco de agressividade, suicídio e exposição social. Claro que o cuidado deve ser compartilhado com a família. Infelizmente, a reforma psiquátrica ficou apenas na fase da demolição, e mesmo no papel, ela ainda assim é cheia de falhas. Países como a italia sofreram grandes efeitos colaterais com a mesma. Temos que conhecer na prática como funcionam as coisas, quem ta na linha de fogo como eu, compartilha da mesma opinião de Nilton. Sugiro a colega que fez o comentário acima, acompanhar alguns serviços de urgência psiquiatrica do sus, e tentar se colocar no lugar da família. Depois disso estará pronta a opinar, e respeito qualquer opinião, mas com argumentos válidos.

  3. Luiz disse:

    Pacientes com transtornos psiquiátricos tem exacerbações agudas de suas doenças que demandam internação assim como qualquer outra especialidade médica, necessitando de um ambiente em que possam contar com assistência médica, de enfermagem e outros profissionais 24h por dia para eventuais intercorrências, coisas que o CAPS sozinho é incapaz de suprir. Esses lugares estão longe de funcionar sob as condições ideais, principalmente pela falta de gestão e investimentos, situação semelhante vivenciada em todo o SUS, e não pela vontade dos profissionais que lá trabalham. Esse discurso de trancar, aprisionar pode refletir as práticas de décadas atrás mas hoje anda bem defasado e o fechamento de leitos psiquiátricos tem levado a uma ampla desassitência desses pacientes, que muitas vezes ficam em condição de rua ou são reclusos no sistema penitenciário por não haver vagas em leitos psiquiátricos ou CAPS para tratamento adequado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários