Secretário de Ciência e Tecnologia na segunda gestão do Governo Eduardo Campos, Marcelino Granja recebeu a missão de emplacar uma vaga do PCdoB, seu partido, na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Com vasta bagagem e visão empreendedora, ele falou ao Blog de projetos arrojados para o Sertão do São Francisco. A implantação de energia renovável (solar), a luta por um ramal da Ferrovia Transnordestina de Parnamirim a Petrolina e a industrialização da agricultura irrigada são apenas alguns.
Sobre o cenário político e o fato de o PCdoB caminhar, simultaneamente, em lados opostos no campo nacional (Dilma Rousseff) e no estadual (Paulo Câmara), Granja não se embaraça na justificativa: “Trata-se de um reconhecimento do partido ao legado de Lula e Eduardo”. A situação muda de figura, no entanto, quando ele comenta sobre a candidata do PSB/Rede, Marina Silva, que assumiu a vaga após a trágica morte de Eduardo Campos, em agosto deste ano. “Ela não tem os mesmos compromissos de Eduardo”.
Confiram:
Blog – Por que o senhor quer ser candidato e qual a proposta diferente que apresenta?
Marcelino Granja – Ninguém é candidato de si mesmo. Sou candidato do PCdoB, que me apresentou como candidato pelo fato de eu ter uma longa militância política no PCdoB, há 34 anos. Desde quando saí de Petrolina para estudar engenharia civil na Universidade Federal de Pernambuco, em 79. Em 80 entrei no partido e, de lá para cá, sou militante dessa causa do desenvolvimento social de forma ininterrupta, de domingo a domingo, sem nenhum dia de descanso, lutando para que o Brasil, para que Pernambuco, para nossas regiões possam ter a oportunidade de se desenvolverem e de traduzir esse desenvolvimento em progresso social(…)Vivemos momentos difíceis nas décadas de 80 e 90 que, por incrível que pareça, um ano ruim era seguido de um ano pior. Isso marcou profundamente a minha trajetória pessoal. De todos nós. Depois disso, a virada com a eleição do presidente Lula, que de fato foi um marco para a história do Brasil porque a gente passa a retomar o conceito da necessidade de crescimento econômico. Mas nossa economia ainda é pequena para o tamanho do Brasil. Comparativamente com a Alemanha e o Japão, que têm um território do tamanho do Maranhão, a Alemanha tem três vezes a nossa economia, e o Japão tem quatro vezes. A Alemanha tem 90 milhões de habitantes, o Japão tem 120 milhões, e nós já temos 200 milhões. Sem falar na situação ambiental deles, que é melhor do que a nossa, com menos poluição atmosférica, menos poluição dos rios e mares, as cidades são mais urbanizadas, saneadas, o sistema educacional é melhor. Mas de Lula pra cá, e na continuidade da presidente Dilma, eu sempre digo o seguinte: a presidente não tirou uma pedra do que Lula botou. Não diminuiu nenhum programa social. Pelo contrário. Criou o Pronatec, o ‘Minha Casa Minha Vida’, o Plano Nacional de Educação, regulamentou a regra de reajuste do salário mínimo, que agora é por lei, não mais por medida provisória. Enfim, são conquistas concretas que mostram que o Brasil está no caminho certo, depois de Lula, e esse momento faz a gente ficar mais animado. Por isso somos candidato, para fortalecer esse caminho percorrido e lutar por novas metas.
Blog – O senhor foi secretário de Ciência e Tecnologia no governo de Eduardo Campos. O que o senhor traz de experiência desse convívio com Eduardo?
M.G – Primeiro, a convicção de que educação e ciência, tecnologia e inovação são parte da infraestrurura necessária ao desenvolvimento do Brasil, no que chamamos de bases do desenvolvimento nacional, tanto quanto a indústria de ponta, a indústria básica relacionada à produção de energia, ao beneficiamento de minérios(…) e o governador Eduardo Campos, como ministro da Ciência e Tecnologia, plantou junto com o presidente Lula, as bases, um relançamento no sistema nacional de tecnologia, focado no desenvolvimento nacional, e trouxe para Pernambuco essa iniciativa(…)eu tive a honra de ser secretário de Eduardo no seu segundo mandato, justamente num momento de grandes conquistas na área de ciência e tecnologia. Foi nesse período que a gente multiplicou por sete os investimentos de amparo à pesquisa, garantimos emenda constitucional que deu à Facepe um piso de 7,8% maior de recursos do que tinha antes; foi nesse período que vimos a expansão da Universidade de Pernambuco para o interior, das universidades federais, o fortalecimento dos sistemas locais de educação superior através do Proupe, a expansão da telefonia móvel na tecnologia 3G para 126 vilas e povoados, a expansão das atividades do Itep, a implantação de um programa de melhoramento genético das variedades de uva da nossa região, que vai fazer com que a gente ganhe competitividade internacional, a implantação de projetos pilotos de energia renovável…Enfim, vimos ensinamentos de que a ciência e tecnologia e inovação podem ser um grande ensinamento, especialmente com essa vertente implantada de Lula pra cá, que é desconcentração, descentralização, distribuição de renda e interiorização.
