Não estava na pauta, mas a Câmara de Vereadores de Petrolina fez na sessão desta quinta-feira (11) o que sabe fazer de melhor: decepcionar a comunidade. Os vereadores votaram o projeto de lei 035, de autoria do Executivo Municipal, que doava um terreno pertencente ao município à Fundação Nilo Coelho.
Isso mesmo. Aquela que acabou de receber R$ 14 milhões pela venda da escola Marechal Antonio Alves Filho (Emaaf) e que tinha mandado um ofício para a câmara desistindo do negócio. Descobrimos que a desistência se deu porque a proposta que passaria era de cessão da área. A Fundação queria era doação.
Cessão de uso dá ao beneficiário o direito apenas de usar o espaço, enquanto na doação o novo dono vende quando bem entender.O projeto, na votação de ontem, ganhou ajustes e emendas que ainda concediam mais regalias e, estranhamente, os representantes do povo de Petrolina aceitaram de bom grado. Inclusive os que se manifestavam contra, mudaram de opinião como por encanto.
Pra piorar, vossas excelências tentaram imputar aos vereadores Geraldo da Acerola e Cristina Costa (ambos PT) a pecha de que estariam votando contra a construção de escola, talvez para esconderem o próprio constrangimento.
Ao Blog, Cristina e Geraldo da Acerola manifestaram o entendimento que defendem e cobram sempre investimentos em escolas e em educação em geral, mas não podiam concordar com o absurdo acertado nos corredores ou em salas muito fechadas.
“Aqui infelizmente estão pensando em si ou em seu grupo político. Precisamos pensar é na comunidade como um todo. Não voto contra construção de escola, mas nesse caso, é preciso saber o que está por trás. Questiono a incoerência do líder da oposição, nesta casa ,que cobra, que critica o governo federal, o governo municipal, que não constrói escola, não investe em sala de educação, mas que por outro lado ao invés de cobrar que o município faça o seu papel, pelo contrário, fortalece as fundações para que façam o papel do Executivo”, afirmou a vereadora Cristina Costa.
Cristina questionou a venda da escola Emaaf e os recursos desse negócio.
“O prédio da Emaaf foi vendido por R$ 14 milhões e o prefeito doa um terreno para a construção de uma escola? Eu já tenho exemplos aqui da escola Eduardo Coelho, que parte do terreno já foi vendido, da Casa das Crianças, onde as crianças já tiveram que sair, as mães tiveram que abrir mão porque o proprietário vendeu, a escola de Petrolina que também pertence à Fundação Nilo Coelho, funcionava o estadual e hoje funciona é faculdade particular….Veja que na área do Emaaf, uma escola pública, solicitaram a autorização para vender a área desocupada e foi vendida a área ocupada. Eu acho que precisa de mais transparência nisso, pois a gente sai doando e quem aumenta seu patrimônio é a Fundação. O prefeito tem é que construir escolas. Ele tem mandado projetos para casas, pavimentações, praças, quadras…falta o interesse também de ter projetos para construção de escolas”, disse Cristina.
Antes da votação desta quinta os vereadores da oposição e situação sentaram juntos e decidiram as mudanças e emendas do projeto.
O projeto aprovado ontem à Fundação, dona do terreno, dá 60 dias para que a Prefeitura de Petrolina se pronuncie afirmando se quer ou não alugar a escola construída no terreno que deu de graça.
Por outro lado, na câmara, existe um ofício da Fundação Nilo Coelho, provocado pela associação de moradores do bairro Vila Eulália, solicitando a construção de uma escola de ensino médio (responsabilidade do Governo do Estado) lavrado nas folhas 29 e 30, que vem dentro do processo. Só que as folhas sumiram desse mesmo processo.
O fato é que mais uma vez um grande acordão foi fechado. Além da Fundação, mais gente pode estar feliz nessa história, onde a palavra ou a preocupação com a comunidade é coisa que se ouviu falar um dia.
Confiram como votaram os vereadores:
Contra a doação – Cristina Costa e Geraldo da Acerola
A favor – Alvorlande Cruz (PRTB), Elismar Gonçalves (PRTB), Paraíba (PMDB), Dr.Pérsio Antunes (PMDB), Manoel da Acosap (PHS), Edilsão (PSL), Ronaldo Cancão (PSL), Zé Batista da Gama (PDT), Ibamar Fernandes (PRTB), Ailton Guimarães (PMDB), Zenildo do Alto do Cocar (PSB), Pedro Fillipe (PSL) e Elias Jardim (PP).
Ronaldo Silva (PSDB) se absteve e Maria Elena (PSB) e Adalberto Bruno ‘Betão’ (PSL) não compareceram à sessão.
Na fábula, Robin Hood tirava dos ricos para dar aos pobres. Na pobre Petrolina, prefeito e vereadores fazem exatamente o contrário: tiram os terrenos do povo pobre e entregam aos ricos. Na cara dura!
