As demandas a serem levadas por trabalhadoras rurais pernambucanas para a sétima edição da Marcha das Margaridas foram debatidas em audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher nesta segunda (7).
Além dos temas da Marcha, que vai ocorrer nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, a reunião também teve protestos contra a gestão de Raquel Lyra. A governadora foi criticada por causa da saída da ex-secretária da Mulher, Regina Célia Barbosa, e de outras funcionárias do órgão.
“Iremos levar 13 eixos de demandas para Brasília e queremos ser olhadas com atenção tanto pelo Governo Federal como aqui no Estado. Iremos marchar em Brasília, mas, se necessário, podemos marchar em qualquer lugar”, declarou a coordenadora da Marcha das Margaridas em Pernambuco, Adriana Nascimento.
A Marcha das Margaridas é inspirada na vida e na luta de Margarida Maria Alves, sindicalista rural paraibana assassinada há 40 anos. Ela foi a primeira mulher a presidir um Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Nordeste e defendia pautas como registro na carteira de trabalho, jornada de trabalho de oito horas, 13º salário e férias.
O tema da mobilização desta edição é ‘Margaridas em Marcha pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver’. Segundo Adriana Nascimento, a Marcha deverá ter uma delegação pernambucana de 3 mil pessoas. “Os eixos de mobilização perpassam o direito à educação, o direito à liberdade e o combate à violência contra as mulheres. E também temas como agroecologia, direito ao território e previdência pública”, apontou a coordenadora, que também é diretora de Política para as Mulheres da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape).
Críticas
As mudanças realizadas pelo governo de Raquel Lyra na Secretaria Estadual da Mulher foram alvo de protestos na audiência. Além de Regina Célia Barbosa, outras 14 funcionárias foram substituídas. Segundo relatos ouvidos no evento, as mudanças geraram paralisia no órgão. Um exemplo foi dado por Alberjane Farias, uma das funcionárias terceirizadas exoneradas. Ela informou que o atendimento da Ouvidoria da Mulher pelo WhatsApp parou de funcionar logo após a sua saída.
Segundo a presidente da Comissão de Direitos da Mulher, Delegada Gleide Ângelo (PSB), as demandas realizadas na audiência deverão ser enviadas à gestão estadual. “Enquanto houver mulheres morrendo, não vamos aceitar o desmonte da Secretaria da Mulher, nem casas-abrigos desativadas. Precisamos de uma política pública para mulheres que funcione”, considerou. “Não é necessário criar grupo de trabalho para saber o que se precisa fazer, temos gente que vivencia e está nessa luta há muitos anos. O que precisamos é de ter espaço de escuta no governo do Estado”, complementou a deputada.
A Delegada Gleide Ângelo informou que a secretária Mariana Melo foi convidada para o evento, mas a gestora informou, via ofício, que não poderia comparecer. A ausência de representantes do Governo Estadual também foi criticada pelo deputado João Paulo (PT). “Mesmo que fosse para ser vaiada, a secretária deveria ter vindo”, considerou. As informações são da Alepe.