Produtores de frutas do Vale do São Francisco, maior polo exportador do Brasil, estão enfrentando uma série de problemas com atrasos de navios e imprevisibilidade do transporte marítimo. Reunidos ontem (18) no Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR) com representantes do Complexo Portuário da Baía de Todos os Santos, os fruticultores regionais discutiram as dificuldades enfrentadas com os problemas, que vêm se avolumando desde o início da pandemia da Covid-19, em 2019.
Segundo o presidente do SPR, Jailson Lira, os principais entraves para o transporte marítimo de frutas são os conflitos internacionais, problemas climáticos e congestionamento nos portos, principalmente aqueles que mais movimentam as frutas do Vale: o porto de Salvador, na Bahia; o de Natal, no Rio Grande do Norte; e o de Pecém, no Ceará.
O diretor empresarial da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), Demétrius Moura, um dos representantes do complexo que reúne os portos de Salvador, Aratu e de Ilhéus, reconheceu a gravidade da situação, principalmente pelo caráter perecível da carga, que estraga e precisa de um tempo de trânsito curto. “Iremos desenvolver uma agenda permanente, com a troca de informações atualizadas, de maneira que tenhamos conhecimento online de todos os containers com frutas transportados do Vale para nosso Porto“, ressaltou.
Na semana passada, a diretoria do SPR) realizou uma reunião online com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Eduardo Brandão, e a diretora comercial do Etrade, Érika Campelo. Durante o encontro, foram discutidas, ainda, questões como a inexistência de grandes investimentos nos portos, nas rodovias e em ferrovias, o aumento na demanda de cargas de frutas e o tempo do transporte.
Logística
Por transportar itens perecíveis, qualquer atraso pode ocasionar uma perda total ou parcial da carga, acarretando prejuízos para o produtor. “No processo logístico marítimo, o tempo mais curto de transporte leva oito dias. Os processos mais longos podem levar até duas semanas. Para garantir a qualidade das frutas, o transporte se dá em contêineres refrigerados e até de atmosfera controlada, que tornam a maturação mais lenta. Os principais países importadores são exigentes quanto aos resíduos de defensivos agrícolas e controle de pragas“, concluiu Érika Campelo.