PE acende alerta em função da escassez de chuvas; municípios do Sertão sob risco

por Carlos Britto // 30 de dezembro de 2024 às 20:08

Foto: divulgação

Diante dos impactos da estiagem que já afeta mais da metade dos municípios pernambucanos, uma atualização sobre este quadro e um detalhamento das medidas que já vêm sendo empreendidas para enfrentá-lo foram dados numa entrevista coletiva, ocorrida nesta segunda-feira (30), na sala de situação da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), no bairro de Santo Amaro, no Recife. Até o momento, 94 municípios pernambucanos decretaram situação de emergência. A maioria deles, inclusive, teve reconhecimento oficializado, por meio de Portaria do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR).

Para além dos 94 municípios citados já com emergência reconhecida, estudos internos da Compesa apontam para a necessidade de alargamento desta situação para mais cidades, tendo em vista a situação de vulnerabilidade dos mananciais que os abastecem, caso as previsões de chuvas abaixo da média sejam concretizadas“, explicou o secretário de recursos hídricos e Saneamento do Estado, Almir Cirilo.

A previsão climática para janeiro/fevereiro/março de 2025 indica acumulado de chuva de normal a abaixo da normal e temperaturas acima da média climatológica para todo Estado, ainda segundo a Apac. “Será um trimestre considerado seco para a Região Metropolitana, Zona da Mata e Agreste, enquanto no Sertão, onde seria a estação chuvosa, poderão ocorrer pancadas de chuvas isoladas de intensidade moderada a forte, porém concentradas em poucos dias, seguidos de períodos com dias secos“, disse a diretora presidente em exercício da Apac, Crystianne Rosal.

Ações

Para garantir a assistência adequada às populações vulneráveis e a intensificação do planejamento para o enfrentamento da emergência, visando a minimizar os impactos nos municípios afetados pela baixa pluviosidade as seguintes ações já estão em curso:

– Equipes da Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento, Compesa, Apac e Defesa Civil de Pernambuco vem atuando de forma integrada em todas as etapas do enfrentamento, desde o monitoramento dos reservatórios e mananciais, às previsões e prognósticos climáticos e planejamento da assistência;

– De acordo com o monitoramento hidrológico da Apac, dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana do Recife (RMR), um está em colapso – a barragem de Goitá, que está com sua acumulação em 5,5 % de seu volume e dois estão em pré-colapso – as barragens Bita e Utinga, que estão com 13% e 13,8% de seu volume, respectivamente. Com relação aos reservatórios que abastecem o Agreste, a barragem de Jucazinho encontra-se em colapso, com acumulação em 6,85% de seu volume;

– Foi empreendido reforço no fornecimento de caminhões-pipa, com provisionamento financeiro tanto do Governo Federal, quanto esforços estaduais. Neste momento, 502.299 pessoas estão sendo atendidas com esta forma de abastecimento d’água, no Agreste, Sertão e Zona da Mata;

– As infraestruturas que buscam o atendimento à população rural, que já têm tido grande prioridade nos investimentos, também estão sendo reforçadas. Desde janeiro de 2023 até agora, foram entregues 20 sistemas simplificados de abastecimento – que se espalham pelo Sertão, pelo Agreste e Mata Norte, num investimento total de R$ 31,7 milhões. Além disso, foram recuperados ou instalados 300 dessalinizadores que suprem a necessidade de abastecimento d’água da população difusa e, para 2025, está prevista a construção de mais 400 equipamentos, além da instalação de 600 poços;

– Medidas emergenciais estão sendo adotadas neste momento pela Compesa, para mitigar os impactos da falta de chuvas no abastecimento da população, como ativação de captações antigas, reforço da frota de carros-pipas e das equipes de manutenção, e alterações nos calendários de fornecimento da água, já a partir do dia 3 de janeiro. Além disso, obras estruturadoras que estão sendo realizadas para dar garantia e segurança hídrica do abastecimento seguem avançando rumo às entregas, como as adutoras do Agreste, Alto Capibaribe e Serro Azul.

Compesa

Para enfrentar a situação de escassez de chuvas, a Compesa precisou realizar ajustes operacionais nos sistemas afetados e promover alteração de calendários de abastecimento com o objetivo de assegurar o atendimento sustentado das regiões nos meses de janeiro, fevereiro e março, que é o período que antecede a quadra chuvosa. A medida será amparada em ações emergenciais propostas pela Companhia.

Como forma de mitigar os efeitos da ausência de chuvas, medidas emergenciais estão sendo adotadas, como reforço da frota de carros-pipa. Uma nova fase de credenciamento de pipeiros para atendimento em vários municípios será iniciada na quinta-feira (2 de janeiro). Para agilizar a contratação, a Compesa está disponibilizando um telefone exclusivo para o atendimento dos pipeiros interessados, prestando informações e orientações para o cadastramento emergencial dos veículos. O atendimento será pelo telefone 81 3412 9722, de segunda a sexta-feira, no horário das 08h às 12h e das 13h às 17h. A medida é uma das ações definidas para o enfrentamento ao estado de alerta devido à escassez de chuvas e baixo nível de diversos mananciais. Esse suporte servirá para complementação do abastecimento nas cidades com maior dificuldade hídrica.

Situação dos municípios

As situações que requerem atenção no abastecimento estão concentradas no Agreste, Zona da Mata, Sertão e parte da Região Metropolitana do Recife (RMR) em virtude do baixo nível de algumas barragens. São 16 mananciais em nível crítico no Sertão, Agreste e Zona da Mata pernambucana e que já impactam o abastecimento de 14 municípios: Água Belas, Calçado, Chã Grande, Gravatá, Jurema, Lajedo e Saloá (no Agreste); Camutanga, Chã de Alegria, Ferreiros, Ribeirão, Timbaúba e Vicência (Zona da Mata); e Santa Filomena (Sertão).

Outros 38 mananciais nessas regiões e também na RMR estão em nível de alerta. Estes são responsáveis pelo atendimento de 48 municípios pernambucanos: Belém de Maria, Belo Jardim, Bezerros, Camocim de São Félix, Canhotinho, Capoeiras, Caruaru, Casinhas, Cumaru, Frei Miguelinho, Gravatá, Machados, Panelas, Paranatama, Passira, Poção, Riacho das Almas, Sairé, Salgadinho, Santa Maria do Cambucá, Surubim, Taquaritinga do Norte, Toritama e Vertentes (Agreste); Bom Jardim, Escada, João Alfredo, Limoeiro, Macaparana, Machados, Nazaré da Mata, Orobó, Pombos, Sirinhaém e Vitória de Santo Antão (Zona da Mata); Afrânio, Dormentes, Santa Cruz e Santa Terezinha (Sertão); e Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Moreno, Paulista e São Lourenço da Mata (RMR).

De acordo com o presidente da Compesa, Alex Campos, as mudanças no esquema de distribuição de água nas cidades são necessárias diante da escassez, mas serão reavaliadas com o início da quadra chuvosa, a partir de março. Ele destaca, no entanto, que o uso racional do líquido será fundamental para atravessar esse momento.

Os calendários de abastecimento estão sendo atualizados de acordo com o monitoramento dos reservatórios e entram em vigor a partir da próxima sexta-feira (3) nas cidades impactadas pela redução dos níveis dos mananciais. Eles podem ser consultados nos canais oficiais da empresa: site, aplicativo e canal de atendimento 0800 081 0195.

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