Sob novo comandante, generais acreditam em apuração rápida contra militares envolvidos em atos de Brasília

por Carlos Britto // 23 de janeiro de 2023 às 07:00

Foto: Exército/divulgação

Generais que conhecem o novo comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, apostam que ele não vai demorar a abrir investigações internas contra militares que participaram das invasões ao Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF). A necessidade de apuração foi expressada pelo presidente Luiz Inácio Lula e tornou-se uma das razões do desgaste que culminou na saída de Júlio Cesar de Arruda da chefia da Força.

Em conversas no generalato logo após o anúncio da troca — Paiva estava à frente do Comando Militar do Sudeste —, o novo comandante foi avaliado como “legalista”, “cumpridor de normas” e “discreto”. Na semana passada, em uma cerimônia militar, Paiva fez um discurso enfático em “respeito ao resultado das urnas”.

Eu não tenho dúvida nenhuma que ele vai mandar apurar todos os atos atentatórios à disciplina, abrindo inquéritos e sindicâncias. Quem cometeu transgressão disciplinar vai ser punido à luz do regulamento do Exército ou responder por crime, se for crime. Se for crime militar, vai responder na Justiça Militar. Se for crime comum, na Justiça comum. Ser militar é ser profissional”, disse ao GLOBO o general Juarez Cunha, que presidiu os Correios e foi demitido pelo então presidente Jair Bolsonaro em junho de 2019.

O general Paulo Chagas segue a mesma linha e diz que o novo comandante do Exército fará as punições que julgar necessárias. O oficial lembra o caso do ex-ministro Eduardo Pazuello, que, enquanto ainda estava na ativa, foi a um ato a favor de Bolsonaro. Apesar de contrariar a norma do Exército, o episódio não rendeu punição, o que provocou enorme desgaste à Força. “Sobre os militares da ativa ou da reserva que, porventura, tenham cometido crimes ou transgressões disciplinares nas manifestações do dia 8, o costume das Forças Armadas é julgar com isenção cada caso e punir de acordo com os regulamentos e códigos militares. Não acredito que seja diferente agora, embora, aparentemente, possa ter havido um precedente no caso do general Pazzuello“, afirmou. (Fonte: O Globo)

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