A Polícia Civil (PC) indiciou quatro pessoas em dois dos cinco inquéritos abertos contra o Padre Airton Freire, acusado de estupro. Esses dois procedimentos foram concluídos pela corporação, que informou que, entre as quatro pessoas indiciadas, uma delas é o religioso e as outras duas estão foragidas.
Padre Airton Freire foi denunciado por cinco pessoas por estupros que teriam sido praticados com a ajuda de funcionários. Nessa quarta-feira (26), a PC concedeu uma entrevista coletiva sobre o caso, na sede da corporação, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife.
A investigação foi intitulada Operação Amnom. As pessoas indiciadas são:
– Padre Airton Freire: teria abusado e ordenado abusos contra vítimas (preso);
– Jailson Leonardo da Silva: motorista suspeito de estuprar a personal stylist Silvia Tavares, que levou o caso a público (foragido);
– Landelino Rodrigues da Costa Filho: trabalhava com comunicação e era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos. Não se sabe a participação dele nos crimes (foragido);
– Motorista indiciado por falso testemunho: segundo a polícia, o nome não foi divulgado porque não há mandado de prisão contra ele.
– Padre Airton está preso preventivamente e internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Recife, com “princípio de acidente vascular cerebral (AVC)”. A defesa dele nega as acusações.
“São mulheres que não se conhecem, e um homem, também, que detalham de forma emocionada, demonstram dor em relembrar os fatos, e não há nenhum indicativo de que estão inventando, fantasiando algo sobre um homem que, por elas, era tido como um homem santo. Todos os elementos que não podemos dar detalhamento corroboram para essa linha“, disse a delegada Andrezza Gregório, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, no Sertão, responsável pela investigação.
A delegada Fabiana Leandro, diretora do Departamento da Mulher, informou que todas as outras vítimas procuraram a polícia depois que Silvia Tavares foi a público expor o caso. “Nosso número está à disposição da população para outras vítimas que queiram realizar denúncias, ou testemunhas e colaboradores. O telefone é (81) 9 9488-7082”, disse a delegada.
A delegada Fabiana Leal informou, ainda, que tomou conhecimento de outros possíveis casos que podem se tornar novos inquéritos. “A gente precisa ainda apurar, realizar oitivas, para poder definir qual o tipo penal que vai se enquadrar o caso dela, se está prescrito, se não está prescrito, para, realmente, instaurar o procedimento”, explicou.
Das vítimas identificadas até o momento, segundo a polícia, quatro são de Pernambuco e uma é de outro estado, que não foi informado. “Pela natureza do trabalho prestado, era comum virem caravanas de outros estados para Pernambuco, é a notícia que a gente tem. Então, naturalmente, pode ter vítimas de qualquer estado do país procurando a polícia“, disse a delegada Morgana Alves.
Defesas
A defesa do Padre Airton, formada pelos advogados Mariana Carvalho e Marcelo Leal, informou que “existem provas técnicas, documentais e testemunhais, no âmbito dos dois inquéritos concluídos, que atestam que o Padre Airton é inocente“. Disse, também, que não pode revelar as provas porque as investigações estão em segredo de Justiça.
A defesa disse que a Polícia Civil não se pronunciou sobre “a tentativa de extorsão praticada por uma das supostas vítimas contra o padre Airton“.
Disse, também, que a prisão preventiva do padre “fere a legislação brasileira e o direito internacional pelos fatos já expostos à imprensa: o religioso nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas, nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça“.
A defesa de Jailson Leonardo da Silva afirmou que o motorista “não possui histórico de qualquer conduta criminosa” e que, por isso, “a defesa está trabalhando na revogação da decretação de sua prisão preventiva pois entende ser essa totalmente infundada e desproporcional”
A defesa também disse que é “absurdo esperar que alguém acusado injustamente de um crime gravíssimo e altamente estigmatizante se entregue espontaneamente ao presídio, onde se sabe o risco inclusive de vida que ele pode sofrer, principalmente quando há provas de sua inocência nos autos que estão sendo completamente desconsideradas”.
Ainda segundo a defesa, Jailson “está fazendo uso de suas garantias fundamentais em não se render por ora ao direto que entender ser injusto”.
Por fim, a defesa também diz que o indiciamento não significa culpa ou condenação criminal transitada em julgado. “É direito natural do ser humano lutar por sua liberdade, inocência e justiça, e neste caso, tudo está sendo feito conforme a lei“, afirma.
Já a defesa de Landelino Rodrigues da Costa Filho afirmou que os fatos serão “devidamente esclarecidos” durante o processo, e que “o investigado sempre respeitou as normas e leis que regem o país e possui uma conduta íntegra”.
A defesa também disse que qualquer conclusão neste momento “será precipitada e temerária”. Sobre estar foragido, a defesa disse que Landelino “se resguarda ao direito de se pronunciar posteriormente, quando todos os fatos forem esclarecidos e a verdade demonstrada, preservando dessa maneira sua integridade, bem como da sua família”. (Fonte: g1-PE)