Cotado para disputar o governo de Pernambuco em 2014 e defensor do apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), está disposto a enfrentar um impasse com as lideranças locais do partido que querem estar no mesmo palanque do governador Eduardo Campos (PSB), possível candidato ao Palácio do Planalto.

Lóssio é ligado ao comando nacional da legenda, que fez uma reunião com a Executiva estadual, na terça-feira (7), em Brasília, para cobrar coligação com a petista.

O gestor afirma que respeita a decisão dos correligionários que querem apoio a Eduardo – o principal deles é o senador Jarbas Vasconcelos –, mas destaca a necessidade de “treinar coerência partidária”, ao mesmo tempo em que lembra a decisão da legenda de manter Michel Temer na vice-presidência.

Mesmo com cautela, manda um recado duro para os correligionários: “Eu, particularmente, se decidir ter uma posição adversa à do partido, vou procurar outro partido. Se eu não caminhar com meu partido, vou caminhar pra um que eu tenha mais conforto”. Lóssio também considera que a “representatividade junto à população” deve ser avaliada na tomada de decisões. “Quem é a maioria do partido? São os membros dos diretórios ou os membros do partido? Petrolina tem cinco vereadores. Recife tem dois”, cutuca.

De acordo com informações de bastidores, Lóssio disse na reunião que só não apoia Dilma se o candidato do PMDB ao governo estadual for o ministro Fernando Bezerra Coelho, que pode deixar o PSB para concretizar no PMDB o desejo de ser governador. Questionado, Lóssio desconversa. “Por enquanto são apenas especulações (o ingresso do ministro no PMDB). Não é uma coisa fora de possibilidade, mas ele tem declarado que tem fidelidade ao governador”. Lóssio e FBC são adversários em Petrolina.

Por ter construído uma relação histórica de oposição ao PT em Pernambuco, os peemedebistas locais foram às urnas nas últimas eleições presidenciais em palanques diferentes do comando nacional. Em 2010, por exemplo, se coligaram com José Serra (PSDB), em detrimento de Dilma, que compunha chapa com Michel Temer (PMDB).

No encontro, Raupp garantiu que o PMDB vai trabalhar pelo insucesso da candidatura presidencial de Eduardo. O partido vem fazendo marcação ao socialista, desfazendo costuras políticas, como no caso do empresário José Batista Júnior, que foi seduzido para ingressar no PMDB, após Eduardo articular a candidatura dele para o governo de Goiás pelo PSB.

União ou divisão?

Em entrevista a agências de notícias, após a reunião, Raupp declarou que “o PMDB de Pernambuco está unidíssimo em relação à candidatura própria, que deve ser do prefeito de Petrolina”, mas reconheceu que ainda não está definido o apoio a Dilma.

Lideranças locais como Jarbas, o deputado Raul Henry e o vereador do Recife Jayme Asfora já deram declarações de apoio a Eduardo. Para o presidente do PMDB estadual, Dorany Sampaio, “Dilma hoje precisa mais do PMDB do que o PMDB dela”. “Temos uma presidente que nunca foi nem vereadora, e é voluntariosa. Ela pode ter a caneta, mas quem decide nosso destino somos nós”, avisou Dorany, também em entrevista à agências de notícias. (Fonte: JC)