Microcefalia mata 124 bebês em Pernambuco

por Carlos Britto // 19 de julho de 2017 às 15:33

Foto: Ilustrativa

A mortalidade nas crianças acometidas pela Síndrome Congênita do Zika (SCZ) – a forma mais grave da microcefalia – em Pernambuco chega a 5,27% quando se considera todos os 2.353 bebês notificados com as possíveis malformações cerebrais. Até agora 124 óbitos foram reportados à Secretaria Estadual de Saúde (SES), número bem superior ao de outras infeções congênitas, como sífilis e HIV. O percentual sobe para quase 30% quando se comparam as mortes com os 417 casos confirmados da infecção em recém-nascidos e pula para 50% quando a razão é feita diante dos 241 casos em investigação.

Diante deste cenário, a SES lançará nas próximas semanas as Diretrizes de Vigilância Epidemiológica das Síndromes Congênitas Relacionadas à Infecção pelo Vírus Zika e Outras Etiologias Infecciosas em Pernambuco.

O documento, inédito no País, vai estabelecer critérios para a padronização da doença, que até então nem tem um Código Internacional da Doença (CID) próprio, e classificação de morte. Com a normatização será possível definir melhor a investigação sobre as mortes suspeitas pela SCZ, que hoje somam 102 óbitos na fila por respostas. “Tivemos que padronizar algumas questões para facilitar esse processo de óbitos que ainda estão em investigação. Dessa seara enorme que está em investigação teremos os que são prováveis, inconclusivos, confirmados e os descartados”, disse a diretora de Informações e Ações Estratégicas em Vigilância Epidemiológica da SES, Patrícia Ismael. Até agora, só 22 bebês que faleceram tiveram a investigação completa depois da confirmação laboratorial do vírus. Desses, 15 positivaram para microcefalia por zika e sete foram descartados.

Outro recorte que chama a atenção na análise da mortalidade de bebês com suspeita do zika é a disparidade com relação a outras doenças de transmissão vertical (da mãe para o feto). Enquanto em 2,5 anos (2015-2017) 124 crianças entraram nas estatísticas de morte por SCZ, a sífilis provocou 42 falecimentos de bebês entre 2012 e 2014 e o HIV foi responsável por oito casos no mesmo período. As mortes por malformações de causas diversas ocupam a 2ª colocação no ranking de falecimentos, com 1,3 mil ocorrências entre 2012 e 2014.

Perfil

No perfil traçado pela SES sobre a mortalidade, a grande maioria dos bebês não alcança o primeiro mês de vida. Os que já nasceram mortos são 50, os neomortos (até 28 dias de vida) são 51. Outros 19 ocorreram depois desse período. Já os óbitos fetais somam quatro. (fonte: Folhade PE/ foto: reprodução)

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