O prefeito de Uauá, Jorge Lobo, junto com o secretário de Obras, Marcos Henrique Lobo e o Assessor Jurídico Pedro Cordeiro, visitaram o Blog para uma entrevista exclusiva. Jorge confessou que esperava mais do Governo Wagner e que a sua prioridade é a construção da BR-235.

Leiam os principais trechos:

Blog: Prefeito, como o senhor avalia esses anos, já que o senhor está no segundo mandato?

Jorge Lobo: O que nós temos passado nesses últimos anos, principalmente com essa crise que abalou o país, é que nós temos sofrido muito mais do que a gente imaginava. Primeiro porque principalmente a verba de infraestrutura que trabalha com estradas e construções foi extinta. Isso fez a gente perder, só nos últimos seis meses, mais ou menos 95 a 100 mil reais. Para uma prefeitura de grande ou de médio porte não é tanto, mas para o município de Uauá, faz uma falta tão grande que você começa a reduzir folha, reduzir despesas de custeio. Essa já é uma crise sazonal que visa à devolução do imposto de renda do Governo Federal e atinge os municípios nos meses de julho, agosto, setembro e outubro. Nós vamos ter que suspender todas as obras por quatro meses. Porque a gente teve uma notícia hoje, da Confederação dos Municípios, que o governo assinou aquela medida provisória de complementação dos recursos em decorrência do repasse de 2008. Então você faz uma programação e o Governo Federal faz outra, aí nós decidimos trabalhar de acordo com o que tem também. Você não pode ter uma despesa fixa, você agora tem que ter uma despesa variada, que quando chegar a um determinado patamar vai ter que baixar, não tem jeito.

Blog: E em relação ao governo do estado, o senhor tem sintonia com Jaques Wagner?

Jorge Lobo: Tenho feito muitas reivindicações e todas que eu faço eu protocolo, para não ficar só na questão da palavra, porque às vezes pode surgir uma intempestividade e você pergunta: “E aí, o que foi que você solicitou do Governo do Estado?” Eu tive ajuda apenas na construção de um posto de saúde, no valor de 110 mil reais, isso começou há dois anos e só está terminando agora. Então você imagina o retardamento dos repasses. E o investimento no valor de 322 mil reais, via CONDER, para calçar em torno de seis a sete ruas em Uauá. O Governo também duplicou uma grande obra em Uauá, isso aí nós não podemos deixar de reconhecer, que foi a duplicação da água de Pilar até Uauá, isso vai atender uma demanda de uns 30 anos. Uauá está mais tranqüilo agora.

Blog: O senhor vai parar as obras por causa dos recursos? E os outros recursos? Porque eles não param de chegar. A não ser os carimbados para saúde e educação.

 Jorge Lobo: O problema hoje é o seguinte: Você destina 15% para saúde, 25% para educação. Não é constitucional, mas nós destinamos 5% para área de ação social. Depois vem água, luz, despesa com combustível, despesa com complementação de Fundep. Quando você vai ver o que sobra no repasse de investimentos gerais, que são aproximadamente 950 mil reais, ficam apenas 50 a 100 mil reais livres para você aplicar em obras.

Blog: E como é que se dá essa parte dos projetos? O senhor tem feito projetos? Tem buscado o Governo Federal?

Jorge Lobo: Eu tenho buscado o Governo Federal, que está investindo quase 7 milhões em Uauá nas obras. É uma estrada. São emendas parlamentares do Deputado Jorge Koury e do deputado José Calos Aleluia, que são os dois deputados que estão com a gente lá. E eles colocaram cada um, três milhões dentro do município. É por isso que nós estamos fazendo obras.

Blog: Essa é a prioridade, investir em infra-estrutura? Se não for, qual é?

Jorge Lobo: A nossa prioridade hoje, e eu acho que este é o momento certo para gente fazer, é o acesso via asfalto da BR-235. Porque com esse acesso, logicamente, nós teríamos uma grande geração de emprego e renda dentro do município. Agora um município como o nosso que não tem acesso asfaltado nem para o norte, nem para o sul, tudo fica difícil. Por exemplo, um médico que mora em outra cidade ganha 5 mil, lá tem que ganhar 12 mil, senão não vai. Quem é que quer morar numa cidade sem acesso de asfalto? Agora que nós conseguimos que a Coelba ampliasse a demanda de energia, e está inaugurando nos próximos trinta dias uma demanda de energia que vem de Paulo Afonso. A água foi duplicada pelo Governo do Estado da Bahia junto com a Embasa. Porque também não adianta ter o asfalto se você não tem estrutura. Então agora nós estamos preparados. Os deputados (federais e estaduais) também nos ajudaram muito. A notícia boa que nós tivemos é que os trechos de Uauá a Pinhões e de Pinhões a Juazeiro já foram autorizados para publicação dos editais.

