Nova taxa básica de juros de 12,25% seria a maior do país em três anos e meio

por Carlos Britto // 21 de janeiro de 2015 às 08:40

selic-nova-versao11.75O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, formado pelo presidente e diretoria da autoridade monetária, se reúne nesta quarta-feira (21) e deve subir novamente a taxa básica de juros da economia brasileira, segundo a expectativa dos economistas do mercado financeiro. A decisão sobre a taxa Selic sairá na noite desta quarta.

A previsão da maior parte dos analistas dos bancos é de um aumento de 0,5 ponto percentual, a mesma intensidade da alta promovida em dezembro do ano passado, o que elevaria os juros de 11,75% para 12,25% ao ano. Se confirmada, será a maior taxa básica desde meados de 2011, ou seja, em três anos e meio.

O Banco Central vem subindo os juros, de forma ininterrupta, desde outubro do ano passado, quando a taxa Selic estava em 11% ao ano. Desde então, já foram promovidas duas altas na Selic. Se um novo aumento acontecer nesta quarta-feira, será o terceiro consecutivo.

Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Nos últimos cinco anos, porém, a inflação ficou bem distante da meta central de 4,5%, e mais próxima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro. Em 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, respectivamente, a inflação somou 5,91%, 6,50%, 5,84%, 5,91% e 6,41%.

Inflação

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, informou, no fim do ano passado, que a inflação deve retomar a trajetória de convergência para a meta central “ao longo de 2015”. Segundo ele, o “horizonte de convergência” com o qual o BC trabalha “se estende até o final de 2016“. O objetivo do BC, portanto, é entregar a inflação na meta central de 4,5% somente no ano que vem. Antes de retomar a trajetória de convergência para a meta durante 2015, a inflação acumulada em doze meses tende a “permanecer elevada”, informou ele em dezembro.

O mercado financeiro, porém, segue incrédulo. De acordo com estimativas coletadas pelo próprio Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, a inflação deve somar 6,67% neste ano (acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro), 5,7% em 2016, 5,5% em 2017 e 5,2% em 2018 – não atingindo, portanto, a meta central de 4,5% até o fim do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Para o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, há sinais claros de que há uma “desaceleração muito forte” na economia brasileira, o que pode jogar o país, novamente, em uma recessão neste ano (dois trimestres seguidos de queda do PIB) – conforme já foi registrado em 2014. Ele avaliou que uma recessão, em 2015, é “bem provável”.

Ele disse ainda que o ajuste nas contas públicas promovido pela nova equipe econômica, com alta de tributos sobre combustíveis, automóveis, operações de crédito e importados, além da contenção de gastos por meio da limitação de benefícios previdenciários e trabalhistas, contribui para diminuir a demanda agregada no futuro – mas também repercutem na inflação no curto prazo. (fonte: G1)

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