O clima de acirramento entre o vereador Professor Gilmar Santos (PT) e os governistas na Casa Plínio Amorim, sobretudo o presidente da Mesa Diretora, vereador Aero Cruz (UB), parece longe de ter fim. A sessão plenária da última terça-feira (16) foi mais uma prova disso.

Integrante da bancada de oposição, Gilmar lamentou a postura de Aero no episódio ocorrido semana passada, por ocasião da presença da comunitária Maria Dulce Delmondes, mãe da adolescente Maria Eduarda Delmondes – que morreu à espera de UTI no Hospital Dom Malan (HDM) após ser submetida a dois procedimentos cirúrgicos. Maria Dulce solicitou um espaço na tribuna para pedir apoio aos vereadores, mas não foi possível em virtude de projetos de lei que estavam sendo votados no momento.

Segundo Gilmar, a mãe da garota foi tolhida em seu direito de se pronunciar na Casa. “Infelizmente o que tivemos aqui foi uma manobra, para que aquela mãe fosse escutada apenas por sete vereadores (…)eu sei que o presidente pediu desculpas, mas não foram desculpas públicas. Ele pediu desculpas na reunião”, criticou o vereador, que tachou a postura de Aero de “estúpida”.

Também sobrou crítica para o 1º vice-presidente da Casa, vereador Manoel da Acosap. Gilmar tomou conhecimento de que o governista teria pedido a um comunitário “para retornar à cidade de onde veio” porque foi reclamar de um canal acumulando lixo em sua comunidade. Esse comunitário também procurou Aero na Câmara Municipal.

O outro lado

O primeiro a contestar o oposicionista foi Manoel da Acosap, que disse que estava concedendo uma entrevista numa rádio da cidade, quando esse homem entrou e perguntou quem ele era. “Ele entrou revoltado, e quando me identifiquei, ele me chamou de bajulador e puxa-saco. Eu é quem fui agredido”, justificou.

De acordo com Manoel, esse cidadão estaria denegrindo a imagem de Petrolina. “Problemas existem e as críticas têm de ser feitas. Mas esculhambar a cidade onde eu moro, eu não aceito de ninguém. Eu falei e falo a qualquer um: ‘se Petrolina não presta, por que o senhor não volta para sua cidade, que é boa?”, frisou. Manoel lembrou inclusive, que Gilmar veio de Santa Filomena (no Araripe) e foi tão bem acolhido por Petrolina que até conseguiu ser eleito vereador.

Visivelmente aborrecido, Aero usou a tribuna para rebater as palavras de Gilmar. Sobre a mãe de Maria Eduarda, ele disse ter se comprometido em realizar uma reunião com a comunitária, após a sessão da última quinta (11), e isso aconteceu. Aero admitiu ter, de fato, barrado dois líderes comunitários “que queriam fazer politicagem” em cima da morte da menina. “Eu disse que se ela quisesse usar a tribuna, na semana seguinte, ela poderia vir”, informou. Mas Aero revelou que Maria Dulce não queria falar da tribuna, e sim pedir aos vereadores para lutarem por investimentos a fim de evitar que outras mães passem pelo que ela está passando. “Aí me vem um vereador se fazer de vítima, soltar (informações) nas redes sociais? Pode soltar, vereador. Quem me conhece é Petrolina”, alfinetou.

Quanto ao homem que teria sido destratado por Manoel e o próprio Aero, o presidente informou que ele se identificou como engenheiro, na recepção da casa, e foi informado pelas funcionárias que estava bastante transtornado. “Eu lhe disse: ‘o senhor, um engenheiro, fazendo isso?’ Não admito que nenhum trate mal nenhum cidadão, mas não também que não aceitarei que nenhum cidadão seja maltratado, porque eles estão aqui para servir”, desabafou. Aero completou dizendo que, a partir desta semana, os líderes comunitários terão acesso apenas ao plenário da câmara.