A Revista Veja desta semana revela mais uma disputa na divisão dos bens do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em julho de 2007. Além da filha Teresa Magalhães Mata Pires, surge agora mais um herdeiro, um adolescente de 14 anos que seria filho de uma relação extraconjugal do deputado Luís Eduardo Magalhães – e, portanto, neto do senador –, a requerer judicialmente parcela da herança.
A matéria, assinada pelos jornalistas Leonardo Coutinho e Sandra Brasil, revela que o suposto herdeiro dos Magalhães é fruto do relacionamento entre o deputado e a ex-modelo Siméa Maria de Castro Antun, que trabalhou como assessora do deputado Luís Eduardo e, após a sua morte, passou a fazer parte do quadro de assessores do gabinete do pai, o senador ACM. Siméa reclama judicialmente, desde setembro, a condição de neto de seu filho e, portanto, herdeiro de ACM.
O pretenso quarto filho de Luís Eduardo reivindica não só uma parte da fortuna do avô como uma nova partilha da herança do deputado e o direito de usar o sobrenome Magalhães.
Para isso, o advogado José Alfaix, que representa os interesses do garoto, entrou com dois processos. Na Bahia, pediu a “reserva de quinhão” na partilha de ACM até que o exame de paternidade seja concluído. Na 7ª Vara de Família do Distrito Federal, move um processo de investigação de paternidade.
A mãe do adolescente, Siméa Maria de Castro Antun, nasceu no Acre e trabalhava como modelo em Brasília no fim dos anos 80. Era conhecida como garota-propaganda de uma rede de móveis populares. No processo, ela relata que conheceu Luís Eduardo aos 20 anos.
O deputado a teria abordado em abril de 1989, durante uma convenção do antigo PFL na qual ela trabalhava como recepcionista. Siméa diz que o deputado a abordou, deu-lhe um cartão de visita e ofereceu-lhe um emprego em seu gabinete.
Quatro dias depois, a moça estava na folha de pagamento da Câmara. O romance começou logo depois. Dois meses se passaram e Siméa se mudou para o apartamento funcional de Luís Eduardo.
O processo traz relatos de testemunhas que afirmam que a assessora morou com o chefe, a quem chamava de Luigi, até fevereiro de 1994. Naquele mês, Siméa engravidou. De acordo com sua versão, o deputado sugeriu que ela abortasse. Ela se recusou e voltou para a casa dos pais. Por ordem do amante, deixou de comparecer ao gabinete, mas continuou recebendo o salário do Congresso.
Suas testemunhas contam que Luís Eduardo, no entanto, jamais a deixou desassistida. De acordo com o processo, o deputado evitou visitar a criança no hospital. Esperou para conhecê-la na casa dos pais de Siméa. Depois que se instalaram em um apartamento alugado, o casal reatou o romance.
Uma testemunha conta que, momentos depois da morte de Luís Eduardo, o senador ACM soube sobre a existência do neto. ACM teria convocado Siméa e garantido apoio para a educação e criação do menino. Para cumprir a promessa, aceitou-a como sua assessora. ACM Júnior, suplente do pai no Senado, manteve-a nos quadros do Congresso.
Siméa recebia um salário de R$ 8.255 para ficar em casa. Foi demitida na última terça-feira, depois que o senador ACM Júnior teria sido procurado pela equipe de reportagem da Veja. “Herdei essa situação. No momento em que tive a informação de que ela não freqüentava o trabalho, não tive alternativa a não ser exonerá-la”, justificou ACM Júnior à revista. Siméa conta que planejava não reivindicar a herança, mas mudou de idéia depois que leu notícias sobre a disputa travada pela filha do senador Teresa Magalhães Mata Pires pelo espólio dele, estimado em aproximadamente R$ 350 milhões. Luís Eduardo deixou outros três filhos do casamento com Michelle Marie: Luís, Paula e Carolina. Procurado no sábado, o deputado ACM Neto, herdeiro político do avô, não quis comentar sobre o assunto.