Artigo do leitor: “PSB, um museu de grandes novidades?”

por Carlos Britto // 29 de julho de 2015 às 09:33

Vera MedeirosA professora e jornalista Vera Medeiros, a partir de hoje, começa a escrever artigos e opiniões para o Blog. Vera é daquelas inquietas, inconformada com injustiças e sempre pronta para o debate. Não foge da raia por suas convicções, mas aceita o contraditório. Em seu primeiro artigo, ela comenta sobre a celeuma do PSB de Petrolina. Boa leitura:

PSB: “museu de grandes novidades”?

Nas últimas eleições, Petrolina festejou o fato de ter elegido um senador e seis deputados. As comemorações vieram até dos que não tinham votado nos nomes, que, submetidos à vontade popular, obtiveram êxito nas urnas. Entre os eleitos, cinco do PSB (Partido Socialista Brasileiro): Fernando Filho e Gonzaga Patriota (deputados federais), Lucas Ramos e Miguel Coelho (deputados estaduais) e Fernando Bezerra Coelho (senador).

Num cenário como esse, parecia inconteste que, chegado o processo de debates e organização para as eleições municipais, os socialistas estivessem absolutamente fortalecidos diante do grupo com o qual, inevitavelmente, concorrerão no pleito de 2016 – o do prefeito Julio Lóssio (PMDB).

Porém dois relevantes itens se colocaram no contexto e têm sido capazes de levar o quadro a um destoar que, realmente, não tem muita cara de novidade. O primeiro deles ocorreu ainda no período eleitoral – a súbita relação de afinidades entre Ranilson Ramos (conselheiro do Tribunal de Contas do Estado) e o prefeito Julio Lossio, quando os secretários deste e os vereadores governistas passaram à base de sustentação da candidatura de Lucas Ramos, filho de Ranilson. O segundo episódio que semeia, hoje, turvas relações entre os socialistas, é o fato de que a suposta renovação de forças e ideais com a eleição das duas jovens promessas – Lucas Ramos e Miguel Coelho – não tem se mostrado mais do que o velho clichê poético já prediz: ”Eu vejo o futuro repetir o passado”.

Sob a tutela dos pais- Ranilson Ramos e Fernando Bezerra Coelho, respectivamente-, os meninos têm protagonizado a repetição da desnecessária e já falida estratégia da guerra de egos dentro do partido. Ainda que sejam pueris demais, politicamente, para terem tirado lições das bobagens promovidas pelos maiores nomes da sigla na cidade, podiam estar, agora, sendo orientados pelos grandes promotores das últimas derrotas do PSB em Petrolina a terem, ao menos, cautela.

É possível esquecer como Fernando Bezerra, Gonzaga Patriota, Odacy Amorim (que era do PSB antes de ir ao PT) conseguiram,com seus embates internos, sob o manto vaidade, não apenas transformar o então neo-político Julio Lóssio em prefeito de Petrolina, mas também na maior força de oposição local?

Não aprenderam nada! E não aprenderam, porque não desejaram, nem desejam aprender. A aprendizagem traz mudança de comportamento, promove transformação de postura – algo para o qual os socialistas em Petrolina têm mostrado absoluta incapacidade.

Ranilson Ramos mordeu a isca de Lossio em 2014. E não foi por inocência! Sabia o que estava fazendo, tanto quanto o peemedebista, inteligente na arte de fazer política – a velha política.

E, nesse contexto, quem tem planos para Petrolina? Quem não está movido por simples projetos de poder de ordem estritamente pessoal? Enquanto isso, Petrolina vem se tornando uma cidade mediana, apesar de sua capacidade estrondosa de ser muito mais do que tem sido. Espera que dos jovens nasça a esperança do novo. Espera…

Por enquanto, só se tem visto o velho “museu de grandes novidades”, no qual a única verdade inconteste é referendada no livro de Eclesiastes: “vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”.

Vera Medeiros/Professora e Jornalista

Artigo do leitor: “PSB, um museu de grandes novidades?”

  1. marcos antonio brasil disse:

    Parabéns. Excelente avaliacao..

