Fã da cantora Irah Caldeira envia artigo ao Blog

por Carlos Britto // 25 de novembro de 2009 às 22:53

O leitor Higino Canuto escreveu um artigo sobre a musicalidade nordestina, em especial sobre a cantora Irah Caldeira.

Confiram:

irah caldeira Sob o título de “No reino da verdade e do talento”, o poeta e compositor Xico Bizerra apresenta o mais recente trabalho da cantora mineira radicada em Pernambuco, Irah Caldeira.

Pelo prestígio que Xico Bizerra goza junto à classe artística, com a qualidade das músicas que compõe e o sucesso que elas alcançam, sendo considerado um dos grandes entre os maiores compositores nordestinos, o trabalho da cantora já seria referência pela indicação do poeta. Entretanto, o disco surpreende também pela pesquisa empreendida, pelo esmero da produção e, sobretudo, pela qualidade da música produzida com arranjos simples, mas intensos e plenos, que valorizaram a poética das compositoras e a interpretação de Irah Caldeira.

O trabalho denominado de “Marias… Das Dores… Daluz!” tem como base a produção musical feminina no nordeste, pouco conhecida num mercado predominantemente masculino. Apesar da territorialidade das compositoras, cujas canções foram inspiradas nos ritmos da região nordeste, com o linguajar característico fortemente presente em algumas canções, alguns arranjos têm “um quê” de saudosismo que remete de imediato às antigas canções sertanejas que encantaram o nosso Brasil interior, notadamente o de São Paulo e Minas Gerais. Escute, por exemplo, a canção “Arrebol”, composta por Socorro Lira, ouça o toque da sanfona que permeia a música e se deixe transportar para uma época em que a valorização da música se dava pela qualidade intrínseca. Sem dúvida, essa composição faria parte dos clássicos do nosso cancioneiro popular, não fosse, infelizmente, o marketing fonográfico que nos dias atuais domina a mídia que sobrevive dos vultosos investimentos, em detrimento da tão desejada qualidade musical.

Na seleção das compositoras figuram nomes em plena ascensão na música popular regional, ao lado de veteranas como Anastácia, Terezinha do Acordeom (que recentemente completou 40 anos de forró) e a cantadora de benditos Dona Maria do Horto, do Ceará.

Dentre as músicas, mais um dos bons momentos coube à composição de Flávia Wenceslau, uma grata surpresa no cenário paraibano, que com sua delicadeza poética e melódica, nos convoca a ver que a vida é bela, como num processo de auto-ajuda. Bia Marinho, neta e filha de dois mitos violeiros Antônio Marinho (A Águia do Sertão) e Lourival Batista (Louro do Pajéu) empresta seu talento legitimamente herdado com a canção “Adeus”, carregada de sentimento e afirmação do amor feminino. A cantora potiguar Khrystal, considerada uma das maiores revelações no novo cenário da música nordestina, comparece com a canção “Esse meu baião”, uma miscelânea de ritmos, um caldeirão musical que tornou a canção difícil de ser interpretada, remetendo à forma de compor do pernambucano Lenine.

Pela qualidade musical, pela pesquisa empreendida e pelo forte sentimento de regionalidade, o Cd alcança o recente trabalho de outra mineira de Almenara – Déa Trancoso – que juntamente com o violeiro Chico Lobo realizou um excelente trabalho de pesquisa popular, gravando o disco intitulado “Tum, Tum, Tum” que possibilitou à cantora indicações ao Prêmio TIM nas categorias de melhor disco regional, melhor cantora regional, melhor projeto visual e melhor cantora voto popular.

Embora não tenha tido essa pretensão, pelo menos aparentemente, a cantora Irah Caldeira concebeu um trabalho digno de premiação, pela pesquisa e pelas interpretações que soube tão bem captar a essência da alma dessas mulheres, compositoras e cantadeiras desse povo que assume sua identidade e sua paixão pelo território nordestino.

Higino Canuto

Foto: Site Irah Caldeira

Fã da cantora Irah Caldeira envia artigo ao Blog

  1. Cristiano disse:

    Assino embaixo. A musicalidade de Irah nos faz senti nas entranhas a poesia que é a músic a desta grande cantora, que merece seu lugar ao sol. Sou fã, coleciono todos os seus trabalhos e adoro a artista como pessoa humana.

  2. Daniela disse:

    Interessantíssimo o artigo. Parabéns Higino. Você deu a dimensão exata da obra desta grande artista. Leu nas entrelinhas a poesia metafórica que existe nas canções de Irah, seja só interpretando ou nao, resgatando as origens do matutês nordestino, realçando sua letra e ganhamos de brinde a linda interpretação desta cantora que ainda vai muito longe. Um abraço à comunidade caldeirense.

  3. Fernando disse:

    Nunca ouvi falar em minha vida. Deve ser mais um enlatado de Recife.

  4. Marcelo Martins da Fonseca disse:

    Conheço Irah desde que ela lançou seu primeiro CD. Não foi dos melhores, mas sua voz me encantou. Hoje ela já se destaca no cenário musical brasileiro. Interprete de mão cheia dá uma sonorização ótima nas músicas do Maciel, de Bia Marinho, da Cristina Amaral e por vai. Vale apena você escutar seu novo trabalho, como também os mais antigos.

  5. Cristiano disse:

    Meu caro Fernando,
    Ouça mais música popular brasileira, uma das melhores músicas feita no planeta, faz bem aos ouvidos e à alma.

  6. Etiene Souza Gonzaga disse:

    Irah Caldeira, canta com o útero, é emoção pura.

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