As comunidades das agrovilas do Perímetro de Irrigação Senador Nilo Coelho, em Petrolina, estão enfrentando uma longa crise de abastecimento d’água, que já afeta diretamente a qualidade de vida das famílias há mais de 10 anos. No último final de semana, moradores do N-8 se reuniram para discutir o problema, que atinge várias agrovilas, e organizaram uma grande manifestação para chamar a atenção das autoridades competentes.

A falta d’gua nas residências das agrovilas tem obrigado muitas famílias a buscar alternativas improvisadas para suprir as necessidades diárias. “Todos os dias estamos carregando água para nossas casas. Isso tem causado grande transtorno, principalmente para as famílias que dependem da água para atividades básicas como cozinhar, limpar e cuidar da saúde”, relata um morador, revoltado com a situação.

Protesto programando

Após o encontro, os moradores do N-8, junto com os líderes comunitários de outros núcleos, como Edilson do N10 e Reinaldo do N-7, decidiram realizar um protesto nesta sexta-feira (25). O ato está marcado para ocorrer em frente à sede da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), com o objetivo de exigir soluções imediatas para o abastecimento nas agrovilas.

De acordo com Edilson, líder comunitário do N-10, o problema não é novo, mas se agravou nos últimos anos. “Há muito tempo enfrentamos esse problema. Muitas famílias aqui têm que escolher entre ir trabalhar ou sair para buscar água, algo que não deveria acontecer em uma cidade como Petrolina, que é um dos maiores polos agrícolas do Brasil”, afirma.

Responsabilidade e reivindicações

Os moradores destacam que, apesar da região ser um grande produtor agrícola e exportador de frutas, a infraestrutura básica de abastecimento para as comunidades que sustentam esse setor produtivo é completamente precária. Eles reivindicam que tanto o governo municipal quanto a Codevasf sejam mais atuantes na resolução desse problema.

“A prefeitura sempre alega que a área é de responsabilidade federal, mas quando é para pedir votos, ninguém menciona isso. Queremos que, tanto o município quanto a Codevasf, assumam suas responsabilidades e encontrem uma solução. Se for necessário, vamos  fechar a sede da Codevasf e da prefeitura até que sejamos ouvidos”, desabafou um morador durante a reunião.

Além do protesto, os organizadores planejam formalizar um abaixo-assinado que será entregue às autoridades, documentando todas as reivindicações. A ideia é de que o documento seja protocolado junto à Codevasf, à Prefeitura de Petrolina e ao MPPE, como forma de garantir que as demandas sejam levadas a sério e que as soluções sejam apresentadas com urgência.

Apoio da comunidade

O movimento está ganhando força e já conta com o apoio de várias lideranças locais. Durante o encontro, muitos moradores reforçaram a necessidade de união para enfrentar essa questão que afeta diretamente o bem-estar de todos. “Estamos falando de um direito básico. Água é vida, e o que estamos vivendo aqui é uma situação de descaso. Precisamos estar unidos, porque só assim vamos conseguir ser ouvidos”, declarou Reinaldo, do N-7.