  2. Teobaldo Siqueira BlogTudo direito disse:

    Rapaz que qrtigo é esse perfeito

  3. PAULA MARTINS disse:

    Kkkkkkkk
    Apesar de ser nova no blog, eu quem digo a professora e jornalista do blog CarlosBritto: “Um museu de grandes novidades!” Sempre dando ênfase em Lucas Ramos, como se ele fosse culpado, o culpado, jornalista, é o grupo FBC, sejam imparciais pelo Amor de Deus. Digam a verdade, não tentem ludibriar os fatos, afinal, o povo já parou de se besta!

  4. Freitas e Freire. disse:

    Texto sensato , enxuto e objetivo. Apenas com uma ressalva; do ponto de vista dos espaços políticos, já era a ora mesmo do grupo de Fernando ser contemplado São arrojados e Petrolina precisa sair desse medianismo politico e administrativo. Ela ja conheceu outras e melhores experiências. Parabéns!

  5. Maria disse:

    Excelente avaliação!!!!

  6. Lucas disse:

    Excelente Texto! Só ressaltando que disputas internas são normais em anos anteriores à eleições. A

  7. Simplicio disse:

    Muito boa avaliação, considerando o contexto Petrolina isolado do Nacional. Estas coisas acontecem em todos os municípios deste país. Somente o estilo muda por conta do nível intelectual e socioeconômico dos líderes e liderado. O eixo principal de tudo está na influencia que o poder econômico exerce nas aspirações políticas de nosso povo. Ora pela esperança que ele desperta nas pessoas, ora pela capacidade diferenciada que o dinheiro dar a cada candidato e a cada grupo. A legislação não somente permite mais cancha em quem disponibiliza mais dinheiro para “convencer” eleitor, como também esta capacidade aumenta naqueles candidatos ligados a quem está no poder. O tradicional poder da máquina que governa. Se conseguisse anular o efeito do dinheiro em cada eleição, o exercício de cada cargo, executivo ou legislativo, ocorreria muito mais pela honra do cargo. Aí teriam destaques os mais capazes e com mais aptidão para política, para servir.

  8. Simplicio disse:

    continuação:
    Lamentavelmente, o cargo virou balcão de negócios de altos lucros e o honroso virou horroroso.
    Há quem diga: mas sem a ação do dinheiro não se faz eleição. Esta é uma fuga que sai dos interessados diretos pela continuidade e ecoa bem na massa que também tira proveito. Markteiros, veículos de comunicação, cabos eleitorais e outros “prestadores de serviços”.
    Seria o bastante que a justiça eleitoral divulgasse o currículo de cada candidato e o programa de cada partido. Tratamento equânime para todos.
    O resto, tudo proibido, exceto debates devidamente autorizados pela justiça.
    Para evitar a compra de voto, voto a voto, teríamos a delação premiada para quem provar que vendeu ou foi peitado a vender o seu voto.

  9. Simplicio disse:

    continuação:
    Outras mudanças seriam interessantes que ocorressem na reforma política, como a desvinculação do executivo de qualquer partido político até dois anos depois de encerrado o seu mandato. O sujeito seria Prefeito de Petrolina, governador de Pernambuco e ou Presidente do Brasil. Acabar com este negócio de governar para o partido A ou B.
    Podem contestar: “Em País nenhum existe este sistema”
    Respondo: Corrupção não somente existe aqui e esta mudança não é necessidade exclusiva nossa. O restante do mundo democrático também precisa de mudanças assim. E o mundo não democrático precisa ser democratizado.

  10. Carlos disse:

    “quem tem planos para Petrolina? Quem não está movido por simples projetos de poder de ordem estritamente pessoal?” Resposta: NINGUÉM, Vera, TODOS os planos atuais são próprios, pessoais, caseiros, para manutenção de status quo dos que historicamente mandam na cidade, cidade esta hoje loteada, disputada como um objeto valioso e privado, onde o cidadão assiste seus impostos serem feitos de prêmio ao vencedor. Triste fim do ex-motor do Sertão.

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