Peritos federais fazem protesto ‘silencioso’ durante Semiárido Show 2013 contra ‘morte’ da reforma agrária

por Carlos Britto // 30 de outubro de 2013 às 19:01

falecimento_reforma_agraria_sr_29_pet_8_10_2013Um grupo de peritos federais que atua em Petrolina aproveitou o Semiárido Show 2013, aberto ontem (29), para fazer um protesto ‘silencioso’. A categoria está mobilizada, em todo o país, contra o que tacha de “descaso” do governo federal com a reforma agrária e a gestão de terras no Brasil.

Desde o último dia 3 de outubro, os profissionais iniciaram uma campanha intitulada “Falecimento da Reforma Agrária”, publicando notícias no site do Sindicato (www.sindpfa.org.br) acompanhadas de inserções de vídeos na internet e veiculações em rádio.

Os peritos federais aderiram à iniciativa nas superintendências regionais do Incra e promoveram vários atos simbólicos, como o velório e o enterro da reforma agrária no Brasil.

Em meio à irreverência, os peritos deixam claro o baixo compromisso do governo federal com a causa agrária. Ironias à parte, a campanha – segundo eles – vem trazer à sociedade uma triste realidade: a de que a reforma agrária está paralisada. “As causas são muitas, mas as evidências mostram que o descaso com a gestão das terras do país é uma decisão de governo. Só não tiveram coragem ainda de dizer isso à sociedade”, afirma o engenheiro agrônomo e perito agrário Renato Faccioly de Aguiar.

Sucateamento

Ele conta que em 2013 a autarquia completou 43 anos vivendo uma crise sem precedentes em toda sua história. Falta tudo, desde equipamentos a servidores. Os que nela trabalham amargam as mais baixas remunerações do serviço público federal e veem o órgão precarizado.

Em setembro, por exemplo, os engenheiros agrônomos suspenderam as atividades porque o órgão não vem fornecendo sequer os equipamentos de proteção individual (EPIs), para a realização das vistorias de imóveis rurais, ficando desprotegidos desde a superexposição ao sol a lesões e picadas por animais peçonhentos.

Em 2011, o Incra terminava o ano com a triste marca: apenas 58 imóveis rurais decretados de interesse social para fins de reforma agrária, totalizando uma área de 101.960 hectares, com capacidade de assentamento estimada em 2.821 famílias. Considerando os dados a partir do ano de 1995, este foi o pior ano até então.

No ano passado, porém, a autarquia estabeleceu um novo recorde negativo, “superando” o índice do ano anterior: foram apenas 28 imóveis rurais decretados de interesse social para fins de reforma agrária, totalizando uma área de 45.663 hectares, com capacidade de assentamento estimada em 1.253 famílias. Nunca antes, nos últimos 18 anos, o Incra tinha apresentado números tão pífios quanto estes, segundo Aguiar. (Foto/divulgação)

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