Após optarem no segundo turno presidencial pela candidatura de Aécio Neves (PSDB), derrotado pela presidente Dilma Rousseff (PT), os socialistas terão de enfrentar, agora, seu maior desafio: manter o PSB unido. A avaliação foi feita ao Blog pelo deputado federal reeleito Fernando Filho (PSB).
De acordo com o parlamentar, apesar de o projeto de mudanças proposto pelo candidato tucano não ter logrado êxito, a legenda socialista mostra-se dividida após o processo eleitoral deste ano.
“O PSB de São Paulo é o segundo maior diretório em número de integrantes na executiva nacional, tem o vice-governador eleito de Geraldo Alckmin, Márcio França, e prefere manter o alinhamento com o PSDB. Mas Bahia, Paraíba, Ceará já não querem. Então, nosso desafio no momento é manter a unidade”, avaliou.
Fernando Filho acredita, no entanto, que essas divergências são naturais dentro de qualquer partido. “No PMDB, por exemplo, 59% (dos diretórios) quiseram apoiar Dilma e 41% não quiseram. E olha que o PMDB tem a vice-presidência da República. Em Pernambuco, você tem o caso do PR, que tirou a presidência de Inocêncio Oliveira, depois de muitos anos, porque Inocêncio decidiu apoiar Aécio, ao contrário do partido. Dentro de uma casa a gente não consegue ter todos pensando de uma mesma forma, muito menos dentro de um partido político, que atua num país com as dimensões territoriais como o Brasil”, justifica.
Escolha
Sobre a decisão do PSB em abraçar uma candidatura própria a presidente, o deputado socialista também rechaçou as críticas de que o então líder nacional da legenda, Eduardo Campos, teria sido “ingrato” ao desembarcar do Governo Dilma. Dos 12 anos da gestão petista, os socialistas ficaram 11 (oito com Lula e três com Dilma). Segundo Fernando Filho, Eduardo já sinalizava em sair da aliança desde as eleições municipais de 2012.
Ele lembra que o PSB decidiu dar “um crédito de confiança” à presidente para que fizesse os ajustes necessários à economia do país. Como isso não aconteceu, o partido optou por deixar o governo. Mas garante: partido saiu “pela porta da frente”. “Saímos de forma leal, não fomos colocados para fora, mostrando que precisávamos apresentar uma nova proposta para o país”, ressaltou.
Fernando Filho reconhece que apesar da ligação do seu pai, Fernando Bezerra Coelho, ser muito maior com Lula e Dilma do que com o PSDB, não fazia sentido ele abrir uma dissidência dentro da legenda socialista. O recado foi direto para o ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, que optou no segundo turno por acompanhar o PT. Amaral disse ainda que a legenda “jogou no lixo” a história de Miguel Arraes e Eduardo Campos.
“Respeito a história do Dr.Roberto Amaral, desde o antigo PCB, de onde ele veio. Mas ele nunca disputou uma eleição, nunca contribuiu com um voto para o partido. Num espaço democrático, temos de respeitar posições e irmos com a maioria. Dos 27 estados, o PSB decidiu optar por Aécio em 21. Um optou por Dilma e cinco optaram pela neutralidade. A gente fala tanto em reforma política para fortalecer os partidos, mas esse é o tipo de comportamento que fragiliza, quando você faz uma reunião, a maioria opta por uma decisão e aí uma pessoa, de forma isolada, quer fazer um movimento diferente do que foi decidido”, concluiu.