Uma nova espécie de anfisbena (cobra-de-duas-cabeças) foi descoberta na cidade de Campo Formoso, no norte da Bahia. A descoberta foi feita por um grupo de herpetólogos, profissionais especialistas que estudam anfíbios e répteis, durante um estudo de monitoramento ambiental para a instalação de usinas eólicas na região.
O pesquisador Doutor Leonardo Ribeiro, professor na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e coordenador do estudo, notou que esses animais não possuíam características de alguma espécie já descrita, portanto, se tratava de uma nova espécie para o mundo científico.Fazem parte da equipe Henrique Costa, doutorando em Zoologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Samuel Gomides, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
É importante ressaltar que as anfisbenas não são venenosas, e não oferecem nenhum tipo de perigo. O pesquisador notou que esses animais não possuíam características de alguma espécie já descrita, portanto, se tratava de uma nova espécie para o mundo científico.
Essa descoberta lembra a importância dos estudos de impacto e de monitoramento ambiental em empreendimentos que possam modificar a natureza. Em um momento onde se discute um relaxamento das leis ambientais no país (caso da PL 3729/04), este achado indica a necessidade de mais investimentos para inventariar a biodiversidade da Caatinga e a necessidade de entender como essas obras podem afetar as espécies.
Estudos futuros
A espécie recém-descoberta, por exemplo, só é conhecida no município de Campo Formoso, em áreas que foram impactadas pelas obras da construção da usina eólica. A descrição da Amphisbaena kiriri eleva para 23 a riqueza de espécies de anfisbenas do bioma Caatinga. Serão necessários estudos futuros para avaliar se a espécie é abundante ou rara na região. Em abril de 2018, a área onde a nova espécie foi descoberta se tornou oficialmente parte da Área de Proteção Ambiental Boqueirão da Onça, um tipo de unidade de conservação que permite ocupação humana e outras atividades. “Mais importante ainda é o fato do local ficar a menos de um quilômetro do também recém-criado Parque Nacional do Boqueirão da Onça. Apenas com novos trabalhos na região será possível afirmar se o réptil também habita o parque”, concluiu Leonardo Ribeiro.
A publicação saiu no último dia 10 de maio de 2018, na revista Journal of Herpetology, uma publicação da maior sociedade herpetológica internacional, com sede nos Estados Unidos: Society for the Study of Amphibians and Reptiles – SSAR [Sociedade para o Estudo de Anfíbios e Répteis].