O Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro (BA), receberá, nos dias 4, 5 e 6 de maio, sempre às 20h, o musical “Cabra Cega”. O espetáculo fala do atual cenário do país, destacando a exclusão social e a desigualdade econômica. De acordo com os idealizadores, Cabra Cega é um espetáculo apartidário e que reunirá teatro, música e cinema – algo novo na região. O texto é uma adaptação da obra de Aloisio Villar.
Em entrevista a este Blog, o diretor de Montagem, Hertz Félix detalhou a história. “O protagonista (o Cabra Cega) vive muitas agruras – desde a demissão de uma empresa depois de quase 30 anos de serviços prestados, quando ele é substituído por uma maquina e um jovem aprendiz. Assim que ele foi demitido, chega num consultório, estava se sentindo mal, a médica diz que o câncer dele se alastrou e que ele tem pouco tempo de vida. Já em sua casa, depara-se com a esposa dizendo que a filha cadeirante está sem remédio porque o SUS não está fornecendo. Além de ter que comprar o remédio, a esposa conta que a cadeira de rodas da filha está danificada. Aí ele se desespera, não tem como resolver esses problemas todos e tem a ideia de ter fazer um assalto. Nessa ação, ele acaba saltando um deputado que vem correndo com uma mala de dinheiro. Ai acontece o embate político – ideologicamente falando. Quem é o assaltante? O deputado, que assalta o povo? Ele, que está sendo assaltado? Ou ele que está com a arma na mão assaltando, mas sem nenhuma experiência?”, questiona.
De acordo com Hertz Félix, a ideia de montar o espetáculo surgiu no ano de 2014. Devido às dificuldades financeiras, o tempo foi passando e só deu para realizar agora. Ele contou que foi necessário fazer uma adaptação no texto. “Trouxemos para a história a contextualização do Brasil”, explica.
O diretor geral do musical, Ala Cleber, também falou das dificuldades para conseguir montar o espetáculo. Mas destacou a dedicação e a alegria em poder apresentar um trabalho de alta qualidade. “O desafio é realmente fazer. Mas eu tenho uma facilidade porque, além de diretor, eu sou cantor. Eu não queria fazer de forma primária, ou seja, com dublagem. Eu disse a Hertz: ‘se for para fazer um musical, eu preciso de cantores de verdade, que cantem de verdade’. É uma luta grande, porque você está trabalhando com cantores que precisam ser atores e com atores que precisam ser cantores. Eu tenho que me preocupar tanto com o cênico, quanto com a música”, avaliou.
Alan Cleber explicou que o musical é todo “costurado” com músicas de Chico Buarque, substituindo os blackouts de cenas. “A peça é toda costurada com canções de Chico Buarque. Em cada cena tem um gancho para uma música. É como se a música fosse um blackout de cena, é ai onde entra o musical. Aí vamos dando continuidade à historia, ela se costura através da música. A trilha é toda instrumental e será tudo ao vivo. São três linguagens: teatro, música e cinema. Então, se um fizer algo errado, teremos problemas. Tudo está em minhas mãos.”
Ingressos
Estrelam o musical: Elder Ferrari, Joyce Guirra, Ivan Leão, Carlinhos Tapioca, Elisângela Moura e Rodrigo Leal. A produção executiva é de Kátia Gonçalves. Os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente pelo valor de R$ 20,00. Nos dias 4,5 e 6 custarão R$ 40,00 (inteira). Estudantes e idosos pagam meia-entrada. Interessados em comprar antecipado podem ir ao Salão Adonilson Souza e na loja Top Model – ambos na Rua da 28, no Centro de Juazeiro. Ainda tem a opção de pedir pelos telefones (74) 98811-8068 e 8818-7033. A classificação indicativa é de 14 anos.