Sento-Sé: Com baixa do Lago de Sobradinho, produtores locais acumulam prejuízos

por Carlos Britto // 05 de maio de 2017 às 13:02

Como este Blog já tinha noticiado mais cedo, o cenário crítico da Barragem de Sobradinho (BA) devido às poucas chuvas na região é preocupante. O município de Sento Sé (BA), no norte do Estado, é a prova dessa preocupação. Por lá a produção de uva, melão, milho, mandioca, além da criação de animais e até o patrimônio de dezenas de pequenos agricultores familiares situados às margens da borda do lago estão prejudicados em razão das constantes baixas em Sobradinho, desde 2014.

Por falta d’água, centenas de hectares de plantações foram perdidos e até animais dos pequenos produtores foram vendidos às pressas para não morrerem de fome e sede. Alguns agricultores perfuraram poços, cavaram por conta própria aguadas para tentar manter as plantações e, mesmo assim, foram inevitáveis os prejuízos.

O produtor rural José Vieira da Silva possui uma propriedade rural, Fazenda Água Santa – distante cerca de 30 quilômetros da sede de Sento Sé, disse que os agricultores situados na borda do lago estão endividados com o Banco do Nordeste (BNB) e sem condições de renegociar as dívidas, uma vez que precisariam de novo empréstimo para desenvolver outras atividades como, por exemplo, a pecuária – que poderia ser a saída para a crise. Mas por conta de estarem negativados no banco, eles pedem ajuda às autoridades locais, regionais e lideranças políticas na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, além de organismos ligados ao setor, no sentido de conscientizar a todos para a grave situação que estão enfrentando.

Segundo José Vieira, a sua produção de sete hectares e meio de plantio de uva, 10 hectares anuais de cebola, aproximadamente 15 hectares de milho, 5 hectares de hortaliças (entre outras) foram totalmente prejudicadas, reduzida a zero por falta d’água. Vieira relatou também a falta de compreensão e a indiferença ao problema do próprio banco financiador, que através dos seus técnicos que acompanharam o dia a dia, o dilema e o sofrimento dos agricultores, além da falta de cobertura dos prejuízos por parte de um seguro que foi indicado pelo próprio Banco.

Medidas planejadas

“Pedimos socorro aos produtores e apoio do poder público, do Banco do Nordeste e a quem de direito. Estamos sofrendo desde quando o lago baixou até chegar ao chamado ‘volume morto’”. Vieira cobra ainda que sejam planejadas, para o médio e longo prazos, medidas para ajudar a retomada dos plantios e criações de animais, bem como que as autoridades viabilizem o perdão da dívida dos agricultores. “Não temos condições de pagar essa dívida. Tem que perdoar e que outro financiamento seja feito para a retomada das atividades”, sugeriu. (Com informações/foto de Osiel Amaral)

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