Lideranças do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Petrolina já desconfiavam. Agora, os números começam a comprovar: em áreas agrícolas, como a da cidade, a incidência de óbitos por câncer é mais elevada.
Os dados foram mostrados numa reportagem do Diário do Nordeste. Segundo as informações, os casos de câncer são mais acentuados nessas áreas do que naquelas onde não há uso de agrotóxicos.
Em Petrolina, por exemplo, os produtos são usados em larga escala nas plantações (a exemplo da cultura da uva). Isso se tem observado em estados como Ceará, Pernambuco, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
Cheila Bedor, biofarmacêutica com doutorado em Ciências da Saúde e pesquisadora da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), há cinco anos publicou um dos primeiros estudos amplos sobre o potencial carcinogênico dos agrotóxicos.
Desinformação
Com um elaborado modelo de Química Quântica (sugerido à Anvisa), ela demonstra toda a complexidade que relaciona as fórmulas estruturais dos venenos e em que medida elas se dispõem com as células humanas, por meio da transferência de elétrons, que constituem a parte mais externa dos átomos (menor partícula da natureza).
Em quase duas décadas, foi crescente o número de óbitos por neoplasias (câncer) no polo agrícola do Vale do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia. Saiu de 12,2, em 1980 para 14, em 1993, e 31,8 em 2004 para grupos de 100 mil habitantes. Segundo a biofarmacêutica, há desinformação, tanto das equipes médicas que não traçam perfil histórico (anamnese laboral) dos agricultores durante as consultas, quanto desconhecimento desses próprios pacientes de associar o veneno aos sintomas.
Para alimentar a população, uma maior quantidade de alimentos deve ser produzida em menor espaço de tempo. As frutas – por suas condições de conterem vitaminas etc. – estão, hoje em dia, no topo das necessidades alimentares. Existem regras a serem seguidas mas, também, existem pragas a serem tratadas. A planta é um ser vivo. E, a exemplo do ser humano que embora possa ser tratado com remédios homeopáticos, chega uma hora, que tem de ser dado algum antibiótico mesmo… pois aquela homeopatia não funcionou. SE seguidas todas as condições prescritas na BULA do remédio, não teriamos tantos problemas. Mas, existem produtores com escrúpulos e produtores sem muita responsabilidade social que utilizam uma quantidade de AGROQUÍMICOS acima das dosagens recomendadas e, ainda por cima, não obedecem os famosos períodos de carência. Como em toda atividade humana – sem exceção – sempre existirá o bandido e o mocinho. Cabe, aos órgãos fiscalizadores competentes, em especial à ANVISA terem seus corpos de funcionários formados, em sua maioria, pelos “mocinhos” e que eles passem a vigiar SIM e solicitarem com mais rigor as análises químicas das frutas produzidas na região, bem como as análises de virus que elas possam ter. Isso feito, talvez, o índice de câncer e outras doenças, diminuiria um pouco. Até lá, só nos resta continuarmos trabalhando o mais honestamente possível.
Alimentar o planeta Terra sem pesticidas é possível, afirma a jornalista francesa Marie-Monique Robin.
http://br.noticias.yahoo.com/alimentar-mundo-pesticidas-%C3%A9-poss%C3%ADvel-afirma-cineasta-francesa-175320000.html
Jornalistas muitas vezes tendem a escrever coisas para venderem mais jornais. O ideal é conversar com Engenheiros Agrônomos especializados em diversas áreas. Reafirmo: sem uso de agroquímicos – para a população atual (observe que não estou falando de nichos de consumo mas da população como um todo) – não há como alimentar o planeta. E, também reafirmo, os órgãos responsáveis deveriam ser mais competentes, isso sim. Pois permitem que dosagens excedentes de agroquímicos e períodos de carência para consumo de produtos sejam deixados de lado. Foi citada a vinda de uma empresa de agroquímicos à região, em um dos comentários abaixo; como se ela fosse a única culpada. Culpados também são todos os produtores que utilizam, inescrupulosamente, agroquímicos. Uma anáslise química custa – em média – 490 reais. Peguem caixas, aleatóriamente, de uvas e mandem fazer análises. Daí verifiquem os resultados. Depois sim… tirem suas conclusões. Outra coisa; muitas vezes a famosa “agricultura orgânica”, nos atuais moldes em que se encontram nossos órgãos de fiscalização, é temerosa. Peguem caixas de produtos orgânicos e mandem analisar por conta própria.
Infelizmente a Marie-Monique Robin não escreve para jornais venderem, ela faz um trabalho sério, desligado da imprensa comprada e a favor dos cidadãos, consumidores e agricultores. Veja o que diz na reportagem http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI20603-15254,00-MARIEMONIQUE+ROBIN+A+MONSANTO+NAO+E+CONFIAVEL.html é “arriscado deixar a alimentação mundial na mão de companhias que no passado produziam venenos e armas químicas como o ‘agente laranja’ (herbicida desfolhante), despejado por tropas americanas no Vietnã”.
Engenheiros agrônomos são geralmente formados para atender ao pacote tecnológico da agricultura convencional baseado nos insumos das mega multinacionais, e muito pouco para agroecologia.
Mesmo assim, em nosso mundo chamado Brasil, quem põe o alimento básico na mesa do povo é a agricultura familiar, com mandioca, feijão, milho, hortaliças, carne e de bode, de galinha caipira, ela é responsável por produzir 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros todos os dias, responde por 38% da renda agropecuária e ocupa quase 75% da mão de obra do campo.
Já o agronegócio, que pretende alimentar o mundo, cuida de plantar soja, algodão, criar gado, muitas vezes brocando a Amazônia, e no nosso caso no Vale do São Francisco, enviando uva e manga para o exterior. Nessas frutas o controle dos agrotóxicos existe, controle comprado pelos serviços de empresas de agrônomos e até fiscalização do MAPA. O agronegócio é importante sim, pois ajuda a equilibrar a balança comercial (nosso país exporta mais do que importa), mas enche os bolsos apenas de um pequeno grupo de pessoas e das empresas de insumos. E ainda forçam a concentração fundiária, reduzindo as terras nas mãos dos agricultores familiares, indígenas, quilombolas, pescadores e outros povos tradicionais, causando êxodo rural, pobreza e exclusão social.
Eu sou engenheiro agrônomo e milito na agroecologia, acredito que o mundo pode sim ser mantido pela agricultura familiar agroecológica, e por isso atuo oficialmente e nas horas vagas. Com fé em Deus.
Esse debate é bom, manter o respeito é necessário, Carlos Brito, fico à disposição.
Parabens pro blog, divulgar essa noticia que é omitida pela maioria dos meios de comunicação, a relação das doenças de cancer e o uso de agrotoxicos no vale do sao francisco, tem quer debatidas abertamente
Com a MONSANTO o número de óbitos dobrará!