Blog: O senhor vai marchar com quem para deputado estadual e deputado federal?

Jorge Lobo: deputado federal em Uauá nós vamos marchar com José Carlos Aleluia, que é nosso candidato há mais de quatro eleições, e o deputado Jorge Khoury, que o meu vice prefeito vota nele. Na última eleição nós votamos para deputado estadual no Deputado Pedro Alcântara, mas como ele ficou fora dois anos, nós acabamos tendo um ‘namoro’ com o deputado Adolfo, que não deu certo até agora. E o meu partido (PRTB) pensa em lançar Marcos, que é meu irmão. Nós estamos estudando. O PRTB quer lançar um candidato aqui na região, eu sou o coordenador do PRTB aqui, nós estamos implantando diretórios, inclusive em Juazeiro. O advogado Pedro Cordeiro será o presidente da Comissão provisória e toda região terá seu partido estruturado. Mas o partido vai lançar de qualquer jeito um candidato a deputado na região.

Blog: Para deputado federal e estadual Uauá costuma dar quantos votos?

Jorge Lobo: Dentro do município de Uauá para Deputado Federal, eu acredito que 4 mil votos para cada um, baseado na última eleição.

Blog: Quantos votam em Uauá?

Jorge Lobo: São 18 mil, mas devem votar de 12 a 13 mil.

Blog: E para deputado estadual?

Jorge Lobo: Depende. Se for lançado Marcos eu acredito que chegue a oito mil votos. Se for outro candidato, de 4 a 5 mil. Mas nós estamos estudando isso, eu vou discutir com o partido agora em setembro para decidir o candidato. Hoje eu estou como coordenador da regional norte da Bahia, são 18 diretórios. Nós estamos estruturando todos os diretórios porque o partido está dividindo por zona, e ele hoje tem dois prefeitos na Bahia, que sou eu e Gilmar, e 69 vereadores que serão candidatos a deputados segundo o projeto do partido.

Blog: Mas o senhor estava no jantar de Paulo Souto. O partido vai marchar com ele?

Jorge Lobo: Vai. Não o partido na estadual, mas eu marchei com ele e vou marchar na eleição de governador.

Blog: E como fica isso? O senhor apóia e o partido não? O senhor vai ficar contra o partido?

Jorge Lobo: O partido faz parte do grupo independente da Bahia. Não é um partido dos aliados, é um partido do bloco independente. E eu, pessoalmente, sou aliado do governador Paulo Souto,o governador Wagner sabe disso, os deputados sabem, agora nós vamos ver o que vai dar, porque ninguém sabe, essa política é tão complicada que muito embora a gente esteja torcendo, mas você nem sabe se o candidato vai para o senado, ou vai para o governo. Eu torço para ele ir para o governo, mas eu sou muito de grupo também, e eles me deram total liberdade para seguir.

Blog: Para finalizar eu gostaria que o senhor fizesse uma avaliação do governo Wagner para sua cidade.

Jorge Lobo: Eu acho que nós poderíamos ter uma ascensão maior. Não só Uauá, mas todo o semi-árido. Várias vezes eu procurei o governador Wagner para conversar sobre isso, falei para alguns assessores sobre as falhas que estavam ocorrendo. Todos os governos, do passado e do presente, olham para região sul, para região centro-oeste, para região metropolitana, mas não olham muito para região norte. Nós da região semi-árida somos pessimamente assistidos. E não é só Uauá, não. Tem vários prefeitos, inclusive aliados do Governo, que reclamam. Eu não sei o que acontece, eu nunca torci para o governo Wagner dar errado, porque quem se prejudica é a população, mas alguma coisa está errada. Acho que o governador tem o apoio do presidente da República, tem a força da população e eu torço para que ele ainda traga alguma coisa. Tiraram o programa do Cabra Forte, podiam ter dado outro nome, mas não existe uma política voltada para o semi- árido. E eu digo isso fazendo uma crítica, porque eu queria que o governador nos ajudasse, que ele realmente voltasse a sua visão para cá. Meu foco hoje é a BR 235.