Hoje (28) foi dia de visitar Socorro, excelente podóloga que me livra de uma de minhas maiores aflições. Ela estava entre serena e emocionada e me contou uma história tão linda quanto tocante.
Geraldo Coelho aparecia sempre lá para cuidar das unhas que incomodavam. Levava a esposa, Dona Loudes, que ficava na cabine ao lado com a colega dela. O ritual era sagrado, vinham os dois juntinhos e cada um no seu cantinho com sua própria profissional. E Dr. Geraldo gostava dela, contava histórias, reclamava, dava uns gritos, risadas. Mas também a visitava na casa que vive com sua família no N-7, claro, sem avisar. Gritava da porta: “vim tomar café”. E entrava com tudo já se abancando na mesa. Era assim o “trator” do Sertão. Às vezes, levava um neto: “Esse veio da Europa e veio tomar um café do Sertão por aqui”.
Quando a doença avançou, Socorro ia em seu apartamento em visita a domicílio. Ele não gostava muito, queria mesmo era ir a clínica, mas já estava difícil demais. Um dia, com a seca no Rio São Francisco, Socorro se pegou olhando para o Rio e perguntou: “Dr Geraldo, será que o rio vai secar?” E ele respondeu com a voz embargada “vai não, ele não faria essa maldade com a gente não”.
Quando o motor do velho tratou parou, demorou um tempo, e Dona Lourdes marcou uma visita a clínica. Só que ela não queria mais ser atendida pela mesma pessoa, gostaria que Socorro, a podóloga de Dr Geraldo a atendesse. A moça retrucou e disse que não era justo, pois ela foi atendida sempre pela colega. “Mas eu preciso ser atendida por você. Foi um pedido que Geraldo me fez. Ele queria que a partir de agora eu virasse sua cliente”, disse ela em lágrimas.
Segurando o choro e engolindo seco ela começou o atendimento. Ela sabia que o desejo dele era que ela não perdesse o cliente com medo de uma perda no seu orçamento. Batia assim o coração do Trator do Sertão.
Carlos Britto
Socorro, eu tenho as mesmas unhas encravadas que ele. Creio que por duas vezes
Me valie dos seus magníficos por insistência dele.
Eu dizia, papai eu tenho a minha em Recife, ele disse, não é melhor que a minha. Foi aí que cheguei ate vc.
Obrigada pelo carinho dedicado ao amado Pai.
Sou um admirador das histórias da família Coêlho. Já tive a oportunidade de ouvir algumas relatadas pelo meu amigo Luiz Eduardo Viana Coêlho. Essas histórias mantém vivo o legado deste valorosos homens e mulheres do nosso sertão. Obrigado por fazer história em nossas vidas.