Cerca de 50 milhões de peixes morreram na Lagoa de Itaparica, a maior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, situada entre as cidades de Xique-Xique e Gentio do Ouro, no norte da Bahia, segundo cálculo prévios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Com 24 km de extensão, cercada por carnaubais e outras árvores nativas da caatinga, a lagoa de Itaparica é considerada a mais importante das margens do rio por ser o seu maior berçário natural. Os alevinos que nascem ali voltam para o rio quando crescem, tornando esse ciclo de fundamental importância para reposição do estoque pesqueiro de toda a bacia do São Francisco. Entretanto, a falta de chuvas, a baixa vazão do rio e o assoreamento provocado pela derrubada de mata nativa levaram a lagoa de Itaparica a secar em sua totalidade.
A paisagem paradisíaca formada pelo espelho d’água deu lugar a um deserto de chão rachado coberto por peixes mortos. A seca impacta também diretamente a população ribeirinha, chegando a afetar cerca de 5 mil famílias. Segundo especialistas, a tragédia já era esperada e o problema muito maior é a morte hídrica da lagoa.
No intuito de minimizar os transtornos e danos, o poder municipal se movimenta através de ações emergenciais e paliativas para atender a demanda da população do entorno da lagoa. O intuito da Prefeitura de Xique-Xique é no sentido de manter a subsistência da vida animal e garantir água para consumo humano. Para isso, foram abertos cerca de oito ‘bolsões’ de água dentro da lagoa para que os animais possam matar a sede e não morram. Já as comunidades são abastecidas por poços.
Soluções viáveis
Em busca de soluções viáveis para a situação, a Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco (CCR Médio), em conjunto com o Núcleo de Defesa do Rio São Francisco (NUSF) e o Ministério Público Estadual, convocou uma reunião emergencial que ocorreu no dia 31 de agosto, no Campus da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) do município de Xique-Xique. O encontro contou com a presença do coordenador da CCR Médio, Ednaldo Campos; da promotora de Justiça, Luciana Khoury; dos prefeitos de Xique-Xique, Reinaldo Braga Filho, e Gentio do Ouro, Robério Cunha; além de representantes do Ibama, Inema, Adab, Codevasf, Uneb e da sociedade civil.
A plenária definiu um plano de ação denominado “SOS Lagoa de Itaparica”, composto por dez itens que preveem a elaboração de um projeto de monitoramento das lagoas marginais da região, fiscalização de ações impactantes na lagoa, mapeamento dos impactos causados à população do entorno e a criação de uma comissão permanente para acompanhar o andamento do plano emergencial, além de definir as responsabilidades de cada ente participante na resolução do problema.
Tópico de ações
O planejamento de ações é o seguinte:
- Mapeamento dos impactos às populações do entorno da lagoa (Responsável: Prefeitura de Xique-Xique);
- Elaboração de projeto de dragagem do canal do Guaxinim e elaboração de estudo para desobstrução do canal de Itaparica (Responsável: Codevasf (a companhia irá terminar estudo de terraplenagem para conclusão e implementação);
- Trabalho de educação ambiental para as populações do entorno da lagoa e para a população em geral (Responsáveis: secretários de Meio Ambiente e Educação de Xique-Xique e Gentio do Ouro e colaboradores da sociedade civil);
- Diagnóstico socioambiental da lagoa de Itaparica (Responsável: CBHSF);
- Plano de fiscalização de ações impactantes na lagoa (Responsáveis: MP-BA, secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema), Inema, Ibama, municípios de Gentio do Ouro e Xique-Xique);
- Projeto de monitoramento das lagoas marginais da região (Responsáveis: prefeituras, Uneb e apoio do CBHSF);
- Implementação de ações de implantação da APA Lagoa de Itaparica e estudo para identificar possível mudança da Unidade de Conservação para uma Resex (Responsável: gestor da APA, Sema e MP-BA);
- Retirada dos porcos que estão na lagoa; notificações após orientação dos moradores (Responsáveis: MP-BA e Prefeitura);
- Adotar medidas para coibir lançamento de esgoto sem tratamento (Responsável: MP-BA e órgão ambiental);
- Criação de comissão permanente para acompanhar o andamento do plano com participação de sociedade civil, municípios, Codevasf, APA, MP-BA e outros.
(fotos/divulgação)
Anaturesa não vinga mas reage.
Ha mais de 20 anos que esse rio sofre com desmatamento, assoreamento
,esgotos de mais de 400 municipios senso despejados nele.O governo achou pouco.
AGORA ABRAM MAIS CANAIS!!