Na terceira entrevista da série promovida pelo Blog com os candidatos a prefeito de Petrolina, Odacy Amorim (PT) não esconde de ninguém o que sente em relação ao processo espinhoso que o levou a deixar o PSB para incluir o seu nome na corrida municipal. “Existe pressão de todo lado, até hoje”, garante.

Segundo o petista, o fato de não mais aparecer bem avaliado numa recente pesquisa apontando o atual prefeito e candidato à reeleição, Júlio Lóssio (PMDB) como o primeiro nas intenções do eleitorado petrolinense, deve-se inclusive ao mal estar gerado na Frente Popular, após decidir trocar o PSB pelo PT.

“Foi feito um coro na cidade de que não seríamos candidato. Tanto é que as pesquisas que temos, discordam do que foi apresentado”, afirmou. Acompanhado pelo vice, Vilmar Cappellaro (PPS), ele disse não guardar ressentimentos, e frisou que o momento, agora, é de sair às ruas e se apresentar à população, como vem fazendo. Ele disse ainda ter a garantia do partido de que o ex-presidente Lula participará do guia eleitoral de sua campanha, o que deve ajudar ainda mais a reverter o atual cenário.

Na primeira parte da entrevista, Odacy apresentou ainda alguns pontos do seu programa de governo, a exemplo de retomar o projeto de escolas integrais (que começou em sua gestão), criar a Escola do Empreendedor e construir hospitais de barreira nos moldes do Programa de Assistência à Saúde (PAS), também criado quando foi prefeito da cidade (2007-2008). Confiram:

Blog Carlos Britto – Candidato, o senhor começou essa jornada como o mais bem avaliado, mas numa recente pesquisa o senhor está tecnicamente empatado com o segundo colocado, numa disposição desfavorável. Como o senhor avalia isso?

Odacy Amorim – Nós estamos muito animados de que vamos ganhar essa eleição, porque nosso desafio foi imenso. Primeiro para garantir o direito de ser candidato. Toda a movimentação no sentido de desconstruir a nossa candidatura foi colocada com toda a força. Pressão de todo lado até hoje, desde a produtora que contratei para fazer minha campanha, que vem sendo pressionada a desistir de me apoiar por influência política aqui em Petrolina, que não respeita a liberdade democrática de um partido poder apresentar um candidato. Foi feito um coro na cidade de dizer que não seríamos candidato. Tanto é que as pesquisas que nós temos, que não podemos divulgar, elas de certo modo discordam do que foi apresentado. E quando se fala na espontânea, o eleitor já começava a assimilar a ideia de que eu não seria candidato. Quando se coloca na estimulada, aí nosso nome dá uma guinada e vai lá para cima, porque o eleitor diz ‘ah, ele é candidato’. Petrolina sabe a forma violenta, perversa,com que foi tratada nossa candidatura. Tiraram inclusive um partido, o PP, que era uma base fundamental na nossa eleição, inclusive nos forçando a adiar uma convenção. O PSDC, um partido pequeno, que em nível estadual decidiu nos apoiar, o presidente municipal está conosco, tem que brigar na justiça porque a frente do PSB não entende, não respeita. Então, essa posição foi o fator que contribuiu nessa questão (a pesquisa). Mas nós, dentro da retomada do projeto da candidatura assegurada, vamos caminhar em outras direções. Agora é estar nas ruas, começar a se apresentar, fazer as caminhadas, e estamos animados. Entendemos também que toda essa movimentação que tem sido feita é porque não se joga pedra em árvore que não tem fruto. Toda essa movimentação que existe, com toda estrutura econômica que está aqui em Petrolina, o nosso nome aparece na pesquisa como apareceu, com um índice de rejeição de 7%, que é praticamente zero, graças a Deus. Quando o (ex) presidente Lula começar a falar no meu guia, pedindo voto pra mim, com a aprovação da presidenta Dilma, de 84% em Petrolina, com a nossa aprovação também, com a convocação da sociedade, será uma eleição bonita. Inclusive não guardo ressentimento, até mesmo da movimentação que foi feita para tomar o meu mandato na justiça eleitoral. Ontem (24/07) eu ia vencer no TRE, e pediram que adiassem a votação dizendo que estavam fazendo um acordo comigo, sem eu estar sabendo de nada. Pediram pra retirar de pauta porque o Tribunal ia rejeitar proposta de cassação do meu mandato. O Ministério Público já deu parecer contrário, porque sabe que tenho razão quando eu tomei a decisão (de sair do PSB), e o partido não respeitou a nossa liderança e Petrolina.

