Presidente do Conselho de Administração do DINC alerta presidente da Codevasf sobre cenário delicado da fruticultura irrigada em Petrolina

por Carlos Britto // 02 de fevereiro de 2015 às 08:25

fachada codevasfEste Blog recebeu cópia de um e-mail enviado pelo presidente do Conselho de Administração do Distrito de Irrigação Nilo Coelho (DINC), Josival Coelho de Amorim, ao presidente da Codevasf, Elmo Vaz, pelo qual alerta para a situação delicada dos produtores locais.

Segundo Amorim, o baixo nível da Barragem de Sobradinho (BA) não é apenas o lado mais preocupante desse cenário. As ações do órgão federal (ou a falta delas) no perímetro Senador Nilo Coelho podem deixar os produtores no prejuízo. Confiram:

Ilmº Senhor

Elmo Vaz Bastos de Matos

Presidente 

CODEVASF – Brasília/DF

Prezado Presidente,

Como é sabido por Vossa Senhoria a crise, decorrente dos baixos níveis de reserva na Barragem de Sobradinho, continua e se agrava.

Insistimos em abordar este assunto, porque o entendemos de relevância maior para esta região. Caso chegue a parar de irrigar as áreas deste nosso perímetro, teremos estabelecido aqui um caos econômico e social sem precedente na história do Submédio São Francisco. Pela tabela e gráfico em anexo atingiremos, no fim de janeiro de 2015, o menor percentual de reserva da história de Sobradinho e, em dados mais pragmáticos: menos da metade (19%) da média histórica dos últimos 14 anos para o mês de janeiro, que é de 50%.

É importante considerar que a área irrigada neste projeto aumentou em 42%, no mesmo período, por conta não somente da eficiência de ocupação regular, mas também pelos casos já denunciados de ampliações clandestinas, pelos Sem Terra invasores e pelos oficialmente assentados. Estes casos somente remontam os agravantes contra quem deveria ter tomado as providências em tempo e não o fez, apesar das denúncias e solicitações.

As pessoas passam pelos cargos e funções no serviço público, aposentam-se e ninguém sofre nenhuma penalidade por ter negligenciado ou concedido facilidades indevidas. No final o vilão será sempre o Estado. E nós, produtores, seremos os únicos prejudicados. Pagamos duas vezes, como cidadãos contribuintes que pagam impostos e como empreendedores, com custos aviltados na atividade agrícola, promovendo o social com emprego e renda.

Oportuno lembrar que temos abordado esse assunto, recorrentemente, até mesmo em reunião ocorrida com o presidente da Codevasf em março de 2013. Naquela oportunidade levamos as sugestões: (1) Instalação de Flutuantes; (2) Execução de Obra de aprofundamento do canal de chamada. Isto porque identificamos que na execução do projeto original deixaram de escavar três metros da profundidade projetada. Somente esta diferença já antecipa nosso risco em falta d’água para captação. Não fosse esta falha na construção, nosso risco seria, praticamente, zero.

Denunciamos há muito tempo e não se tem informações sobre uma apuração de responsabilidade, tampouco a concretização de uma correção, quer seja por um canal de chamada paralelo ou um sistema flutuante. A primeira ideia de investimento maior seria o ideal, porque se estaria fazendo o que se deveria ter feito na execução do projeto original.  Com esta solução, o custo de operação não sofreria ônus para o produtor. A ideia do flutuante não deverá ser de custo tão menor, considerando-se que teríamos uma estação de bombas adicional, por conta de aquisições de mais bombas, parte elétrica e tudo mais. Com esta alternativa, um agravante de mais despesas mensais com energia e com manutenção e operação.  Numa ou noutra ideia demandaria vultoso investimento. Claro que os produtores não aceitam assumir aumento de despesa com K2 e K1 correspondentes a esta correção. Como o responsável por esta decisão de construir a menor, ninguém sabe ninguém viu e por qual interesse, o estado é quem terá que assumir. 

Como se trata de uma obra submersa, o momento da execução seria agora, quando o nível é mínimo. Mas fazer o que, se as providências anteriores à obra, certamente, não foram tomadas? Ou foram?

Ainda temos que ficar mais apegados à fé em Deus. Ele nos pode ajudar, permitindo que chova o suficiente para recuperar o nível ideal da barragem de Sobradinho.

