Os versos “todo artista tem de ir aonde o povo está”, cantados por Milton Nascimento na composição ‘Nos Bailes da Vida’, embalou o ideais de luta de muitos músicos brasileiros ao longo da década de 80 e segue até hoje. Mas na era da convergência e do consumo de música digital, o palco está em todos os lugares, ao mesmo tempo, no mundo. E quem aprecia Bossa Nova – gênero musical brasileiro que recebeu influência do samba e do jazz americano – vai encontrar a trajetória e as músicas do movimento surgido nos anos 1950, na intimidade dos apartamentos e boates da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Mas quem disse que a bossa encerrou a safra de criatividade? A mais recente novidade no estilo que consagrou João Gilberto e Tom Jobim é um single que já está disponível nas plataformas digitais (Spotify, Deezer, YouTube, Amazon Music, Apple Music, entre outras), lançada recentemente pelo arranjador e pianista cearense Marcos Silva. A canção instrumental batizada de Bossa 98 (lê-se bossa nove oito), já atraiu mais de 50K de streamings em vários países como E.U.A, Suécia, Itália, Alemanha, Argentina, Índia e até Japão. As informações foram obtidas por meio do relatório do Spotify.
“A Bossa 98 é uma composição que reflete minha referência musical no vasto universo de um dos maiores e consagrados movimentos da música brasileira com ênfase no trabalho do maestro Tom Jobim. Para minha surpresa, o single está sendo muito bem recebido nos Estados Unidos”, comemora Marcos”, que atualmente desenvolve também projeto de educação musical para crianças em sua terra natal Icó (CE).
A canção inédita traduz o virtuosismo de Marcos com suas harmonias e invenções melódicas que remete a músicos tarimbados como Tom Jobim, Marcos Valle, Eumir Deodato e John Alf. Ainda garoto, aos 14 anos, a paixão pela música o mergulhou, como autodidata, em um teclado modesto. Mesmo tocando estilos musicais de consumo de massa da época, o artista manteve a música instrumental no esboço de suas pesquisas.
Na rede
Bossa 98 já vinha sendo trabalhada sem pressa de jogar na rede. O músico tinha na memória biológica do computador, alguns rabiscos de melodias e progressões harmônicas guardadas em arquivos e cadernos. “Nesse período da pandemia estudei o bastante e fui trabalhando esses conceitos até que planejei, organizei as linha melódicas e sentei para compor”, frisa.
“A Bossa Nova sempre despertou minha atenção, daí comecei a tirar de ouvido melodias de temas brasileiros e norte-americanos. Por outro lado, já bebia na fonte de referências como o choro e o forró solado que meu avô apreciava, mostrando-nos mestres como Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Chick Corea e Bill Evans, que sempre estavam no radar de nossas audições”, acrescenta o pianista.
Sua trajetória se ampliou em estúdios de gravação atuando em diversas frentes musicais. No campo instrumental, já assinalou peças para um recital do núcleo de Música Sobrado Canela Preta, além de jingle adotado como chamada também instrumental de um festival tradicional de sua terra natal.
A experiência na estrada dos bailes da vida de Marcos Silva extrapola os limites de seu talento entre o clássico e o popular. No piano, já deu o tempero de suas harmonias ao participar da gravação de DVDs de bandas e artistas que fazem a linha do forró romântico como Limão com Mel, Batista Lima, Edson Lima, Anjo Azul, Kátia Cilene, Aduílio Mendes, Black Baile e bandas locais. Atualmente o músico está para educar musicalmente e cada vez mais produzir composições instrumentais em grande estilo.
Mais informações
Quem quiser saber mais informações sobre o trabalho de Marcos pode acessar os seguintes canais disponibilizados pelo Blog: link de acesso à Bossa Nove Oito; Spotify; e Instagram (@jmarcosdcs).
A Bossa Nova perdeu muito espaço depois que a cria de João Gilberto sambou em cima da Bandeira do Brasil. Eu tinha todos os CD’s de João Gilberto e Chico Buarque, joguei todos no lixo e não quero mais ouvir bossa nova.