Blog – Em relação a Lula, o senhor já tem a garantia de que ele participará do seu guia eleitoral, candidato?

O.A – Eu tenho a garantia do Partido dos Trabalhadores, e uma garantia do senador Humberto Costa, que me ligou inclusive ontem (24/07). Ele está me levando para São Paulo, para um encontro com o presidente Lula na próxima segunda-feira. E tenho fé em Deus que a ‘mão invisível’ não queira atrapalhar. Que respeitem essa decisão do Partido dos Trabalhadores de ter candidatura própria em Petrolina. A gente respeita, por exemplo, a presença do governador (Eduardo Campos) na candidatura do PSB. Mas entendemos que o PSB também respeite o direito do PT poder trabalhar uma candidatura própria em Petrolina.

Blog – O senhor vai para essa campanha com aquele gostinho de ter completado uma administração que não terminou. O que o senhor traz como prioridade, numa eventual administração, que gostaria de ter feito e não deu?

O.A – Por exemplo, na área de educação, queremos retomar o projeto de Escola de Tempo Integral. Foi no meu governo que inauguramos a primeira escola de tempo integral no estado de Pernambuco. Foi uma conquista maravilhosa e inclusive recebemos um prêmio nacional por nossa movimentação na área de educação, deixando Petrolina entre as dez melhores experiências de educação no Brasil. Construímos várias escolas, com recursos próprios da prefeitura(…) Pretendo implantar a Escola do Empreendedor, porque vivemos num país onde as pessoas estão sempre focadas na ideia do concurso. E nós precisamos também despertar em Petrolina a ideia do empreendedorismo. Vai ter lugar para quem quer fazer concurso, mas de repente você tem um jovem talentoso que quer desenvolver um negócio. Vamos buscar parcerias com governo do estado, onde a gente possa trabalhar desde o ensino fundamental numa escola. Depois essa escola vai ser modelo, daí vamos discutir com os técnicos e especialistas a possibilidade de ter disciplinas nas escolas pra cuidar desse assunto, mas que essa escola estará direcionada para o empreendedorismo. Eu não sei se a prefeitura já vendeu o Motiva (antigo colégio), mas a minha ideia era pegar um projeto daquele, recuperar aquela escola e implantar um projeto de uma escola de qualidade, com infraestrutura, trabalhando a visão do empreendedorismo.

Blog – E nas demais áreas?

O.A – Na área de segurança, queremos retomar o projeto de monitoramento eletrônico em todas as avenidas de Petrolina, de voltar a parceria com a Polícia Militar. Na área de saúde, queremos implantar os hospitais de barreira, reabrir o hospital do José e Maria que a prefeitura fechou, e vou abrir um hospital de barreira no (perímetro) Nilo Coelho, outro em Rajada e vamos discutir a possibilidade de abrir um terceiro nas áreas ribeirinhas.

Blog – O que é um hospital de barreira?

O.A – Vocês lembram quando nós abrimos o PAS (Programa de Atenção à Saúde) no José e Maria. O PAS tem médico 24 horas, e as pequenas urgências não vão para o Hospital de Traumas (HUT), nem para o Dom Malan (HDM). Alguém tem um problema de hipertensão, ou mal estar, uma crise de estômago, uma apendicite, e a pessoa pode ficar até 24 horas internada em observação, recebendo medicação. Daí se avalia se ela deve ou não ir para o hospital de urgências e emergências. É uma estrutura que não é grande, e com a UPA,que nós deixamos em 2008, inclusive na revista (de divulgação das ações do Governo Odacy) mostramos que a UPA estava aprovada para Petrolina, mas infelizmente essa disputa de prefeitura com estado atrasou a chegada da UPA. Então vamos buscar fazer isso junto com o governo. E fazer também um trabalho muito forte na área da juventude, da infância, do lazer. Repetir o modelo da Sementeira em vários bairros de Petrolina. Vamos fazer modelos de praças naquele estilo, nos bairros e em pontos da área irrigada, de sequeiro e ribeirinha.