Nunca houve tantos brasileiros morando fora do país quanto hoje. Se formassem um estado, a comunidade de 4,5 milhões de pessoas no exterior superaria a população da Paraíba. Apenas na década de 2012 a 2022, mais de 2,6 milhões de brasileiros deixaram o país, com um salto nas emigrações em dois anos marcados por crises: 2013 e 2020.
Para especialistas ouvidos pelo GLOBO, o sentimento de que a grama do vizinho é mesmo mais verde é preponderante entre jovens e profissionais altamente qualificados — um cenário desafiador para o Brasil, que se vê diante de uma população em constante envelhecimento, ao mesmo tempo em que enfrenta a carência de mão de obra especializada em importantes setores para o desenvolvimento econômico, como pesquisa e inovação.
Para o sociólogo Rogério Baptistini, da Universidade Mackenzie, a percepção pessimista sobre o futuro foi um catalizador do fenômeno.
“Em 2013, o consumo das famílias registrou aumento pelo décimo ano consecutivo, mas foi o menor desde 2003. As pessoas que haviam ascendido socialmente e formado uma nova classe média passaram a ter dificuldades para manter a posição conquistada“, analisa. Fatores externos e internos contribuíram para a desaceleração do crescimento da economia, mas foram os domésticos que redundaram na crise que abalou todo o sistema da representação. Essa emigração é devido à morte da esperança: as pessoas já não esperam do futuro e não confiam nos políticos.
O processo se intensificou nos anos que se seguiram, com a crise política interna e a econômica, agravada ainda mais pela pandemia, em 2020.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério das Relações Exteriores, de 2022, dos 4,5 milhões de brasileiros em situação legal na diáspora, 45% vivem na América do Norte, 32% na Europa e apenas 14% migraram para um dos vizinhos na América do Sul. Na série de reportagens que começa neste domingo, O GLOBO mostrará o que está por trás do fenômeno e seus efeitos. A partir de amanhã, vamos contar a história de pessoas que vivem nos cinco principais destinos da comunidade brasileira: Estados Unidos, Portugal, Paraguai, Reino Unido e Japão.
“Como em todo fluxo migratório, um fator inevitável continua a ser a busca por melhores condições econômicas, culturais e sociais, o que pode ser percebido pelo ponto de destino desses brasileiros: a maior parte para a América do Norte e a Europa Ocidental“, aponta Marta Mitico, presidente da Associação Brasileira de Especialistas em Migração e Mobilidade Internacional (Abemmi). O número de brasileiros no exterior cresceu 47% na última década, enquanto o percentual da população interna foi de apenas 6,5% no mesmo período.
Falta de perspectiva
Uma pesquisa Datafolha feita com jovens de 12 capitais brasileiras em 2022 revelou que 76% deles têm muita ou alguma vontade de deixar o país para sempre. E quanto menor a idade, maior o desejo: entre a população de 15 a 19 anos, que ocupa a menor fatia do mercado de trabalho, o patamar chega a 85%.
No caso dos EUA, André Linhares, advogado especialista em migração para o país, avalia que um dos fatores que impulsionou o êxodo começou em 2016, quando uma mudança jurídica facilitou a obtenção de visto permanente. (Fonte: O Globo)
Com a volta do amor as coisas estão cada vez mais difíceis…algum equino vermelho pra contestar???