Produção de gesso em PE pode estar com os dias contados; crise foi exposta no Fantástico

por Carlos Britto // 16 de julho de 2024 às 08:40

Foto: Reprodução Brasil de Fato Pernambuco

De acordo com matéria veiculada no portal ‘Brasil de Fato Pernambuco’, a produção de gesso no Brasil está provocando uma grave crise ambiental na Caatinga, no Sertão pernambucano. As empresas do setor, há décadas, utilizam lenha extraída da vegetação local para alimentar os fornos, sem a devida reposição. Esse desmatamento contínuo está levando à escassez de lenha, afetando a lucratividade das indústrias.

O Sertão do Araripe, responsável por 97% da produção nacional de gipsita e com a quarta maior reserva mundial, enfrenta um colapso iminente devido à devastação ambiental. Um documento do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep) e do sindicato patronal da Indústria do Gesso (Sindugesso) de 2014 já alertava sobre a dependência da lenha, que representa 73% da matriz energética dessas indústrias.

A reportagem exibida no programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, mostrou que milhares de toras de madeira são queimadas diariamente para manter os fornos funcionando, agravando o desmatamento e elevando os custos de produção. O preço da lenha subiu para R$ 230 por tonelada, enquanto a tonelada do gesso é comercializada a R$ 250, pressionando as finanças das empresas.

Jefferson Araújo Duarte, presidente do sindicato patronal, reconheceu que o setor gesseiro enfrenta uma crise severa. A região, que abrange 15 municípios pernambucanos, depende fortemente da indústria do gesso, empregando direta e indiretamente mais de 80 mil pessoas.

Do ponto de vista ambiental, a falta de fiscalização contribui para o desmatamento ilegal. Em 2023, a apreensão de lenha de origem não comprovada aumentou em 500%, conforme relatado pelo engenheiro florestal Ivan Ighour. Ele destacou que, anualmente, são retirados o equivalente a 11 mil campos de futebol de vegetação, tanto legal quanto ilegalmente.

A caatinga, um bioma exclusivo do Brasil, é crucial para a remoção de CO2 da atmosfera. Contudo, apenas 57% de sua vegetação nativa permanece, exacerbando a desertificação no semiárido brasileiro. A degradação ambiental ameaça não só a biodiversidade, mas também a viabilidade econômica do polo gesseiro.

Há alternativas?

Alternativas energéticas como o gás natural e a energia solar são citadas como soluções potenciais. A implementação de painéis solares, apesar do investimento inicial elevado, poderia garantir economia e sustentabilidade a longo prazo, ajudando a preservar a caatinga e mantendo o microclima da região.

Produção de gesso em PE pode estar com os dias contados; crise foi exposta no Fantástico

  1. Severino Alves da Silva Junior disse:

    Brinket de bagaço de cana é bom para alimentar os fornos. As usinas de açúcar e álcool de Pernambuco e Bahia podem ajudar a manter os fornos ligados. Outra opção é plantio de madeira para esse fim. Tem como resolver com vontade política e estratégias com o setor privado e institutos de pesquisas.

  2. Gilberto Jeronymo Filho disse:

    Nós trabalhamos na confecção de usinas que transformam lixo em biomassa e carvão para queima das caldeiras. Transformamos o lixo em energia renovável!!

  3. Paulo Trajano da Silva disse:

    Como consultor na área de energia, em conjunto com a empresa parceira Usitrar, já apresentamos a diversas autoridades do estado de Pernambuco, um projeto comprovado de transformação do lixo urbano da região do Araripe em combustíveis derivados de resíduos em forma de briquetes de teor energético superior a 250% ao da lenha, com enorme redução de custo para as calcinadoras e infelizmente não temos sido ouvido por conta do projeto de levar o gás natural para a região, muitas vezes mais caro, sem contribuir para a política de descarbonização e com baixa confiabilidade operacional.

  4. Elias Sales de Oliveira disse:

    Mais uma prova da incompetência dos órgãos públicos de Pernambuco . Energia gerada pela vegetação é ultrapassada.

  5. Antônio Merencio disse:

    O que impede o uso da energia nuclear sem fundamentos bélicos? Vamos ficar na ” idade da pedra,?”

  6. Sou do MS, minha cidade Três Lagoas é hoje a capital mundial da celulose e em toda região se expande o plantio de eucaliptos. Quando cheguei em PE em 1993 para pulverizar com helicoptero a Usina São José, fiquei abismado com a monocultura da cana. Esta região com certeza iria produzir muita madeira via reflorestamento, servindo para diversos fins, dentre eles abastecer o polo gesseiro. Cheguei inclusive a cutucar um amigo que fiz na época, Sr Memeu, que foi prefeito de Timbauba para ele ser o precursor, buscar financiamentos via BNDES, etc, porém ja se passaram 31 anos e não vi nenhum movimento neste sentido. Mas ainda esta em tempo.

  7. detetive Maurício disse:

    Esse papo de que gesso está com os dias contados é furado. Para nada. Se proibir, vai surgir centenas de empresas informais produzindo o pó branco e o preço vai subir aos céus.

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