O que levou Bandeira a deixar o palanque de Wagner?

por Carlos Britto // 25 de março de 2012 às 11:15

Afinal de contas, o que levou o ex-prefeito e suplente de deputado federal Joseph Bandeira, a deixar o palanque do governador da Bahia, Jacques Wagner (PT)? Essa é a pergunta que não quer calar em Juazeiro.

Durante a solenidade de inauguração do acesso ao distrito de Maniçoba e duplicação da BA-210, na sexta-feira (23), o fato é que Bandeira não ficou até o final da solenidade. Fontes ligadas ao próprio governador, dão conta de que Bandeira saiu chateado, porque foi lhe negado pelo cerimonial do Governo do Estado, o direito de se pronunciar durante o evento, algo reservado apenas para os detentores de mandato.

Pessoas ligadas a Bandeira, inclusive o seu filho, o vereador Leonardo Bandeira (PT), negam, dizem que ele saiu mais cedo devido à um compromisso que teria em Salvador. Mas, será que a desculpa cola? Qual outro compromisso seria mais importante para uma grande liderança como Bandeira, do que acompanhar o governador?

Fora isso, Bandeira e seus aliados viram e ouviram o próprio governador e outros que discursaram no palanque, elogiando o atual prefeito Isaac Carvalho (PCdoB), que mais parecia o dono da festa. .

Para o governador a inauguração da duplicação e iluminação do trecho da BA 210, do Mercado do Produtor até a entrada do Tabuleiro e a recuperação do acesso ao Projeto Maniçoba foram o mote para a vinda pela segunda vez em 20 dias, a Juazeiro. Desta feita, sem recusar a falar com a imprensa, mas também fazendo todo esforço do mundo para não falar de eleição e candidato, pautou seu discurso em elogios aos prefeito e fina ironias ao ex deputado Joseph Bandeira:

Ainda que os deputados federais, Edson Pimenta (PSD) e Daniel Almeida (PCdoB)tenham quase exagerado na dose de louvação ao prefeito Isaac Carvalho, o discurso de Wagner foi muito mais expressivo pelo que contém de compromisso, diga-se de passagem, não a outro prefeito, mas a Isaac:  “Sobre essa diferença que existia entre Juazeiro e Petrolina, eu creio que agora nós estamos num roteiro de recuperação e nós vamos zerar com essa diferença daqui para lá, neste novo rumo com  Isaac”, completou o governador.

Salvo a ironia e a lembrança da falta de cuidado com Juazeiro pelos governos anteriores, nenhuma menção elogiosa a Joseph que se digladia com o partido para conseguir ser indicado candidato do PT e que desceu do palanque antes do início dos discursos, segundo não poucos espectadores, depois de ter negado seu pedido para usar a palavra. Saiu como chegou: só.

O esforço de vir a Juazeiro, às vésperas da decisão de escolha dos delegados pelo PT, que irão definir por candidatura própria ou pelo apoio à reeleição do atual prefeito, não é gratuito, assim como a quantidade de compromissos assumidos e lembrar os maus feitos de governos anteriores.

Wagner não falou, mas a sua ação e presença alcançou o objetivo proposto pelo PC do B e Isaac: desmotivar boa parte dos petistas, nem bandeiristas, nem de Isaac, para a decisão deste domingo (25).

Pelos sinais, Wagner já se decidiu por Isaac. Se isso vai tirar o ânimo do velho guerreiro, de tantas batalhas e tantas eleições, algumas com vitórias outras com derrotas, Joseph Bandeira, só o tempo dirá?

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