Entendemos que Deus espera que cada um faça sua parte e não fiquemos de joelhos a rezar, numa atitude suspeita entre a fé e o comodismo nosso. Reclamar e pedir a quem de direito é tudo o que os produtores podem fazer além de rezar. Isto é o que temos feito e continuamos a fazer. Fica claro que, se Deus nos atender com muita chuva, os homens continuam devendo o cumprimento de suas obrigações ainda pendentes. O problema poderá continuar escondido debaixo daquelas águas e se manifestar mais forte depois, quem sabe para atingir outras gerações de produtores. Se for assim, estejamos aonde estivermos, descansaremos em paz pelo dever cumprido.

Talvez aí esteja o preço do modus operandi da administração técnica com submissão à política partidária. O nível técnico muito bom do pessoal que faz estas empresas públicas termina comprometido, de quando em vez, por conta das chamadas “forças ocultas”. 

Esperamos que nos entenda por tamanha contundência na comunicação e cobrança. A nossa intenção não é contra as pessoas que estão em cada cargo, mas tão somente provocar a consciência delas para casos que se arrastam anos a fio, sem que soluções efetivas aconteçam.

Atenciosamente.

Josival Coelho de Amorim/Presidente Conselho de Administração-Distrito Nilo Coelho – DINC

C/c – João Bosco Lacerda Alencar (Superintendente Codevasf -3ª SR)

Presidente do Conselho de Administração do DINC alerta presidente da Codevasf sobre cenário delicado da fruticultura irrigada em Petrolina

  1. Amaral disse:

    O próprio povo de Petrolina baniu a bancada da irrigação nas câmaras estaduais e federais e vem votando num governo federal que nada fez em 12 anos pela fruticultura. Petrolina ta pagando pra ver e vai ver em breve

  2. Joshua Marx disse:

    Boa iniciativa, Josivan!
    Não adianta tratar este assunto com o superintendente atual, haja vista que o mesmo não entende de nada.
    A Codevasf precisa agir rápido no caso do Nilo Coelho e dos demais produtores dos Perímetros Irrigados.

  3. Dedé do tomate disse:

    Deixa de lorota Josival!!!
    Esse que aí está e capacho da ex-deputada e de SEU PARENTE o Dep. Odacy Amorim.
    Se a Codevasf está inoperante é porque vivência a sua pior gestão nos últimos anos. Culpa da péssima indicação, que colocou um político, sem nenhum traquejo técnico e administrativo, a frente da mais importante instituição da nossa região.
    Triste escolha, e vamos todos do Nilo Coelho pagar o pato…

  4. Maria do Socorro disse:

    Não esqueça, seu Josival, que a prioridade da água é para dessedentação humana e animal, e não para a fruticultura para exportação.
    A primeira medida é fechar as torneiras do agronegócio e sustentar a agricultura de sobrevivência

  5. Simplício disse:

    Perdoa Senhor, porque eles não sabem o que dizem. Uma pequena opinião, muita vez, revela total falta de noção sobre o assunto que opina. Deus perdoa até maldades pelo arrependimento, quanto mais se o erro descende da ignorância. Neste caso nem precisa se arrepender. Já está perdoado por antecipação.

  6. Walter dos Santos Rocha disse:

    Voce não entendeu Maria do Socorro, com certeza, se analisar melhor antes de comentar, não é isso que Josival quer dizer. Voce vive da economia de Petrolina. A água é para todos. Por irresponsabilidades dos gestores é que estamos passando por isso. Reze para não acontecer o pior, pois voce ira sofrer também.

  7. Maria sempre do Socorro disse:

    É, farinha pouca, meu pirão primeiro. Vocês sabem que o PT está acabando com a Codevasf, e se nada foi feito no NC nesses 12 anos, como, por exemplo, troca dos sistemas de irrigação, a culpa é de quem? Do governo? Acho que é de quem colocou essa quadrilha lá. Quem votou no PT aí levanta a mão…

  8. otavio disse:

    Desconhecia que o Canal de Aproximação tenha ficado 3,0m acima da sua cota e acho estranho tal afirmação,provavelmente existe embasamento técnico para que assim tenha sido construído.Agora, como conheço bem a captação,acho muito difícil e até impossível que a CHESF autorize qualquer serviço de aprofundamento e ampliação desse canal, pois para isso serão necessários serviços como detonações de explisivos, etc.etc., e o dique da Barragem onde está a Tomada D’água já apresentou problemas de infiltrações que foram corrigidas com drenos de-pé, e qualquer serviço com explosivos alí próximo só agravaria o problema que já existe colocando em risco a estabilidade do mesmo.

  9. Josival Amorim disse:

    A causa do que nos aflige tem origem na construção da infraestrutura do projeto. Ha mais de trinta anos. Reclamamos a partir de 2012 porque foi quando descobrimos a falha de construção.

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