Foram muitas as vezes em que Paulo Vanderley repetiu “Seu Luiz Gonzaga”. Havia respeito no tom e reverência na fala que discorria sobre o Rei do Baião. Aos 43 anos, Paulo segue sem hesitar em demonstrar (e afirmar) que o artista pernambucano é o maior do Brasil de todos os tempos.
“Sim, eu sempre falo isso. Eu sempre falo isso”, reforçou o paraibano, assumidamente fã, colecionador, admirador e mais recentemente autor de um compilado que reúne um tanto do muito que foi/é a imensidão do mais completo representante da música nordestina e que no último dia 13, se vivo estivesse, teria completado 110 anos – data que trouxe à tona o livro “Luiz Gonzaga – 110 do Nascimento”, material em box que envolve de histórias da vida e obra de Gonzagão, além de raridades em fotos, capas de LP’s e outros itens que detalham sobre o filho de Januário e Mãe Santa, nascido no Sertão do Araripe, em Exu.
Histórias em primeira pessoa
“A ideia do livro vem rondando meu juízo desde a época do centenário, mas acabei envolvido em vários projetos de Seu Luiz, como o filme (“Gonzaga: de Pai para Filho”, 2012), o desfile da Escola de Samba (Gonzaga foi homenageado no desfile da Unidos da Tijuca, em 2012). Eu já queria fazer o livro, porque são mais de 30 anos colecionando e juntando materiais do selo Luiz Gonzaga”, contou Paulo em conversa com a Folha de Pernambuco, complementando que do livro, o fã vai se emocionar com o fato dele ser contado em primeira pessoa.
“As pessoas vão ouvir a voz de Seu Luiz Gonzaga contando a história dele pra gente, através de QR Codes espalhados pela obra, bastando apontar o celular para ouvir a voz dele bem intimista, parece que está falando no ouvido da gente, essa é a sensação”.
Da infância ao palco
Pensado para levar o máximo de Gonzagão, como artista e como pessoa, aos fãs, o livro é fruto de um trabalho de pesquisa intenso, que envolve do palco à infância entre as boas novas do artista que foi porta-voz das dores e das delícias do nordestino.
“Montamos o livro com entrevistas de rádio que ele deu, transcrevemos o material e foram mais de 300 páginas. E a cereja do bolo desse projeto foi a entrevista com Dominique Dreyfus (biógrafa de Gonzaga com a obra “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga”, 1996). Ela, uma jornalista francesa, fez com Seu Luiz exatamente o que eu gostaria de fazer: acompanhou-o do palco até em casa, numa relação muito próxima”, contou Paulo, que como referência para a obra utilizou materiais semelhantes produzidos para os Beatles, Elvis e Senna.
“Não é muito comum no Brasil ver esse tipo de trabalho com nossos artistas, e usamos isso como base mas tem que ser daqui para frente, tem que ser melhor do que essas referências”.
Paixão virou acervo
A obra é formada, entre outros detalhes, por capas dos discos de carreira de Gonzaga, carteira com seu retrato 3 x 4, documento do carro, cartaz, pôster e o livro, multimídia, com quase 500 páginas, além de curiosidades como o contrato de ‘Seu Luiz’ com a Rádio Nacional e o seu cartão bancário – este último item, aliás, traduz bem o começo da história de Paulo Vanderley com o Rei do Baião, já que o seu pai era gerente do Banco do Brasil em Exu.