Algumas das áreas mais férteis do submédio São Francisco estão sendo subutilizadas por falta de irrigação e, com a seca, a situação fica insustentável para a agricultura. São 17.020 hectares que deveriam ser cultivados por 1.385 famílias em sete assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“A gente só tem condições de irrigar até a 500 metros do rio. A área de sequeiro fica sem plantar. É um desperdício”, comentou o agricultor familiar Jovenilson Pereira dos Santos, que cultiva banana no Assentamento Nossa Senhora do Carmo, em Santa Maria da Boa Vista, no Sertão de Pernambuco.
Para se ter uma ideia do “desperdício”, Jovenilson poderia cultivar uma área de aproximadamente 60 hectares, mas só planta em três. “Fica muito caro irrigar numa distância superior a 500 metros do rio. Precisava ter estrutura de irrigação feita pelo governo federal ou estadual”, comentou. A família dele tem terras localizadas a até 6 km do Velho Chico.
Em 2000, o assentamento tinha 30 famílias. Só restam 11. “As outras saíram procurando um lugar melhor. Faltaram planejamento e vontade política porque se começa um projeto, demora 10 anos e não é concluído”, lamentou o agricultor. Ele se refere ao fato de que os oito assentamentos deveriam ser irrigados, o que nunca ocorreu. Além do Nossa Senhora do Carmo (do Estado), estão na mesma situação os assentamentos do Incra: Catalunha, Safra, Vitória, José Ivaldo, Poço do Icó, Lagoa da Pedra e Boqueirão. Todos foram implantados entre o final dos anos 90 e 2000.
Investimentos
“Não estava aqui, mas na época já se falava em irrigar os assentamentos. O Incra nunca teve recursos para fazer isso”, justificou o superintendente do Incra no submédio São Francisco, Vitor Hugo Melo. Ao ser questionado sobre o porquê dos assentamentos estarem em áreas de sequeiro, ele argumentou que “as pessoas vivem lá há centenas de anos”.
O superintendente informou que a União lançou um programa, no último dia 20, para implantar sistemas de abastecimento de água em 575 áreas de reforma agrária e que o problema poderá ser sanado com a iniciativa, cuja execução será da Secretaria estadual de Agricultura.
De acordo com o secretário estadual de Agricultura, Ranilson Ramos, o Governo do Estado recebeu R$ 54 milhões da União para colocar água potável em 92 assentamentos. “Isso não inclui os sistemas de irrigação dos assentamentos.” Ele acrescenta que essa parte será executada pela Codevasf, com o Ministério da Integração Nacional. (Fonte: JC Online)