A audiência pública que discutiu na manhã desta segunda-feira (6), na Casa Plínio Amorim, a situação do matadouro municipal, transformou-se numa saraivada de críticas contra a decisão do prefeito de Petrolina, Julio Lossio, em proibir o abate de bovinos no local. A artilharia pesada da oposição foi facilitada pela ausência de todos os vereadores governistas e de representantes da prefeitura ao debate, solicitado pelo líder da bancada, Ronaldo Cancão (PSL).

Diante da presença de vários marchantes e da promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Ana Cláudia Sena, os discursos foram ácidos e todos – sem exceção – respaldaram os profissionais, que se sentem injustiçados.

O vereador Adalberto Filho ‘Betão’ (PSL) foi um dos que inflamaram a indignação dos marchantes. Ao comentar que considera “inadmissível” o fato de não estar mais encontrando alguns tipos de carne nas feiras livres da cidade por um decreto “injustificável” do prefeito, Betão chegou a propor até uma campanha intitulada ‘Fora Lossio!’.

Para o oposicionista, o gestor insiste em menosprezar a história de Petrolina ao tomar atitudes desse tipo – que não são de agora. “O prefeito tem de respeitar esta cidade”, declarou. Na mesma linha seguiu Manoel da Acosap (PHS). Segundo ele, a alegação da prefeitura sobre prejuízos que estaria tendo com o abate dos bovinos não se sustenta. Até mesmo porque o matadouro não diz respeito apenas aos marchantes.

“Mesmo que a prefeitura devesse R$ 1 milhão. Petrolina não pode, nem deve ficar sem matadouro público porque essa é uma questão de saúde pública, que é de responsabilidade do estado e do município”, ponderou Manoel, alertando para os riscos do abate clandestino na cidade.

Contestação

A vereadora Maria Elena (PSB) reforçou as palavras do colegas. Ela lamentou que o atual prefeito, além de não ter investido em itens básicos de infraestrutura (a exemplo de saneamento básico e pavimentação de ruas), como fizeram os seus antecessores, vem agora, por meio de um decreto, “desestabilizar o sustento” de centenas de pais de família. Ela também questionou o fato do porquê de só agora Lossio ter percebido que a prefeitura não tem responsabilidade pelo matadouro, para querer entregá-lo à iniciativa privada. “Isso é mais do que uma atitude desrespeitosa, é desumana”, criticou.

Marchantes e ex-autoridades da cidade que levantaram questionamentos durante o encontro também não economizaram nas críticas à atual administração.  A média de abate de bovinos no matadouro é de R$ 1,3 mil por mês – ante os 7 mil caprinos e 500 suínos. Cada boi é abatido por R$ 45, gerando uma receita mensal de R$ 58 mil por mês. A prefeitura alega, no entanto, que a conta onera os cofres públicos, mas os marchantes rebatem justificando que pagam as despesas antecipadamente e ainda geram lucro ao município de R$ 32 mil.