Um dos principais articuladores locais da Frente ‘Brasil Popular’ em defesa da presidente Dilma Rousseff (PT), que acontecerá nesta quarta-feira (16) nas principais cidade do país e reunirá agremiações da esquerda progressista e movimentos sociais em Petrolina, o presidente do PCdoB, Professor Robério Granja, não poupa críticas ao que tacha de “direitona moralista”.

Numa entrevista ao Blog, Robério disse com todas as letras que a oposição ao governo federal “é irresponsável” porque sabe que não há motivos jurídicos para pedir o impeachment da presidente. Mesmo assim que arrastar o país para o “fundo do poço”.

O presidente do PCdoB reforça seu argumento na justificativa apresentada pela oposição, a qual alega que Dilma cometeu um suposto crime fiscal ao atrasar repasses federais a bancos da União (as chamadas ‘pedaladas fiscais’). Segundo Robério, como a arrecadação do governo caiu, Dilma pediu aos bancos que adiantassem o pagamento de programas sociais como o Bolsa-Família, para depois ressarci-los. Os adversários da presidente alegam que a “manobra” teria sido feita para evitar que as contas do governo fechassem no vermelho. Robério discorda veementemente.

Ele afirma que o Tribunal de Contas da União (TCU), que assessora o Congresso Nacional, sequer analisou o parecer sobre as pedaladas. Além disso, quem tem o poder de aprovar ou não o parece não é o TCU, mas os parlamentares. E o que ele percebe é que há claramente uma “chantagem” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), o qual está mergulhado em denúncias de corrupção, aliado ao fato de a direita não se conformar com o resultado das urnas em 2014. “Eles estão há 13 anos fora do poder e não se conformam”, completa.

Histórico                     

Para Robério, o que se trava no país é uma luta política, e não por combate à corrupção (que mesmo assim, segundo ele, o governo vem fazendo sua parte). Ele também admite que a crise econômica, se não era tão pequena assim, foi bastante agravada pela crise política e pela Operação Lava-Jato, que colocou na cadeia grandes empreiteiros do país.

No entanto, Robério também deixa claro que o governo tem sua parcela de responsabilidade. Robério lembra que desde 2008 o mundo vive uma turbulência econômica que derrubou o ritmo de crescimento até de grandes potências como Estados Unidos e China. No Brasil, o ex-presidente Lula tentou estimular o consumo e a geração de emprego desonerando impostos como o IPI para veículos e eletrodomésticos. Com Dilma, que manteve por mais um tempo a medida, o governo acabou deixando de arrecadar R$ 15 bilhões, o que levou a um “freio de arrumação”, analisa o presidente do PCdoB, ressaltando que o partido não concordou com a rigidez no ajuste.

Apesar disso, Robério ressalta que os brasileiros, nas duas gestões de Lula e na primeira de Dilma, tiveram avanços importantes. Ele acredita que a oposição, ao perceber isso, tentar ‘minar’ o governo fazendo a política do ‘quanto pior, melhor’. “Eles querem destruir conquistas que já conseguimos”, avaliou.

Robério vai buscar na história o mesmo artifício já utilizado pela direita oposicionista em governos passados. Ele lembra, por exemplo, que governos desenvolvimentistas como o de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, além do presidente deposto pelos militares, João Goulart, os adversários se pautavam em discursos vazios de combate à corrupção “porque não tinham o que dizer”. “É fácil defender isso porque, claro, todo mundo é contra a corrupção”, analisa.

O presidente do PCdoB alerta que o povo brasileiro precisa sair desse “ódio” imposto pela oposição, que nunca fez parte de sua formação cultural. “Somos formados a partir da matriz indígena e africana com o europeu. Sempre fomos um povo alegre, afável, com uma cultura muito diversa. Mas o Brasil vive momentos, hoje, irreconhecíveis em sua história, com muito ódio e tensão. É preciso que a gente reaja”, finalizou.