Representantes do segmento do comércio de Juazeiro (BA) voltaram a se posicionar veemente em relação à reabertura do setor, afetado seriamente pela paralisação das atividades em virtude da pandemia do novo coronavírus. Nesta nota enviada ao Blog, eles também cobram medidas mais eficazes do atual prefeito Paulo Bomfim para combater a doença na cidade.
Confiram:
Prezado Prefeito de Juazeiro-BA, Senhor Marcus Paulo Alcântara Bonfim,
Bom dia.
O comércio de Juazeiro-BA, organizado sob uma nova articulação, vem tomando medidas particulares de intervenção na atual situação da cidade, diante da ineficiência da atual gestão frente às medidas de atuação nesse momento tão crítico pelo qual vivenciamos. Somos cidadãos responsáveis e conscientes da realidade vivida não só nessa cidade como no restante do país, mas essa mesma consciência nos permite compreender que essa cidade, mais especificamente seus gestores, não estão adotando as medidas básicas de intervenção e de busca de controle da atual situação pandêmica. Passados mais de 3 meses de um isolamento social desastroso e inconsequente, levou à falência o comércio local, que muito diferente do que era amplamente difundido nunca, gozou de boa saúde financeira e tampouco tinha a força que se dizia ter.
Todos os segmentos do comércio não têm condições de passar nem mais um dia fechados, esperando por medidas que não são tomadas e por ações que não se obtém resultados práticos. Compreendemos completamente a situação, mas é preciso atribuir as devidas competências e responsabilidades.
É público e notório a todos aqueles que são capazes de analisar dados, que independentemente do funcionamento do comércio, diga-se de passagem, esteve fechado desde 21/03, não foi nenhum fator impeditivo para o aumento no número de casos e tampouco para evitar a disseminação do vírus. É público também que até 31/05, conforme registrado nos boletins divulgados pela própria prefeitura, apenas 661 testes haviam sido realizados num intervalo de 71 dias, positivando apenas 72 casos.
Ou seja, um número completamente inferior ao mínimo necessário para demonstrar qualquer cenário da presença e da circulação do vírus, mas não é preciso ser nenhum cientista e nem epidemiologista para compreender que o número de infectados até essa data decerto já ultrapassava uma quantidade tão expressiva que já estava longe do controle de qualquer ação do governo local.
Em seguida o comércio é reaberto e, para o espanto de todos, no intervalo de apenas 30 dias compreendidos entre 01/06 a 30/06 a Secretaria de saúde fecha com o significativo número de 4.808 testes realizados, positivando 699 casos e à espera de 71 resultados até essa data. Ou seja, para um indivíduo com o mínimo de suas faculdades cognitivas pode-se ler claramente que o aumento do número de casos nunca se deu em virtude do funcionamento do comércio ou não, mas que representou apenas uma sabotagem realizada pelo município que, contrariado com a reabertura do comércio, incentivou um aumento na testagem apenas para refletir um cenário pré-existente que era maquiado pela ausência de exames. É certo que, se o esforço empregado nas testagens do período de 30 dias tivesse sido utilizado nos 71 dias compreendidos entre o fechamento em 21/03 e 31/05, a resposta da positivação em relação ao número de contaminados seria outra completamente diferente da apresentada a época.
Resta-nos compreender que o vírus já estava com alta circulação e com grande contaminação, independente do funcionamento do comércio. E que afirmar que a abertura do comércio não foi a responsável pelo salto nos números apresentados, e sim a baixa testagem realizada pelo município em mais de 2 meses de um isolamento social e de aplicação de medidas ostensivas para o setor do comércio que em nada obtiveram sucesso, e que conduziram apenas para o agravamento do caos econômico que a cidade se encontra. E para ratificar a já explanada situação, o município continuou com os súbitos aumentos nas testagens, compreendendo no pequeno intervalo de apenas 18 dias (01/07 a 18/07) o expressivo número de 10.238 exames realizados com 1.785 positivações.
Ou seja: não é, e não foi culpa do funcionamento do comércio. Isso só comprova que as ações de contenção da disseminação do vírus já falharam há muito tempo; comprova que isolar hoje pessoas infectadas em nada tem contribuído, pois de certo quase a totalidade das pessoas da cidade já estão contaminadas ou já tiveram contato com o vírus e alcançaram a cura por métodos próprios ou desenvolveram imunidade ao vírus de forma natural, e isso não apenas é evidenciado como é comprovado que a baixa testagem realizada, comparada a uma população de 220 mil habitantes, é inexpressiva e não reflete números reais, mas prova que não estamos em nenhuma situação caótica quando se admite que mais da metade da população já teve contágio com vírus e não precisou de assistência médica. Muitos receberam tratamento secretamente em seu próprio domicílio, como é o caso do senhor prefeito, e muitos outros que alcançaram a cura sem sequer tornar-se um número para as estatísticas, e ainda há de considerar os boatos das estatísticas infladas para fins ainda desconhecidos.
É preciso compreender que o vírus não vai desaparecer nos próximos dias ou meses porque simplesmente continuaremos privados de direitos básicos num eterno isolamento que não irá nos conduzir a lugar nenhum, em meio a uma população já contaminada. É como tentar inutilmente conter o vazamento de algo que já se espalhou a muito tempo. O mais indicado e lógico nesse momento é buscar as alternativas para se conviver com a nova realidade de forma a estarmos prontos para atender as necessidades intermediárias e de urgências hospitalares e promover medidas para dar continuidade à vida, buscando seguir com segurança, higienização, prevenção e um trabalho de educação e conscientização da população.
