A ‘trégua’ entre o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) e o Governo do Estado, após um recente entendimento para evitar uma paralisação geral da categoria, pelo visto vai acabar. A entidade enviou à imprensa uma nota de repúdio contra a punição do presidente e vice do Sinpol, respectivamente Áureo Cisneiros e Rafael Cavalcanti.
De acordo com a entidade, o Governo do Estado mantém uma política “de perseguição” contra os diretores da entidade. Confiram a íntegra da nota:
O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) vem externar seu repúdio e sua indignação com a quebra de parte do acordo firmado entre esta entidade classista e o Governo do Estado, com relação a não anistia dos processos administrativos instaurados contra a Diretoria do Sindicato e contra a categoria, em decorrência da mobilização, nos últimos 2 anos, por melhores condições de trabalho e salário para que os Policiais Civis possam investigar os crimes e diminuir a absurda onda de criminalidade que assola o povo pernambucano.
É preciso deixar claro que os diretores do Sinpol não respondem por qualquer crime, não estão sendo acusados de roubo, extorsão, peculato, assassinato, nem durante nem antes de suas atuações classistas. Todos os procedimentos aos quais figuram como imputados versam sobre críticas à política de segurança do Governo, reivindicações por condições mínimas de trabalho, de material de proteção individual (coletes em quantidade suficiente e dentro da validade, armamento e munição confiáveis e adequados, máscaras, luvas e materiais de procedimentos corretos para serem usados pelos policiais que trabalham no IML), de estrutura de delegacias e institutos, por contratação de pessoal para atenuar a imensa defasagem nos quadros de investigadores. Tudo isso para que possamos prestar um serviço profissional de qualidade para a sociedade pernambucana, apurando e solucionando cada vez mais crimes.
O Governo do Estado, ao invés de ouvir os apontamentos que o Sinpol fez sobre as falhas gerenciais que levaram a Polícia Civil à beira de um colapso e impedem que consigamos investigar e prender os bandidos que estão fazendo os pernambucanos reféns da marginalidade, preferiu tentar esconder e calar nossas críticas construtivas utilizando-se da Corregedoria de Polícia e de um estatuto dos policiais civis opressor, oriundo da ditadura militar, para perseguir e punir as vozes que procuram defender um sistema de segurança pública mais justo e eficiente, tanto para os policiais quanto para a população.
No último dia 29.12.2016, mesmo após o Governo concordar que tais procedimentos injustos deveriam ser arquivados, assinando um acordo nestes termos, fomos surpreendidos com uma punição de 30 dias de suspensão (a segunda maior pena possível, atrás apenas da demissão) ao presidente e vice do Sinpol, Áureo Cisneiros e Rafael Cavalcanti, simplesmente porque eles, ainda em 2015, foram chamados para averiguar irregularidades cometidas contra policiais que participariam de uma Operação de Repressão Qualificada (ORQ), a ser deflagrada nas cidades de Serra Talhada e Salgueiro. Eles estavam sendo obrigados a se deslocarem às 22h para as referidas localidades durante toda a madrugada, sem o devido pagamento antecipado de diárias, sem coletes, sem armamento apropriado (até porque depois se soube que iriam prender integrantes de grupos de extermínio) e sem o devido descanso, pois muitos haviam trabalhado normalmente durante todo o dia.
O Policial Civil, como todo trabalhador, possui direitos e garantias que, mesmo o Estado sendo seu patrão não podem ser negligenciadas ou suprimidas, pois, a Constituição e os Tratados trabalhistas atingem e obrigam a todos. Nós, do Sinpol, temos a obrigação de defender os direitos da nossa categoria e assim procederemos enquanto esta Diretoria estiver a frente do sindicato.
A Diretoria.