A pior seca dos últimos 30 anos está fazendo surgir uma nova geração de “retirantes” no sertão da Bahia. Nesta sexta-feira (04), cerca de 40 trabalhadores rurais da comunidade de Gitaí, no município de Retirolândia, na região do Sisal, vão partir em busca de trabalho em fazendas de Minas Gerais.

Eles juntaram as últimas economias, fretaram um ônibus e vão seguir em busca de trabalho para sustentar suas famílias. Em outros municípios como Valente, Conceição do Coité e Monte Santo, muitos pais de família estão tomando a mesma decisão.

Esse retirantes do século 21 vão para Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais ou onde tiver uma plantação de pé. Qual o motivo? Em plena região sisaleira, perdeu-se quase tudo. Não existe trabalho algum, em razão da longa estiagem..

“Sem água, não tem solo. Sem solo, não tem sisal. Sem sisal, não tem renda. Sem renda, não tem o que comer. Aí tem que buscar o sustento fora”, diz Roberto Batista dos Santos, 28 anos, escalado para passar seis meses em Canápolis (MG), trabalhando no corte de cana-de-açúcar.

Por experiência própria, Noé Alves dos Santos, 42, só resolve se incluir nessa saga porque não tem jeito. Segue para o interior do Mato Grosso do Sul. “Corte de cana é para quem tem coragem. Já caí para trás umas duas vezes. Dá muito problema de coluna e câimbras. Já vi gente morrendo”.

A nova leva de retirantes da seca na Bahia pode aumentar, já que as previsões meteorológicas não são nada otimistas, e só deve voltar a chover após novembro. Na região sisaleira da Bahia, 16 municípios já decretaram estado de emergência em razão da estiagem.