A prefeitura deve investir efetivamente na saúde pública de forma a estar preparada para atender eventuais necessidades da população, e não ficar editando incontáveis decretos inúteis dos quais apenas as obrigações ganham validade. Contudo a fiscalização sempre esteve presa ao papel, exceto quando se refere à área comercial, que cuja atuação é incessante. Já para os demais setores da sociedade segue uma sequência de exceções, permissões e de desconhecimento que permite abertura de áreas públicas, parques, eventos particulares, ações políticas e confraternizações “familiares” em chácaras, roças e fazendas que são ignoradas pelas fiscalizações.
Uma vez constatado que evitar não é mais uma opção diante do cenário real da cidade, é mais louvável que se busque medidas de convívio com a nova realidade, com barreiras sanitárias nas BR’s 235 e 407 e na BA-210; distribuição de máscaras e de equipamentos de proteção individual; um trabalho efetivo de conscientização e educação da população; treinamentos e aquisição de EPI’s para a área de saúde; ações sanitárias e efetivas nas ruas, áreas públicas e nos mercados e feiras; aferição de temperatura e uso de máscaras; uso de produtos e limpeza e desinfecção individual; disponibilização de protocolo de saúde padrão com base nos resultados obtidos nos locais com maiores números de curas e embasados em pesquisas científicas; promover a integração das pastas da gestão municipal com ações conjuntas com o Governo do Estado; assistência social para buscar diminuir os efeitos drásticos das ações passadas; criação urgente de novos leitos de UTI com os equipamentos necessários seja com parceria com o Governo do Estado ou com o Governo Federal, evitando-se assim aluguéis de leitos insuficientes para a população em caso de necessidade, e impedindo o comprometimento de unidades hospitalares para outros fins igualmente importantes para a saúde pública; abertura de um novo hospital público municipal de urgências permanente, sem a necessidade da construção provisória de um hospital de campanha, mas sim de uma unidade fixa ocupando algum dos vários hospitais antigos fechados ou até mesmo com uma nova construção específica para esse fim, pois é certo que um hospital com atendimento qualificado e especializado jamais será subutilizado ou desnecessário para uma população de 220 mil habitantes.
Afinal, se para termos condições seguras para voltarmos a abrir o comércio local, a principal condição é a capacidade e disponibilidade de leitos para atendimento à população, por que essa medida simples não é adotada? Por que a rede de leitos intermediários e de urgências não é ampliada? Se é do conhecimento de todos a solução, por que é mais fácil focar no problema, insistir repetidas vezes sobre a incapacidade de atendimento em caso de necessidade dos leitos e nada ser feito para mudar a situação? alugar 4 ou 5 leitos da rede privada não atende, apenas faz repasse de dinheiro público para a iniciativa privada de forma inútil.
Com a colocação em prática dessas ações, que são do conhecimento público, podemos abrir nossos comércios, permitir a livre circulação das pessoas e o reestabelecimento do ciclo da vida amparado na segurança que ações básicas como essas estão em prática e com pleno desenvolvimento. Diante desse cenário os representantes de cada unidade comercial da cidade vem exigir a colocação em prática das medidas citadas para que possamos reabrir nossas empresas, evitar falências generalizadas e desemprego em massa, na ânsia desesperada por salvar vidas pelo suposto contágio com o coronavírus. Estão sendo negligenciadas muitas outras medidas que em curto prazo irão refletir diretamente sobre um grande número de habitantes dessa cidade, que são pessoas pobres, muitos situados em classificações abaixo da linha da pobreza. Depois de 120 dias de caos econômico, não é mais uma situação de “pedir”, é de “exigir” daqueles que ora nos representa que tomem as medidas necessárias para resolver essa situação, ou caso, se declarem incapazes e permitam que outro o faça, mas que seja feito, sem desculpas.
Se o problema é falta de recursos, vá atrás; se o problema é o Governo do Estado, vá dialogar com ele; se o problema é o Governo Federal, esqueça as posições políticas e vá onde for preciso para resolver a situação. Dentro de uma vasta extensão territorial como é o Brasil, sempre haverá situação e oposição, porém caberá a cada líder entender que vocês não representam puramente ideologias políticas, mas sim a população, e é esta que vocês verdadeiramente representam que está se organizando para que se faça acontecer. Queremos que ainda seja sobre a sua representação, mas não teremos problemas em seguir com métodos e caminhos próprios, se necessário.
Não vamos admitir que essa cidade seja conduzida para o abismo econômico e social, enquanto assistimos calados a essa falta de controle diante de um problema que reluta em apenas fazer esconder a realidade e a esperar que o tempo cure todos os males, enquanto ficamos trancados dentro de nossas casas esperando que tudo passe sem que sejam tomadas as medidas necessárias disponíveis. Ao invés de buscar soluções para um problema já evidenciado e real, tem adotado apenas medidas ortodoxas de controle superficial, que geram um impacto econômico incalculável para a iniciativa privada e também para a pública, gerando somente dívidas, desemprego em massa e falências generalizadas.
Certo da sua atenção, agradecemos antecipadamente e aguardamos uma manifestação positiva com a colocação em prática das ações propostas e outras que não foram aqui relatadas, mas tenham objetivos comuns.
Cordialmente,
O comércio de Juazeiro/Ascom COOPCOM
Estão acabando com o Comércio de Juazeiro e Petrolina
moderaçâo ! acho que o meu comentario foi muto eduacado
A resposta que o gestor dessa cidade dará é prorrogar por mais 15 dias o decreto de fechamento. Alguém tem alguma dúvida disso? Vai ser difícil ele entender que economia anda ao lado com a saúde. Deveriam fazer um desenho, talvez assim ele consiga compreender rsrs