A região Nordeste concentra 66% do rebanho ovino do Brasil, de acordo com dados oficiais. Em 2021, só em Pernambuco, eram 3.435.530 cabeças de carneiros e ovelhas. A Bahia contabilizava outros 4.247.960 animais da espécie, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um grande desafio para os criadores de ovinos são as verminoses, que provocam uma perda em torno de 30% do rebanho, segundo estudos da área. Foi pensando em melhorar esse cenário que pesquisadores e extensionistas do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e da Embrapa Caprinos e Ovinos iniciaram, em 2022, o Projeto ‘Supera São Francisco’.
O objetivo do Supera São Francisco é a divulgação de conhecimentos e tecnologias de aumento da qualidade de toda a cadeia produtiva da ovinocultura em dez municípios do Sertão do São Francisco. Em Pernambuco, o projeto atende produtores de Afrânio, Cabrobó, Dormentes (que concentra o maior rebanho do Estado, segundo o IBGE), Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. Na Bahia, os técnicos do projeto atuam em Casa Nova (que, de acordo com o IBGE, tem o maior número de ovinos do Brasil), Juazeiro e Sobradinho.
Ao todo, foram cadastrados 1519 produtores e 91598 animais nos dez municípios atendidos. Destes, mais de 800 produtores foram capacitados – superando a meta, que era de 200 criadores. Mais de 90 mil animais receberam o protocolo para controle de verminoses. O projeto é coordenado pela professora do IFSertãoPE, Tatiana Neres, que junto com a equipe está testando um protocolo de controle de vermes em ovinos, desenvolvido e testado em nível experimental pela Embrapa Caprinos e Ovinos, que agora chega a um grupo de controle maior.
“A proposta do Supera São Francisco é testar um protocolo contra essas verminoses com um princípio ativo pouco usado no Nordeste, em associação com a suplementação mineral. Os técnicos do programa orientam os produtores sobre todo o processo: desde o uso do medicamento ao manejo da pastagem e à nutrição animal”, explica Neres.
Os animais acompanhados pelo Supera São Francisco recebem o protocolo composto pelo vermífugo e a suplementação mineral. Além disso, os produtores cadastrados têm acesso ao laboratório de análises parasitológicas instalado no campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE, onde podem, de forma gratuita, buscar orientações e solicitar a análise de amostras de materiais para o monitoramento contínuo das verminoses. Uma das produtoras atendidas pelo projeto é dona Maria do Socorro Barros de Alencar, da Comunidade Rocinha, em Lagoa Grande. Ela tem um rebanho de 52 ovelhas. Todos os animais foram cadastrados e receberam o protocolo de controle de vermífugos.
Quem também está cadastrado e tendo o rebanho acompanhado pelos técnicos do Supera São Francisco é seu Gilvan Rodrigues da Silva, da Comunidade de Barra Bonita, Zona Rural de Juazeiro. Por lá, seu Gilvan tem 60 cabeças de ovinos que são acompanhados pelo projeto. Para ele, os ganhos no rebanho já são perceptíveis. “Os animais são acompanhados pelo técnico em agropecuária e já tem melhoras no rebanho. É um trabalho excelente, muito importante”, exalta.
Investimentos
Os investimentos no Supera São Francisco chegam a R$2,5 milhões, através da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAF/MAPA). Os trabalhos têm o apoio também da Embrapa Caprinos e Ovinos, que fica em Sobral, no Ceará. O projeto continua em plena execução. Nos próximos meses, os produtores cadastrados que já foram treinados sobre o controle de verminoses no rebanho receberão outros treinamentos. As informações são da Ascom do IFSertãoPE.