Técnicos e agrônomos de entidades da sociedade civil que atuam no semiárido, juntamente com representantes dos escritórios dos Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (Setaf) das regiões de Juazeiro, Senhor do Bonfim e Jacobina, no norte da Bahia, participaram de um encontro sobre agroecologia com base em estudos, prática e monitoramento de projetos nesta área. O encontro aconteceu nos dias 25 e 26 de outubro no auditório do Setaf de Juazeiro.
Temas como produção orgânica, certificação participativa de produtos naturais e recaatingamento, por exemplo, serviram de base para discussões sobre práticas agroecológicas presentes nas ações do pró-semiárido e em outros projetos desenvolvidos pelas entidades em diferentes regiões do Sertão baiano.
Com o apoio dos Setaf’s, essas instituições realizam em suas regiões, importantes ações de fortalecimento das Unidades de Produção Familiar na perspectiva agroecológica por meio do Projeto Pró-Semiárido, executado pela Companhia de Ação e Desenvolvimento Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR). Os recursos do projeto são frutos do Acordo de Empréstimos entre o Governo da Bahia e Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
O agrônomo Rogério Borges, colaborador da Associação Regional de Empreendimentos Solidários de Geração de Renda (Aresol), entidade com sede em Monte Santo, comentou que foi muito enriquecedor estudar as ferramentas de avaliação e monitoramento das práticas de campo. “O encontro ajudou bastante a gente repensar nossas ações nas unidades familiares e ver as novidades e aquilo que gera motivação nesse trabalho de Convivência com o Semiárido, na perspectiva agroecológica e de segurança alimentar”, disse Rogério.
Temas
Experiências de cultivo e armazenamento de sementes crioulas e sua importância para a agroecologia no Semiárido foi um dos temas debatidos na manhã do dia 26. Essa temática, contou com importantes contribuições do agrônomo Victor Leonan, técnico de Desenvolvimento Produtivo do Setaf de Juazeiro , bem como de Carlos Eduardo Leite, do Sasop, entidade que presta assistência técnica ao Pró-Semiárido.
O coordenador do Componente Produtivo do Pró-Semiárido, Carlos Henrique Ramos, destacou que o encontro apresentou bem os princípios e as dimensões da agroecologia como ciência, práticas tecnológicas e de movimento político e social. Na opinião dele o momento serviu para que as entidades reafirmem essas dimensões, que ainda serão mais debatidas em encontros futuros realizados pelos Núcleos de Estudos em Agroecologia e Convivência com Semiárido, formado pelos agentes dos Setaf’s e das entidades.
Método “lume”
Uma ferramenta de avaliação bastante discutida foi a metodologia denominada ‘lume’, que visa a clarear e medir as transformações e a resiliência em uma unidade de produção. Carlos Henrique afirmou ser um método muito apropriado para diferenciar a resposta produtiva e econômica dos sistemas de produção familiares agroecológicos, que carece ser devidamente aferido por quem trabalha nesses projetos.
Quem também destacou a importância das ferramentas e métodos de planejamento e monitoramento foi a agrônoma Kryssia Melo, colaboradora do IRPPA, que atua na região de Campo Formoso. “Essas ferramentas enriquecem nosso trabalho(…)sistematizando melhor outros aspectos como o social, que às vezes é desconsiderado”, afirmou, ao lembrar também da importância de se ter mais dados sistematizados por meio da Cartilha Agroecológica. Segundo ela, esse é outro instrumento que vai contribuir também numa melhor análise da produção, consumo e venda de produtos em uma propriedade, dando ainda subsídios e visibilidade às ações que promovem a agroecologia no semiárido.