PGR adia denúncia de Bolsonaro no caso das joias sauditas para pós-eleição

por Carlos Britto // 05 de julho de 2024 às 14:00

Foto: Montagem O Globo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está demonstrando cautela ao lidar com o inquérito das joias sauditas envolvendo o ex-presidente, Jair Bolsonaro. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e sua equipe têm uma data informal em mente: 16 de agosto, início da propaganda eleitoral. A decisão sobre apresentar ou não a denúncia será feita até essa data ou somente após as eleições, evitando críticas de possível atuação política.

O inquérito da Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid, além de outras 10 pessoas, por crimes como peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. No entanto, dentro da cúpula do Partido Liberal (PL), já é esperado que a PGR formalize a denúncia.

Gonet, que assumiu o cargo por indicação do presidente Lula com apoio dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, pretende evitar ser acusado de agir politicamente.

A decisão final sobre a denúncia será tomada após o recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), quando o prazo de 15 dias para decidir se denuncia, arquiva ou solicita mais provas começará a contar. Esse prazo é considerado “impróprio” pela PGR, indicando que Gonet pode usar o tempo necessário para formar sua convicção sobre o caso.

A cautela da PGR lembra precedentes, como o caso do ex-presidente Michel Temer, indiciado pela PF em outubro de 2018 e denunciado pela PGR dois meses depois, no final de seu mandato. Essa estratégia busca evitar impactos políticos diretos no período eleitoral.

Entenda o caso

A PF indiciou Bolsonaro no caso das joias sauditas, enviando um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. A investigação revelou que uma organização criminosa desviou e vendeu presentes de autoridades estrangeiras, que deveriam ter sido incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência. Além de Bolsonaro, foram indiciados Mauro Cid e outros 10 envolvidos, incluindo o advogado Frederick Wasseff. A PF descobriu que parte das joias foi transportada no avião presidencial e vendida, com valores depositados em contas de aliados próximos de Bolsonaro.

Com o indiciamento, o caso segue para a Procuradoria-Geral da República, que decidirá sobre a denúncia ao STF. A defesa de Bolsonaro ainda não se pronunciou, enquanto seu filho, senador Flávio Bolsonaro, acusou a PF de perseguição política. O advogado Fábio Wajngarten, também indiciado, criticou a decisão, alegando que apenas orientou a devolução das joias ao TCU. (Com informações do O Globo e Agência Brasil)

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