Blog – Que apoios o senhor conta no estado para lhe dar mais força para chegar à Assembleia?
M.C- Nós temos o reconhecimento do mundo da educação, ciência, tecnologia e inovação, das autarquias municipais, em várias comunidades; dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, em função do programa ‘Conexão Cidadã’, do apoio do PCdoB, da militância do nosso partido, de amigos, de lideranças políticas expressivas, como a nossa deputada Luciana Santos, do vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, do partido em Petrolina, Robério (Granja), Socorro (Lacerda), de lideranças em Palmares, em Garanhuns, Caruaru, de vereadores espalhados por esse estado todo.
Blog – Quantos votos o senhor estima ter?
M.G – O PCdoB teve na eleição de deputados, só em sete cidades da Região Metropolitana, aí eu falo dos nossos companheiros Luciano Moura, ex-deputado estadual de Olinda, e Luciano Siqueira, 62 mil votos. Só aí a já é um cabedal de votos muito ligados ao partido e é possível de a gente ter uma fatia expressiva desses votos. E depois a campanha que a gente faz em Petrolina, junto aos parentes, amigos(…)com isso a gente pode ter uma campanha boa em Petrolina, Garanhuns, Caruaru, Recife…enfim, com toda essa força que o PCdoB já teve. Nós tivemos para deputado estadual 125 mil votos, e agora sou o único candidato a deputado estadual do PCdoB. A gente reúne condições, de fato, de chegar lá.
Blog – O PCdoB está alinhado, em nível nacional, com Dilma. Mas em nível estadual, está com a Frente Popular. O eleitor pode interpretar mal o partido por estar com escolhas tão distintas?
M.G – Nós somos daqueles que temos de levar para política o que tem de bom na vida. E acho que a coisa mais importante na vida é a gratidão. Nós precisamos ser gratos. É simples ser grato. Nós somos aliados do PSB de raiz, do governador Miguel Arraes, desde 1959. Eu não era nem nascido quando ele foi prefeito do Recife pela primeira vez. Nós somos aliados do PT desde a primeira candidatura do presidente Lula, em 1989. Então, nós reconhecemos o legado do presidente Lula. Ele fez o melhor governo dos últimos anos, recuperou o Brasil, recuperou a nação, acabou com a miséria. A presidenta Dilma não desmanchou nada do que Lula fez. Como não reconhecer esse legado? E o governador Eduardo Campos, tragicamente desaparecido, era amigo pessoal nosso, eu o conhecia há 28 anos. Quando eu estava saindo da universidade, ele estava entrando. Ele fez um governo excelente, acho que foi o melhor governador desses últimos 40,50 anos, sem dúvida. Como não reconhecer esse legado? A política tem sua lógica própria. Ele era candidato a presidente da República e isso criava uma situação de distanciamento momentâneo, porque a vice-presidente de Eduardo (Marina Silva, até então) não é a mesma coisa que ele, não tem os mesmos compromissos em garantir um legado. Por isso, por um gesto de gratidão, nós estamos com Paulo Câmara quando ele só tinha quase 5% nas pesquisas. Nós estávamos com Paulo Câmara e Fernando Bezerra como um gesto político de gratidão em reconhecimento aos êxitos do governador Eduardo Campos. Então, acho que o eleitor compreende porque entende a gratidão como um gesto humano importante na vida pessoal e na vida política.
Blog – Além do poder de fiscalização do deputado, quais os projetos o senhor tem para o Vale do São Francisco?
M.G – Temos três grandes metas para o desenvolvimento do Brasil nesse momento. Uma, é preciso grandes investimentos em integração regional e sub-regional. Isso significa, por exemplo, fazer a ferrovia que liga Parnamirim a Petrolina, para ligar essa região mais rapidamente ao sudeste do país. Está sendo feita a ferrovia do oeste da Bahia, que é muito importante, e nossa região precisa também se interligar. Outra questão fundamental é revitalizar o Rio São Francisco, tornando-o navegável. Mesmo no submédio São Francisco, com investimentos razoáveis, mas não estratosféricos, é possível a gente ajudar a navegação, agora que nós temos a barragem de Itaparica e vamos ter a Barragem do Ibó, é possível viabilizar a navegação no Submédio São Francisco. É preciso também investir em energia solar. Pra gente ter uma usina do tamanho da de Sobradinho, a gente precisa de apenas mil hectares. Eu digo ‘apenas’ porque mil hectares no Sertão, para uma cidade como Petrolina, que tem uma área de 400 mil hectares, ou como Ouricuri, que tem uma área de 350 mil hectares, ou Santa Maria, que tem uma área de 370 mil hectares, mil hectares de terra que temos no Sertão, que não passa de R$ 100 o hectare, torna viável a implantação de usinas fotovoltaicas (solares). Não há barreiras tecnológicas, apenas barreiras econômicas, imposições do capital financeiro que não quer ver o Brasil continuar crescendo, quando a gente precisa crescer. Então essas são as grandes metas. Claro que associado à questão da educação. Enfim, são grandes oportunidades que teremos, que um mandato parlamentar pode ajudar a consolidar essas lutas. Por último, garantir grandes investimentos na reurbanização das cidades. Petrolina, Salgueiro, Araripina já têm problemas de cidades grandes. Por isso precisamos de grandes investimentos, para humanizar as cidades, garantir metas de 100% de saneamento, bons planos de mobilidade, brigar com a Aneel para tirar os postes das calçadas, ter parques e praças(…)Um ambiente de convivência social, na rua, que torne nossa cidade muito mais agradável.
