O município de Floresta (PE), no Sertão de Itaparica, foi alvo de uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco por conta de casos de trabalho infantil no lixão da cidade. O documento reúne 26 obrigações que devem ser seguidas pela prefeitura, caso a justiça deferida os pedidos, sob pena diária de R$ 1,5 mil por cláusula descumprida. A ação foi protocolada pela procuradora do MPT Vanessa Patriota no final de dezembro de 2017.
Entre os pontos, o documento cobra a formulação e execução de políticas públicas voltadas à proteção da criança e adolescente, atendimento imediato aos jovens em situação de trabalho infantil, a fim de inserção em programas sociais, como Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), Bolsa Família, bem como registro da família no cadastro único do governo, para tanto prevendo custeio de recursos materiais e humanos suficientes. Outra exigência é manter em funcionamento o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDCA).
O município também deve destinar um mínimo de 2% da receita tributária líquida anual para a promoção eficaz de políticas públicas de combate ao trabalho infantil e profissionalização de adolescentes. Considerando que os casos foram identificados no lixão municipal, a ação pede que a prefeitura, em até 90 dias (a partir da data da decisão judicial), promova a formalização da organização dos catadores de materiais recicláveis (associações ou cooperativas, segundo interesse do grupo de catadores). Outro pedido é a criação de um plano municipal de gerenciamento de resíduos sólidos para implementação progressiva de coleta seletiva para que, ao final de seis meses, toda a cidade esteja atendida.
Inspeção
Em maio de 2017 chegaram ao MPT as primeiras denúncias de trabalho infantil no lixão da cidade. Em julho do mesmo ano, em audiência administrativa, a prefeitura se comprometeu a isolar a área do lixão e manter vigilância, de modo a impedir a moradia e o acesso de todas as pessoas no local, analisar a implantação de um projeto de coleta de recicláveis de forma segura no lixão, destinado às pessoas maiores de idade, cadastrando-os e fornecendo equipamentos necessários.
Entretanto na última inspeção, realizada em outubro do ano passado, foi verificado que famílias continuam vivendo no local em situação indigna e precária sem qualquer proteção e assistência. A administração municipal não cumpriu o acordado previamente em audiência administrativa, como o isolamento da área e manutenção da vigilância no local, nem buscou viabilizar recurso para implantar aterro sanitário e coleta seletiva. Com a palavra, a prefeitura. (foto/Ilustração)