A poesia invadiu a feira livre de Arcoverde (PE), Sertão do Moxotó, ontem (26), no último penúltimo dia da 3ª edição da Feira Literária do Sertão (Felis). Entre o colorido das barracas de frutas, verduras, artigos para casa e roupas, violeiros, cantadores e poetas exibiram a arte da oralidade tão presente na cultura local, mas quase nunca associada a um evento tão identitário de uma cidade quanto sua feira semanal.
Preservar a oralidade, a tradição cultural, aliás, foi o tema desta edição da Felis, que foi realizada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em parceria com o Coletivo Cultural de Arcoverde (Cocar).
Um outro tipo de poesia, mais urbana, interagiu com a poesia sertaneja na noite do mesmo sábado. O poeta Miró da Muribeca fez uma performance poética na noite agradável do Sertão, região com a qual possui intimidade e amizades poéticas. Miró acabou de ser homenageado pela 14ª edição da Balada Literária, na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Daqui a poucos dias ele lança seu primeiro livro infantil, ‘Atchim!’ (Cepe Editora), durante a 5ª edição da Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), que acontece de 30 de outubro a 3 de novembro, no Centro de Convenções de Olinda.
Mais cedo, no início da tarde, a jornalista Marileide Alves, finalista do Prêmio Jabuti 2019 – considerado um dos mais importantes prêmios de literatura do País, com o livro ‘Povo Xambá resiste: 80 anos de repressão aos terreiros de Pernambuco’, editado pela Cepe – conversou com o público que foi até a Praça Winston Siqueira, com o sol ainda alto.
Quando o sol caiu e a noite trouxe o ventinho agradável sertanejo, o jornalista e antropólogo Bruno Albertim e o chef César Santos bateram um papo sobre o quanto a comida revela a identidade de um povo, principalmente no caso do Nordeste.
Cinema e literatura
O papo seguinte da noite foi sobre cinema e literatura com o roteirista da Globo, Nelson Caldas Filho, e a cineasta Kátia Mesel. A conversa arrancou muitas risadas do público quando Nelson contou sobre suas inspirações para roteiros de filme de terror. Já Kátia, que considera o roteiro uma obra literária, pontuou sua preferência pelos documentários, pela preservação da memória, ainda que sempre acrescido da visão pessoal de cada um a respeito dos fatos.