Se ainda não existe de fato uma aliança entre o PT e o PMDB em Petrolina, as declarações dadas na manhã de ontem (22) pelo petista Humberto Costa e pelo peemedebista Júlio Lóssio vão muito além do que meras especulações de bastidores.

O prefeito, que convidou o senador a Petrolina para solenidade de assinatura da ordem de serviço de uma Praça de Esportes e Cultura no bairro Rio Corrente (fruto de convênio com o governo federal), chegou a dizer que as conversações para uma sintonia política entre as duas partes transcendeu a fase de ‘namoro’. Segundo palavras espirituosas de Lóssio, agora já se trata de ‘noivado’.

Sem esconder o desejo de sacramentar a aliança política, o prefeito disse, numa breve entrevista coletiva antes da solenidade, que essa busca pelo entendimento com os petistas só não aconteceu há mais tempo porque na época em que o deputado Odacy Amorim deixava o PSB para ingressar no PT (em 2011), havia uma determinação da legenda para que ele fosse o candidato a prefeito de Petrolina, nas eleições do ano passado.

“Mas o diálogo se manteve durante todo o tempo. o senador Humberto Costa tem nos ajudado muito em Brasília. Eu diria que seu gabinete tem sido uma extensão da prefeitura”, afirmou. Lóssio disse também já ter conversado, num recente evento em Ouricuri, no Sertão do Araripe com lideranças dissidentes do PMDB no Estado – a exemplo do deputado federal Raul Henry – deixando claro sua disposição de caminhar com o principal líder do partido, o vice-presidente Michel Temer e, consequentemente, apoiar o projeto de reeleição de Dilma.

Segundo Lóssio, foi Temer quem abriu as portas para investimentos da União em Petrolina. “Recebemos R$ 500 milhões para a habitação. Então, seria estranho eu não votar no meu partido. Estamos caminhando fortemente para isso (o palanque de Dilma)”, avaliou.

Sucessão de Eduardo

O prefeito deixou ainda mais cristalina a viabilidade de uma aliança com os petistas, com exceção de uma única hipótese: se o governador Eduardo Campos (PSB) disputar a Presidência contra Dilma. “Se o PT continuar aliado (de Eduardo), certamente estaremos em lados diferentes (em Pernambuco). Se não, também caminharemos em nível estadual”.

Humberto Costa disse ainda esperar que o governador pondere sobre a ideia de se candidatar, uma vez que o PT o ajudou e ainda o ajuda na sua administração. Mas se decidir romper, que avise o partido e explique o porquê desse rompimento. Sobre Lóssio, o petista não poupou elogios. Disse reconhecer o mérito da gestão do peemedebista, reforçando a importância de ter o prefeito no palanque de Dilma em Petrolina. “Estamos construindo uma relação em que acredito que dará frutos mais adiante”, finalizou.