Blog – Faz parte do seu projeto a questão da industrialização e diversificação da economia local. Qual a importância disso:
M.G – Fundamental, porque o carro-chefe da agricultura na nossa região é a fruticultura irrigada, mas que ainda é muito marcada por pouca diversificação, dependência muito grande do mercado externo, quando a gente poderia ‘exportar’ mais para dentro do Brasil, e também pouca industrialização. São essas três coisas. Se a gente exportasse a fruta industrializada, a gente precisaria de uma agroindústria que chegue junto do pequeno, médio e mesmo do grande produtor, pra gente beneficiar as frutas da nossa região aqui mesmo, e elas saírem daqui com um grau de beneficiamento de industrialização elevado, exportando para o exterior e o mercado interno. Com isso aí a gente vai dar muito mais sustentabilidade e diminuir a dependência que a nossa agricultura tem, seja de questões climáticas ou cambiais. Claro que vamos precisar de muita ciência, tecnologia e inovação para apoiar, através da extensão rural, os produtores da região. Como a gente está fazendo, por exemplo, uma parceria com o Itep e empresas privadas para o melhoramento de nossas uvas se caroço. Mas não basta só explorar a uva. Temos que cada vez mais industrializar, fazer suco, vinho, como também os outros produtos (goiaba, coco…). Quanto mais industrializar, mais sustentação e valor essa agricultura irrigada vai ter.
Blog – Esses números vertiginosos nas pesquisas, a reação de Paulo Câmara…como o senhor vê isso? E em nível nacional?
M.G – Em relação ao estado, vemos com grande satisfação porque o PCdoB, como eu disse, tinha firmado essa posição de apoio a Paulo Câmara e Fernando Bezerra, independente de pesquisas, infelizmente num ambiente marcado por essa perda (a morte de Eduardo). Mas vemos com preocupação a manipulação dos meios de comunicação de usar a comoção para promover Marina, que ninguém sabe quem é, mas nós sabemos. Ela tem uma vinculação muito forte com o setor financeiro, tem uma visão que não está pautada por essa necessidade do crescimento do Brasil, defende abertamente mecanismos de fortalecimento do sistema financeiro, que estão em oposição à necessidade de fortalecimento do setor produtivo. Precisamos de uma união entre trabalhadores e as classes empresariais do sistema produtivo, pelo crescimento econômico, e isso está pré-figurado hoje no legado do presidente Lula. A gente anda nessas estradas do Sertão e não tem mais nem buracos, nem meninos botando terra em buraco. Nas nossas casas não temos mais a visita, a cada duas horas, de alguém pedindo uma ‘esmola, pelo amor de Deus’, com um canequinho na mão ou uma tigela. Isso é uma conquista civilizatória.
Blog – Candidato, suas considerações finais.
M.G – Agradecemos a oportunidade e reafirmamos nosso compromisso com a luta pelo desenvolvimento do nosso estado. Acho que na Secretaria de Ciência e Tecnologia demonstrei esse compromisso, com o programa ‘Conexão Cidadã’, o Proupe, a expansão da UPE, as ações do Itep na nossa região, e agora essa pauta voltada para a energia renovável, a ferrovia de Parnamirim a Petrolina, a revitalização do rio e grandes investimentos em educação e saúde para termos as cidades mais humanizadas.
Propostas excelentes, tomara q consiga realizá-las. Pra quem não tinha candidato a estadual agora já vou investigar melhor esse nome.
O PC do B orbita quem está no poder Glauber.
Analise direitinho e BOA SORTE!
quantos votos marcelino tirou
Prezado camarada,sou funcionario desta prefeitura de olinda,nao sou filiado ao pcdob,sou filiado ao pstu,marcelino trabalho aqui na administraçao,e observei que o pcdob,estar deichando seus cargos comissionados muito soutos,a ponto de alguns declara que nao votou com o partido em especial o senhor.
min refiro a alguns cargos da secretaria da administraçao em especial o setor de compra,.
acho isto uma tremenda de uma covardia sem presedente,se fose do meu partido altomaticamente tiraria e daria lugar a outro companheiro que fosse leal ao partido.poprtanto camarada mande faser uma triagen de quem e quem e leal.
Sem mais no momento.
ROBSON.DPSA@HOTMAIL.COM