Partido de Fidelix vive crise sem precedentes, com acusações para todos os lados

por Carlos Britto // 25 de julho de 2023 às 18:00

Jair Bolsonaro, Levy Fidelix e Hamilton Mourão. (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Com a morte do fundador do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Levy Fidelix, em 23 de abril de 2021, vítima da Covid 19, teve início uma disputa pelo controle interno da legenda – ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A agremiação, que indicou inclusive Hamilton Mourão (hoje senador da República) para compor a chapa com Bolsonaro em 2018, passa nesse momento por uma crise sem precedentes.

Considerado um partido de direita, que durante os últimos 4 anos defendeu a bandeira do Bolsonarismo (Deus, Pátria e família), o PRTB parece que defendia isso somente no discurso. Logo após o falecimento de Levy, em 2021, sua esposa Aldineia Rodrigues Fidelix da Cruz assumiu o controle do partido. 

Acusada de diversas irregularidades na gestão do PRTB, ela foi derrubada pela justiça por Julio Fidelix. Acontece que, no final do mês de maio, Julio foi afastado pelo ministro Alexandre de Moraes, também por irregularidades na condução do partido.

Julio e Aldineia Fidelix, irmão e viúva de Levy, travam uma disputa dentro do partido com diversas acusações de ambos os lados. Aldineia afirma que Julio falsificou a ata que o elegeu no dia 30 de dezembro de 2021, incluindo na ata da convenção assinaturas falsas, até mesmo de fundadores do partido que já haviam falecido. Aldineia é acusada de uso indevido dos recursos do partido.

A queda de braço foi parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que determinou aos vices presidentes Pedro Tiago de Orleans e Bragança e Murad Karabachian para, no prazo de 60 dias, convocarem novas eleições no partido.

Petições

Uma série de petições foi parar no TSE com acusações de todos os lados. Em uma delas, um dos convocados para realizar as eleições, Murad Karabachian, é acusado de possui diversas condenações criminais e responder a vários processos por estelionato (venda de terreno já comercializado) e Lei Maria da Penha (agressão à ex-mulher Novart Karabachian), inclusive tendo sido afastado da direção da Fundação Karnig Bazarian (Faculdade Integradas de Ipatinga), por causa dessa condenação.

Nessa mesma petição, a dirigente do PRTB em São Paulo, uma das postulantes ao cargo de presidente nacional do PRTB, é acusada de ser casada com Arthur Marcelo Borges dos Santos, que teria sido inserido ilegalmente como membro do diretório do PRTB. Arthur, que advoga para Murad Karabachian, é acusado de ter sido preso e condenado por tráfico de drogas, tendo inclusive um habeas corpus negado pelo STJ, por ser reincidente e por ter ficado foragido.

O cunhado de Raquel de Carvalho e irmão de Arthur, Paulo Marcos Borges dos Santos, também é acusado de ter sido inserido irregularmente como membro do diretório nacional e de ser traficante de drogas, além de responder por improbidade administrativa por desvio de recursos públicos.

Em uma das petições enviadas ao TSE, o convocado por Alexandre de Moraes, Murad Karabachian, pede ao ministro a nomeação de Raquel de Carvalho como presidente do PRTB.

Confusões

Ao longo de 2023, diversas reuniões de membros do PRTB acabaram em confusões com registro de boletim de ocorrência nos estados da Bahia, São Paulo e Distrito Federal, sempre com trocas de acusações. Apesar de o PRTB não ter batido a cláusula de barreira nas últimas eleições, um partido político é sempre importante nessas disputas municipais para o lançamento de candidaturas de prefeitos e vereadores. Essas legendas menores sobrevivem elegendo vereadores e prefeitos de pequenas cidades. O ministro Alexandre de Moraes determinou que sejam marcados data, hora e local para o término dessa disputa. As informações são do PRTB.

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