“Polícia prende, juiz solta?” Petrolina, Juazeiro e o Vale precisam entender melhor essa polêmica

por Carlos Britto // 07 de abril de 2025 às 06:26

Foto: Reprodução TJPE

Não raro recebemos esses comentários no Blog, em nossas mídias sociais, na programação das rádios. Essa é uma frase que muita gente costuma ouvir: “a polícia prende, o juiz solta”. Mas será que é assim mesmo que funciona?

A audiência de custódia e o papel do juiz

Quando uma pessoa é presa em flagrante, ela precisa ser levada rapidamente a um juiz, geralmente em até 24 horas. Essa etapa é chamada de audiência de custódia. Nela, o juiz analisa se a prisão foi feita dentro da lei, se houve respeito aos direitos do preso, e se há motivos para a pessoa continuar presa ou se pode responder em liberdade.

Muita gente reclama que nessa audiência os presos são soltos. Mas, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quase 66% das pessoas presas em flagrante continuam presas após a audiência de custódia. Ou seja, apenas um terço é solto, e isso geralmente ocorre quando a prisão tem alguma irregularidade, como falta de provas, ausência de flagrante ou excesso de violência policial.

Estatísticas das audiências de custódia

Desde a implementação das audiências de custódia no Brasil, em 2015, até agosto de 2024, foram realizadas aproximadamente 1,7 milhão dessas audiências. Desse total, cerca de 39% dos presos em flagrante receberam liberdade provisória, enquanto 60% tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva.

O juiz não pode “manter preso” só por vontade

O que muitas pessoas não sabem é que os juízes também são obrigados a seguir a lei. Se uma prisão foi feita de maneira irregular, eles não podem simplesmente manter a pessoa presa, pois isso também seria ilegal. Ou seja, os próprios juízes estariam cometendo uma ilegalidade se mantivessem alguém preso fora dos critérios permitidos pela lei.

Além disso, em casos em que o suspeito não foi preso em flagrante (ou seja, não foi pego cometendo o crime ou logo após cometê-lo), ele só pode ser preso se houver um mandado judicial, geralmente pedido por um delegado ou promotor. Nesses casos, o juiz não pode decretar a prisão por conta própria.

Delegados também têm responsabilidade

Outro ponto que gera conflitos é quando a polícia prende alguém e não pede a prisão preventiva, que é o tipo de prisão que pode manter a pessoa detida por mais tempo, mesmo sem flagrante. Muitos juízes dizem que, sem esse pedido formal, eles ficam de mãos atadas e não podem transformar uma prisão simples em uma prisão preventiva por conta própria, pois isso também seria ilegal.

Ou seja, a responsabilidade é dividida: a polícia precisa fazer a prisão dentro dos parâmetros legais, e os pedidos precisam ser bem fundamentados. Caso contrário, o juiz é obrigado a soltar.

Riscos para a própria polícia

Quando uma prisão é feita sem os devidos critérios, o policial também corre riscos legais, podendo ser acusado de abuso de autoridade. Isso acaba gerando uma situação delicada: se a polícia prende sem provas suficientes, corre o risco de ser punida; se não prende, a população cobra por segurança.

A frustração da comunidade

Toda essa situação gera impaciência na população. É compreensível que as pessoas queiram ver criminosos punidos e presos. Mas é importante entender que o sistema de justiça funciona com base em leis, garantias e procedimentos que precisam ser respeitados para evitar injustiças.

Ninguém quer ver um criminoso solto, mas também não se pode prender alguém sem provas ou fora da lei. O equilíbrio entre segurança e direitos é difícil, mas necessário.

“Polícia prende, juiz solta?” Petrolina, Juazeiro e o Vale precisam entender melhor essa polêmica

  1. Sempre Atento disse:

    Quer dizer que os ladrões da lava jato não tinham provas,por isso o supremo soltou todos,muito blá-blá-blá, pensam que todos brasileiros são jumentos.

  2. Fabio disse:

    Só no Brasil mesmo que quem comete algum tipo de crime tem direito, marginais não tem direito, tem deveres, tem marginais que são preso uma, duas, três, quatros vezes e em todas as vezes o juiz solta, isso é o que ? Direito do preso? NAO! isso é impunidade.

  3. Joaquim Alves Guimarães Neto disse:

    Tudo conversa fiada. Muitas conduções são feitas pelas policias militares de forma lega, com prova material do crime e são soltos nas audiências de custódia pela simples palavra do delinquente falar que foi agredido pela polícia militar ou civil. Quando a maioria das vezes o próprio delinquente resiste a prisão e acaba sofrendo o uso da força para ser concluída a ação legal da polícia. O problema é que se implantou na sociedade uma cultura de criminalisar o policial militar pelas suas ações legair. Hoje o bandido tem mais fé de ofício do que um policial militar que estudou para passar no concurso, treinado numa academia, e nomeado pelo Estado, jurando morrer por sociedade mal educada e juizer contaminados com uma ideologia que massacra os policiais militares os comparando ao regime militar de 64. Até quando vamos viver nos anos 60? Até quando a sociedade vai viver presa em suas casas com muros altos, com cercas elétricas e câmeras nos quatro cantos da casa? A verdade é que romantizaram os criminosos e condenaram a sociedade e as policiais como os verdadeiros vilões. Vc acha que se um bandido furtar a casa de o juiz ou promotor ou defensor público, eles vão aceitar a saida na audiência de custódia desse elemento? Claro que não. São dois pesos e duas medidas nessa sociedade de faz de conta.

  4. ROBERTO disse:

    Alguns anos atrás, um “CIDADÃO DE BEM” subtraiu alguns objetos de um determinado estabelecimento aqui em Petrolina-PE. Em poucas horas, com testemunhas oculares, os policiais conseguiram recuperar tudo na residência do dito cidadão. Foi levado à delegacia o CIDADÃO com os objetos … adivinhem o final da história, kkkkkkk. Brasil

  5. Paulo Roberto disse:

    Esses dias um cidadão de bem sem querer foi preso com 850 kg de cocaína…
    Adivinhem…
    Foi solto na audiência de custódia.
    Penso eu que foi pouca cocaína pra fazer o flagrante e o juiz decretar a preventiva dele ou foi só pra tomar uma cervejinha final de semana.

  6. Edilberto disse:

    Isso gera uma polêmica inútil, perder tempo, as leis são péssimas. Parece que os Legisladores (Deputados e Senadores), fazem leis pensando no próprio futuro a maioria é “desonesta”. Tem marginal que foi preso várias vezes e, continuam soltando eles. O marginal (inclusive políticos) pego em flagrante, provas concretas, réu confesso, precisava ter a “certeza” que ficaria um ano preso no mínimo, sem apelação ou recurso.

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